Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de junho de 2011

Nem sempre a lápis



É o novo livro do escritor e tradutor Jorge Fallorca, com ilustrações de Luís Manuel Gaspar, publicado pela TEA FOR ONE e a ser lançado Sábado dia 2, no Bar Bartleby, em Lisboa, pelas 22 h. A apresentação será feita por Golgona Anghel. O autor teve a amabilidade de me convidar, o que muito agradeço. Mas, infelizmente, Lisboa, para mim, não está ao virar da esquina.

Costumo passar pel' O Cheiro dos Livros, onde, entre outras coisas, tomo contacto com grandes escritores como Enrique Vila-Matas, Robert Walser, Cormac McCarthy e Gonçalo M. Tavares (e isto só para referir os que me têm agradado mais).

N' O Cheiro dos Livros, há momentos intitulados precisamente Nem sempre a lápis, onde Fallorca partilha pensamentos/vivências, como aqui:

Deito-me e suspiro, menos um. Ocupa-me a subtracção, não a cotação final de mais um dia. Não se pode ser franco com os médicos. «Então, de que se queixa?». Fui honesto e respondi: De estar vivo; ele sorriu, complacente. Só quis confirmar que também não é na saúde que está a cura; saí e paguei.

Tenho a certeza de que quem estiver no Bar Bartleby, no Sábado à noite, passará um bom bocado.

Parabéns!

29 de junho de 2011

1º Aniversário

Faz hoje um ano que me estreei na blogosfera, com uma história contada em episódios, que começava assim:

Fui raptado a 21 de Janeiro de 2112, o dia do meu 42° aniversário.

Chamava-se Cloning Adolf e não tinha nada a ver com o que já publiquei em livro. Escrevo sobre a Idade Média e esta aventura situava-se no futuro. Mas também não era ficção científica. Costumo caracterizá-la de comédia satírica, em jeito de caricatura, sobre a ditadura e o racismo. E resumo-a assim:

Um cientista especializado em clonar animais extintos é raptado por uma comunidade de nazis vindos dos quatro cantos do globo, cujo objectivo é dominar o mundo. Metido num bunker, ele deverá clonar o Hitler a partir de um carvãozinho surripiado do local em que o corpo do dito cujo foi cremado.

Já tentei arranjar editora para esta sátira, mas sem sucesso. Uma delas deu, como justificação para a recusa, que era muito exagerada. Claro que sim, afinal, trata-se de uma caricatura! Uma outra disse-me que não bastava querer ser irreverente, era preciso sê-lo. O mais intrigante é que não é minha intenção ser irreverente, apenas proporcionar momentos bem dispostos a quem lê.

O jornalista Pedro Rolo Duarte, porém, achou-lhe piada e recomendou-a no seu programa radiofónico Janela Indiscreta. Também os meus actuais colegas do 2711  (que eu, na altura, não conhecia de lado nenhum) se entusiasmaram com a aventura desde o primeiro momento, dando-me um grande apoio.

Foi uma estreia conseguida. Passado meio ano, quando a história chegou ao fim, aproveitei o embalo para inaugurar estas Andanças. Que já ultrapassaram as 10 000 visitas! Obrigada a todos os que seguiram o Cloning Adolf e me dão a honra de aparecer por aqui.

28 de junho de 2011

Adaptação ao Cinema

A adaptação ao cinema de "O Evangelho segundo Jesus Cristo", de Saramago, é uma óptima notícia, com hipótese de projecção internacional. Só espero que façam jus ao livro.

Notícia daqui, via Blogtailors.

27 de junho de 2011

26 de junho de 2011

Aquisições da Feira

Apresento, finalmente, as minhas aquisições da Feira do Livro do Porto (sem esquecer as prendas para os sobrinhos)




Antes destas compras, fomos à loja da Imprensa Nacional da Casa da Moeda. O meu marido colecciona moedas e, sempre que estamos no Porto, aproveita para lá ir. Para mim, torna-se, por vezes, uma grande seca. Embora ache algumas muito bonitas, não ligo às moedas. Além disso, os funcionários da INCM não primam pela rapidez com que atendem a fila de clientes. E a lista do Horst é sempre comprida.

Sentei-me numa cadeira e reparei que, na mesinha ao lado, havia catálogos com as promoções da INCM na Feira do Livro. Descobri lá a Colecção "o essencial sobre", livrinhos que costumam custar entre 3 e 5 euros e que, na Feira, estavam a 1 euro, além de outras promoções interessantes. Uma vez na Feira, dirigi-me ao stand da INCM. A menina viu-se um pouco aflita para reunir todas as minhas escolhas. Procura daqui, procura dali, lá encontrou o que eu queria. E, faça-se-lhe justiça, foi simpática



Claro que os livrinhos de "o essencial sobre" não aprofundam os temas. Mas, para se levarem no bolso, a fim de os ler em qualquer lado, são ideais.

