Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

27 de setembro de 2011

É mesmo necessário?

Gosto de ler coisas destas num Jornal Católico (da autoria de Stefan Branahl; tradução minha, do alemão):

Para dissipar as dúvidas: nada tenho contra o facto de se criarem animais para a nossa alimentação. Mas protesto, quando galinhas, porcos ou vacas são sujeitos a vários tipos de sofrimento, para que o consumidor tenha acesso a um assado cada vez mais barato. Gostaria que os animais não fossem mantidos em construções apertadas, onde não se podem mexer e comportar-se como a sua natureza o dita.

Um frango atinge o peso ideal ao fim de 30 dias, equivalente a uma criança de dez anos com 140 quilos, um resultado conseguido igualmente à custa de manipulação genética. Os ossos não conseguem acompanhar este desenvolvimento acelerado, muitos dos animais não se aguentam nas pernas e não conseguem atingir o bebedouro, assim perecendo, ou são esmagados pelos outros. Quando penso nisso, perco o apetite.

Frangos, porcos e vacas são torturados, desde que a indústria se apoderou da sua criação. Milhões de pintainhos machos são gazeados, ou mortos por outros processos, acabando no lixo, quando se trata da criação de galinhas para a postura de ovos. E que dizer de porcos que, devido ao exíguo espaço em que vivem, desenvolvem canibalismo? Os animais tornaram-se produtos que devem ser "manufacturados" com o menor custo possível, perderam toda a sua dignidade. Porque é que nós humanos os sujeitamos a isso? E porque é que nós próprios nos sujeitamos a isso? Chegamos ao ponto de nos preocupamos mais com a qualidade do óleo que usamos nos nossos carros, do que com a da carne que aterra no nosso prato.

Num outro artigo deste jornal, a sugestão: se limitarmos o nosso consumo de carne a três ou quatro vezes por semana, por exemplo, estaremos em condições de pagar a carne biológica, mais cara. Nas quintas biológicas, há mais possibilidades de a dignidade dos animais ser respeitada. E a carne é de melhor qualidade.

5 comentários:

Olinda Melo disse...

Impressionante!

É mesmo de perder a vontade de comer carne...Vi em tempos uma reportagem sobre os espaços exíguos em que os animais são mantidos durante a criação e também sobre a forma de abate, simplesmente cruel. Fiquei chocada. :(

antonio ganhão disse...

A realidade em que vives é bem diferente da nossa. Por aqui as pessoas restringem a compra de carne, infelizmente, por outras razões. A asfixia económica a que nos querem condenar vai-nos obrigar a viver um pouco como os porcos nas pocilgas alemães.

Cristina Torrão disse...

Sim, António, é verdade que os portugueses se vêem obrigados a poupar por outras razões. O que lhes retira qualidade de vida. E em nada contribui para melhorar a condição dos animais, pelo contrário :(

Daniel Santos disse...

somos cada vez mais e cada vez mais com fome.

Cristina Torrão disse...

Riqueza mal distribuída