Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

23 de setembro de 2011

Para onde fogem?

Da autoria de Rui Hebron, publicado no Jugular:

"É certo: há nostálgicos e há espertalhões que defendem seja o que for desde que sirva para manter o seu negócio. O que não há, entre as elites, é desinformados. Sabia-se o que era a RDA e sabe-se o que são Cuba, China, Síria, Arábia Saudita ou Irão. E, em caso de dúvida, temos o senso comum. Em que direcção fugiam os alemães? Isso diz tudo. Corriam do leste para ocidente e não ao contrário, assim como agora há quem vá de sul para norte, também por razões de liberdade, de justiça, de guerra e fome. Se nas escolas se explicasse a fundo em que direcção os povos fugiram ao longo dos tempos, talvez houvesse menos mal-entendidos e mais prevenção perante certos profetas."
(Clicar no link para ler o texto completo).

Não resisto a completar estas afirmações com palavras do escritor cubano Leonardo Padura, a propósito do seu livro O Homem que Gostava de Cães (Porto Editora, 2011):

"O meu livro mostra como a União Soviética, a partir da época de Estaline, sofreu um acelerado processo de dogmatização, de perversão, que acabou por converter o país numa autocracia onde só Estaline decidia. Não decidia só o que acontecia na União Soviética, decidia o que acontecia no resto dos partidos comunistas do mundo. Quem não correspondia a essa ortodoxia ficava de fora".

"O sentido de perda de identidade, de perda de independência, de perda de espaço para se poder pensar, para se poder decidir, é um dos elementos mais dramáticos desta perversão da utopia socialista, que tinha como princípio criar uma sociedade onde houvesse o máximo de liberdade com o máximo de democracia. Digo o mais dramático porque não devo dizer o mais terrível; o mais terrível é o que matou mais de 20 milhões de pessoas".
 

"... o Partido Comunista Cubano trata de afastar-se do que significou esse modelo, trata de propor um modelo social e económico diferente. Como vão conseguir fazê-lo, e se a burocracia vai permitir que esse afastamento seja possível ou não, é algo que só o futuro dirá. Mas é evidente que mesmo os mais altos dirigentes cubanos se deram conta de que tinham cometido um grande erro ao importar um sistema que já vinha doente, que já estava pervertido."

3 comentários:

Olinda Melo disse...

Boa associação a destes dois textos, de Hebron e Padura. É uma verdade histórica, a movimentação dos povos, a migração, a fuga, por motivos de condições de vida que põem em causa a própria dignidade humana.

:)

antonio ganhão disse...

Hoje fugimos do capitalismo selvagem que se instalou no seio da europa e pretende castigar os povos mestiços.

Cristina Torrão disse...

António, o que queres dizer com "castigar os povos mestiços"? Referes-te às consequências da globalização?