23 de junho de 2011

Comentários à Entrevista

Nos comentários à minha entrevista, no Destante, ficou mais uma vez provado que o romance histórico é, injustamente, pouco explorado em Portugal. Como antónio ganhão - o implume vem dizendo, aqui no Andanças (e reiterou no Destante) na nossa História ainda impera a visão transmitida pelo Estado Novo. Manuel Cardoso aproveita a tirada e lembra que os nossos reis eram pessoas como nós. Não há seres humanos diferentes só por terem uma coroa na cabeça ou por constarem dos livros mais ou menos catequéticos que se escreveram nesse período tão negro da nossa história.

O facto de haver poucos autores a dedicarem-se a este tipo de literatura tem, como consequências, que os leitores portugueses se dediquem aos romances históricos estrangeiros e que sejam autores igualmente estrangeiros a escrever sobre a História de Portugal.




Comentário de Ana C. Nunes: Estranhamente tenho a ideia de que há muita gente em Portugal que gosta de ler romances históricos, mas talvez não sejam romances históricos sobre a história portuguesa.

Comentário de Luís Miguel: Acho que fazem falta mais autores portugueses a escrever romances históricos, principalmente sobre a nossa História, de que não nos podemos deixar de orgulhar. Pessoalmente, é o meu género favorito e fico orgulhoso quando leio livros de autores estrangeiros que mencionam factos sobre a nossa História.

O Manuel Cardoso, que conduziu a entrevista, lembra ainda, numa das perguntas, que foi com um romance histórico que se projectou o nosso Prémio Nobel, José Saramago.



 

Há várias maneiras de escrever e abordar o romance histórico: com mais ou menos ficção; dando mais relevo a certos factos do que a outros; partindo dos factos históricos para desenvolver um mistério, ou mesmo, uma fantasia; dando mais relevo à parte humana, em detrimento dos acontecimentos, etc. A literatura anda muitas vezes ligada ao cinema e eu posso dizer que me apaixonei pela narrativa histórica com o filme Amadeus. Foi, na altura, aliás, muito criticado, por Milos Forman dar uma versão da vida de Mozart que nada teria a ver com a realidade. Que interessa isso? Trata-se de uma ficção, o filme é soberbo e eu, além de ficar fascinada com aquele tipo de enredo, fiquei fã da música de Mozart, que, até aí, mal conhecia.

 

Além disso, não precisamos de nos cingir às personagens e aos heróis conhecidos. Como fez Saramago, podemos focar a vida de pessoas "comuns", num determinado contexto histórico. Estou a preparar a escrita de um romance que transmita o impacto que acontecimentos como a Batalha de Ourique e o Cerco de Lisboa causaram no reino que se estava a formar. Principalmente este último acontecimento terá provocado uma verdadeira revolução no Portugal jovem, quando circulou a notícia de que cruzados estrangeiros vinham ajudar D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa. Milhares de pessoas deslocaram-se, a partir do que hoje é o Norte do país, em direcção àquela que viria a ser a nossa capital. Não só guerreiros se aventuraram, outros homens, juntos com mulheres e crianças, não esquecendo os prelados, partiram em busca de melhores perspectivas. No século XII, abundavam aqueles que nada tinham a perder em deixar a terra que os vira nascer, na esperança de alcançarem riquezas. Muitos viajaram de barco, junto com os cruzados, a partir do Porto, mas outros terão ido a pé, pela antiga estrada romana, que, de Braga, passava no Porto, Coimbra e Santarém, até Lisboa. É minha intenção apresentar esses acontecimentos sob a perspectiva de quem os viveu de perto, de quem sentiu essa esperança de uma mudança de vida.

 

 

O Cerco de Lisboa, por Roque Gameiro

 

Há várias maneiras de abordar e escrever um romance histórico. O problema é que, enquanto os autores forem poucos, as alternativas escasseiam...


