Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

7 de outubro de 2011

Cerco e Conquista de Lisboa XI

Em Miniatura
        

           A 25 de Outubro, Afonso tomou posse de Lisboa, já a população moura havia entregue os seus haveres e as suas casas aos cristãos. No cimo da torre de menagem, o rei mandou içar o estandarte com os escudetes azuis em forma de cruz e ainda erigir uma grande cruz de madeira. Descido aos jardins da alcáçova, dirigiu-se à porta onde Martim Moniz tinha morrido entalado e ordenou que se gravasse, naquele lanço de muro, o nome e o retrato do herói.
            Junto à mesquita aljama, anunciou a conversão desta em Sé catedral. A 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, D. João Peculiar presidiria à sua solene purificação. E, para bispo da nova diocese, Afonso nomeou o prelado inglês Gilbert de Hastings, que agradeceu, emocionado.
            Aos cruzados ali reunidos, o rei comunicou ainda os seus planos de extensão das duas capelas construídas junto aos cemitérios. No oriental, onde estavam enterrados os alemães e flamengos, mandaria construir um mosteiro, que se chamaria de São Vicente e para onde seriam trasladados os restos mortais do santo. A capela junto ao outro cemitério, a ocidente da cidade, onde repousavam os corpos dos ingleses e franceses, seria transformada numa igreja, que se chamaria dos Mártires.



9 comentários:

Bartolomeu disse...

Ora aí estão, Cristina, vários mistérios, condensados num só.
O facto de D. Afonso ter entendido consagrar a cidade ao Santo Vicente, compreende-se na medida em que o santo foi mártir, alvo da perseguição movida aos cristãos na Ibéria, no séc.IV. Agora, o facto de os flamengos e os alemães terem ficado sepultados a oriente, sob a protecção do santo e os franceses e ingleses a ocidente, com a designação de mártires... essa transcende-me.
Ainda para mais, porque todos eles viajavam unidos num destino e num propósito.
Poderás desenrolar este novelo?!
;)))

Cristina Torrão disse...

Nunca tinha pensado nisso, Bartolomeu, nem nunca li uma linha que fosse sobre o assunto, apesar de ter consultado livros dos nossos mais prestigiados historiadores. Por isso, não sei responder, só posso fazer conjecturas.

Essa coisa de haver dois cemitérios diferentes para os cruzados e de estarem bastante longe um do outro tem apenas a ver com o facto de que eles os construíram perto dos respectivos acampamentos. Afonso Henriques quis honrá-los. Agora, porque é que ele mandou construir o mosteiro de S. Vicente a oriente e a Igreja dos Mártires a ocidente (dando apenas a ingleses e franceses essa denominação), é coisa que talvez só se descobrirá quando existir a tal máquina do tempo, sobre a qual já aqui falámos ;)

Bartolomeu disse...

É bem possível que sim, Cristina.
Olha outro mistério, passado no tempo do neto de D. Afonso Henriques, cognominado "o gordo", filho do "povoador": Devido às desavenças entre D. Afonso II e as suas irmãs, na questão da atribuição de terras às ordens religiosas, os Dominicanos construíram um convento no alto da serra de Montejunto, pegado às traseiras da capela de Nossa Senhora das Neves e a menos de 100 metros da capela de S. João Baptista, a qual se encontra edificada no ponto mais elevado da serra... 666 metros (não sei se este número te diz alguma coisa). As três edificações que referi, foram construídas no século XIII. O convento dos Dominicanos, foi abandonado pouco tempo depois, quando os frades se mudaram para Santarem mas, 500 anos depois, em 1760, a Ordem voltou à serra de Montejunto e começou a construcção de um novo convento, desta vez, nas traseiras da capela de S. João. Estávamos no reinado de D. José e o Marquês, aproveitando o atentado de que o rei tinha sido alvo, decretou a expulsão dos Jesuítas.
A parte mais significativa do mistério, reside no facto de os Dominicanos, pertencerem uma Ordem de pregadores e, tanto em mil duzentos e qualquer coisa, como em mil setecentos e sessenta, a serra de Montejunto ser um lugar inóspito, não habitado.
Então... para quem pregariam os fradinhos?
;)))

Cristina Torrão disse...

Confesso que o número 666, assim de repente, não me diz nada, Bartolomeu...

Bartolomeu disse...

O número 666, designa "a besta" ou o diabo, noutras culturas.
Essa designação vem do tempo em que Nero Cláudio César Augusto Germânico, o imperador que mandou incendiar Roma e que assistiu à catástrofe, compondo lira, persegui ferozmente os cristãos.
O número 666 corresponde à soma dos caracteres que compõem o nome do imperador. Naquele tempo, os Hebreus atribuiam um número até sete, a cada letra do alfabeto; alfa, beta, pi, ro, etc.

Cristina Torrão disse...

Não sabia, mas sei que existe a simbologia dos números. Por acaso, o director da Ésquilo, Paulo Loução, já escreveu sobre isso (hei-de dar-te o título do livro). Ele é muito dado ao esoterismo e à filosofia. Só é pena que ignore, tantas vezes, os assuntos terrenos...

Bartolomeu disse...

;))))
Na minha prespectiva, Cristina, aqueles que "se dão muito" às questões esotéricas e filosóficas, fazem-no precisamente, porque dão a devida importância aos "assuntos terrenos" e buscam, para que os consigam entender, respostas no "lado metafísico".
;)

Cristina Torrão disse...

Não duvido, Bartolomeu e, embora tenha parecido, no meu comentário, que desdenho de tais temas, tal não é verdade. Eu referia-me mais à maneira de gerir um negócio editorial, mas esse é um problema entre mim e a editora. Por isso, fico-me por aqui ;)

Bartolomeu disse...

Percebi antecipadamente ao que te referias, Cristina, mas, como não é assunto que me diga respeito, nem sobre o qual possua conhecimento específico... optei pela generalização.
;))