Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

10 de junho de 2011

Criancices, Bíblia & Felicidade

Há um lado infantil em cada um de nós que permanece ao longo de toda a vida, escreveu a Maria do Rosário Pedreira no seu blogue.

Como comentário, eu deixei: Quanto maior for a importância desse lado infantil na nossa vida, mais felizes somos. Já reparou na felicidade que sente quando faz uma criancice? Claro que não estou a dizer que se façam criancices a torto e a direito, temos o lado crescido que toma conta de nós. Mas deixemos o lado infantil imperar, sempre que seja possível (e não prejudiquemos os outros).

Quem vem seguindo estas Andanças, sabe que eu sou apologista de manter um diálogo com a nossa criança interior, a fim de tratarmos de nós próprios como gostaríamos que os nossos pais tivessem tratado de nós em criança (Kim-Anne Jannes).




Neste, como em muitos outros casos, podemos aprender com os cães. Tenham a idade que tiverem, desde que a sua condição física o permita, eles adoram brincar como se ainda fossem cachorrinhos. Sem preconceitos, sem recearem fazer figura de parvos, ou que os outros os tomem por infantis. Além disso, são sinceros, espontâneos, leais, fiéis. Bem hajam!


Na verdade, se nos atrevermos a fazer uma criancice, proporcionamos a libertação daquelas hormonas ou substâncias da felicidade, de que não me lembro agora o nome. Eu sei que o chocolate também o faz, mas o chocolate engorda!

Atitudes saudáveis são, por exemplo, brincar com os filhos a algo que sempre adorámos, na infância; ou desatar a dançar, se ouvirmos uma canção no rádio que costumávamos dançar na discoteca, quando éramos mais jovens; ou cantá-la bem alto. As crianças costumam ser assim espontâneas. Porque não seguir esse impulso? Se o fizermos, experimentamos uma sensação de felicidade dentro de nós, pode mesmo ser muito intensiva. Com a vantagem de que não engordamos. No caso da dança, até queimamos calorias ;-)






Daqui

Temos, cá em casa, duas versões da Bíblia, uma portuguesa e uma alemã. Numa das suas passagens mais conhecidas, a tradução não coincide a 100%, um aspecto, aliás, frequente. A tradução da Bíblia é um processo contínuo e há quase tantas versões, como publicações. Neste caso, acho que a pequena divergência faz mesmo a diferença.

Na portuguesa leio:

Deixai vir a Mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus. - Mc 10, 14b


Na alemã:


Deixai vir a mim as crianças; não as impeçais! Pois a pessoas como elas pertence o reino de Deus.
(no original: Lasst die Kinder zu mir kommen; hindert sie nicht daran! Denn Menschen wie ihnen gehört das Reich Gottes. - Mk 10, 14b).


Ora, se a diferença nas expressões "não as afasteis"/"não as impeçais", se revela irrelevante, o mesmo não acontece em "a elas pertence o reino de Deus"/"a pessoas como elas pertence o reino de Deus".

No primeiro caso, é-se levado a pensar que, para quem não é criança, a mensagem perde importância. Gera, apenas, condescendência por parte dos adultos perante as crianças, na pior das hipóteses, indiferença: para quê preocuparmo-nos com elas, se estão nas mãos de Deus?


No segundo caso, diz-se directamente que os adultos devem ser como as crianças. É uma diferença abismal, que influencia o nosso comportamento de maneira bem diversa.

 Preservemos, pois, o nosso lado infantil e deixemo-lo actuar, sempre que tivermos possibilidade!

3 comentários:

JoZé disse...

Muito bem observado esse "pequeno detalhe"!

Daniel Santos disse...

excelente momento.

Bartolomeu disse...

Pois é Cristina... ou seja, esta será a forma de nos enchermos do Espírito Santo.
Na nova era, aquela cujo início as profecias apontam para o princípio deste século, o mundo será governado por crianças. Parece-nos absurda esta ideia, contudo, e pegando no sentido do teu post, é fácil imaginarmos uma nova ordem universal, onde o lado infantil de cada um de nós se sobreponha ao lado sério, aquele que em tantas decisões nos limita e nos confina ao políticamente, ou ao socialmente correcto, inibindo-nos e impossibilitando-nos de nos expressar e exteriorizar a nossa verdadeira forma de ser.