22 de junho de 2011

O Comando é o Céu

Eh pá, gostei, pronto! Aqui fica:

Eu tenho esta ideia: quando se morre, dão-nos um comando, tipo o comando da televisão. A sério. Uma pessoa morre e tem logo direito a uma sessão de cinema, com o filme da sua vida. Levam-nos para uma pequena sala de cinema, dão-nos um comando e ali ficamos, a ver o filme da nossa vida. O comando avança ou recua, infância, adolescência, o resto todo. Eu sempre achei que todos nós vamos poder rever-nos, por inteiro, desta maneira: do nosso nascimento em diante. O filme de nós em criança, para começar, é uma ideia fascinante. Quem não gostava de ver a criança que foi? E redescobrir-se no Liceu? Eu queria rever o dia em que fui treinar ao Benfica, aos 10 anos. Queria ver-me a visitar a minha irmã recém-nascida, na Clínica de São Miguel. Queria ver como foi o primeiro instante em que vi pessoas que depois foram imprescindíveis na minha vida. Queria olhar para os primeiros dias da rádio ou para o momento em que atendi o telefone em casa dos meus pais e era do CMR a perguntar se eu queria lá ir para uma entrevista, tinham gostado do que escrevi no CV. Queria poder rever o meu cão Bell. Ver Oeiras como ela era, A Minha Escola em Paço de Arcos tal qual a recordo, a minha professora primária, a encantadora Professora Gabriela Roldão; queria ver aquele dia em que caí de bicicleta, a Órbita encarnada que depois o meu pai deu a um primo meu sem me dizer nada (dah); queria poder ver as imagens reais de todos os amores e desamores; olhar os momentos mais tristes à distância e pensar como depois tudo se compôs. E perguntar ao senhor dono do Cinema por todas as vezes em que senti que foi ele a segurar as pontas, nas alturas mais sensíveis da minha vida. E estou convencido que assim será. Quando morrer, levam-me ao Cinema, ver o meu filme, ou, melhor, o filme de mim.

20 de junho de 2011

Catarina de Bragança



Comecei a ler este livro com grande expectativa. Não só a autora é conhecida, como trata da vida de uma mulher que fez História, caso raro, infelizmente, em tempos idos.

O sub-título, "A coragem de uma infanta portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra", também me cativou. Aqui está uma mulher de armas, pensei eu, que enfrenta o desconhecido.

O desconhecido, ela enfrentou, mas apenas por não ter escolha. Coragem? Isabel Stilwell dá-nos a imagem de uma mulher muito submissa. Embora se refira, várias vezes, que Catarina tinha poder de decisão, esse, infelizmente, pouco nos é mostrado por acções da própria, que se limita a suportar o sofrimento que lhe causa um marido infiel, que ela ama. Além disso, é dado pouco relevo aos hábitos que ela introduziu na corte inglesa, como o do chá e do doce de laranja, características, hoje, tipicamente inglesas.

O carácter de Charles II de Inglaterra é, a meu ver, um problema. Tanto é amoroso e atencioso com a sua esposa, a ponto de se sentar à sua cabeceira, horas a fio, quando ela está doente, como a sujeita às maiores humilhações, por exemplo, entrar de braço dado com uma das suas amantes, numa festa da corte, com a rainha sentada no trono. Catarina desmaia. E, depois de recobrar a consciência, só pensa na vergonha que a mãe dela sentirá, se vier a saber do percalço!

As situações humilhantes são frequentes, como o prova uma frase, já para o final do romance: Mais uma vez, Charles não tivera a menor consideração pelos seus sentimentos, nem sequer o respeito mínimo exigido a uma esposa (pág. 482).

Como explicar, então, a ironia suprema de um pensamento de Charles, depois de 17 anos de casamento, quando Catarina, através de intrigas, é envolvida em tentativas de assassínio do rei: O rei olhou-a de soslaio, cheio de pena: que mais teria de sofrer esta pobre mulher, que todos tinham tratado tão mal desde que há 17 anos desembarcara em Portsmouth? (pág. 558). Então, não foi ele quem a fez sofrer mais?

Era impossível não ter pena desta portuguesinha, sempre tão corajosa, sempre tão disposta a culpar-se a si mesma e a desculpar os outros (pág. 424, opinião de lady Suffolk, uma das amigas da rainha). Esta pena da portuguesinha é uma constante. É verdade que as mulheres, naquela altura, eram submissas. Mas uma heroína de romance, uma portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra, não deveria oferecer mais ao leitor, do que ser objecto da pena de todos?

17 de junho de 2011

Visita a Toledo





























- Estás a ver? - dizia Branca, esticando o braço através da janela, em direcção ao rio. - Foi por aquela ponte que viemos.

            - Eu sei - replicou o pequeno Dinis. - Lembro-me bem das duas torres. Mas diz-me: achas mesmo que este é o nosso Tejo?
            Branca riu-se, mostrando os grandes incisivos que cresciam na falha provocada pela queda dos dentes de leite:
            - Que pergunta! Claro que é o mesmo.
            - Mas o nosso Tejo lá em Lisboa é tão largo… - Dinis, que tinha apenas cinco anos, saltou do banco em que os dois irmãos se tinham encarrapitado para chegarem à janela, e abrindo os braços, bradou: - É largo, muito mais largo do que…
            - Mas que é isso Dinis? - lançou a mãe severa. - Já te disse que falasses baixo. E um príncipe não faz desses gestos exagerados. Anda, senta-te ao pé de mim! Tu também, Branca!
            As duas crianças obedeceram, embora Dinis achasse injusto que a mãe não repreendesse o irmão mais novo, Afonso, que insistia em contar em voz alta as oito velas que se encontravam no candelabro de ferro de pé alto. Afonso nem sabia contar!




 

14 de junho de 2011

Liberdade

Vejo-me por terras transmontanas, sempre que venho a Portugal, pois o meu pai decidiu, há cerca de dez anos, regressar às origens. A estadia numa cidade transmontana é agradável, principalmente no Verão, longe das confusões da zona costeira. Claro que também gostamos de ir às grandes cidades e às praias, mas, depois de uns dias, é bom regressar ao sossego das terras para cá do Marão.

Há, no entanto, algo que muito me incomoda por estas paragens, de paisagens tão bonitas. Embora se registem melhorias nos últimos tempos, as gentes continuam a tratar os seus animais, nomeadamente, os cães, de maneira indigna. Custa-me muito deitar-me, à noite, e ouvir o uivo triste de um cão, que se sente sozinho e/ou desprezado. Ou andar pela rua e ouvir os latidos ou o ladrar daqueles, cujo mundo se resume aos quatro muros do quintal onde vivem, presos por uma corrente. Muitas vezes, nem os consigo ver, pois alguns desses quintais encontram-se a um nível superior ao da rua e cercados dos ditos muros.

Regressava eu, certa vez, a casa, depois de uma volta pelo centro da cidade. Ao passar por uma zona dessas, em que os oiço, sem os ver, deparei com quatro ou cinco cães a correr em sentido contrário ao meu. Nada de anormal, o portão de alguns quintais está aberto e certos animais podem entrar e sair a seu bel-prazer. São estes os mais felizes. Estão sujeitos a serem atropelados, mas, pelo menos, têm a sua liberdade. E os atropelos são raros, os cães são muito inteligentes. Eu e o Horst já nos apercebemos que aprendem a lidar com o trânsito!

Dessa vez, porém, um deles chamou-me a atenção. Era um daqueles cães pequenos, sem raça definida, de pêlo castanho, como tantos outros. Mas sobressaía do meio do grupo porque arrastava consigo uma corrente, presa à sua coleira. No outro extremo, uma espécie de cavilha, que se havia soltado. O meu primeiro impulso foi agarrar na corrente e tentar encontrar a casa a que pertencia, antes que lhe acontecesse alguma coisa. Não tinha o treino dos outros, podia ser atropelado na primeira esquina, ou ficar preso nalgum sítio perigoso.

Como o observei particularmente, ele dirigiu-me o seu olhar. Um olhar que nunca esquecerei e que me paralisou, deixou-me sem acção. A felicidade e o deslumbramento que vi nos seus olhos bem abertos custavam a suportar. Naquele momento, tive a certeza de que saía para a rua pela primeira vez, foi como se me tivesse dito: "Descobri o mundo que existe para além dos muros do meu quintal! Tanto espaço para correr, tanta coisa para ver! Que grande é o mundo! Quero ver tudo! Tudo!"

O momento passou. Fiquei a olhar como ele corria atrás dos outros, com a corrente de arrasto. E pensei: "Vai, cãozinho, aproveita este instante de liberdade, independentemente da maneira como acabe. Só espero que não seja muito curto".

11 de junho de 2011

Feira do Livro do Porto

O Daniel Santos e o Manuel Gouveia honraram-me com a sua presença na Feira do Livro do Porto. Gostei muito de os conhecer pessoalmente e eles até me fizeram uma entrevista, que publicaram no 2711.



E uma palavrinha minha sobre essa entrevista e a Feira do Livro do Porto, da qual publicarei aqui mais fotografias, em breve.

10 de junho de 2011

Criancices, Bíblia & Felicidade

Há um lado infantil em cada um de nós que permanece ao longo de toda a vida, escreveu a Maria do Rosário Pedreira no seu blogue.

Como comentário, eu deixei: Quanto maior for a importância desse lado infantil na nossa vida, mais felizes somos. Já reparou na felicidade que sente quando faz uma criancice? Claro que não estou a dizer que se façam criancices a torto e a direito, temos o lado crescido que toma conta de nós. Mas deixemos o lado infantil imperar, sempre que seja possível (e não prejudiquemos os outros).

Quem vem seguindo estas Andanças, sabe que eu sou apologista de manter um diálogo com a nossa criança interior, a fim de tratarmos de nós próprios como gostaríamos que os nossos pais tivessem tratado de nós em criança (Kim-Anne Jannes).




Neste, como em muitos outros casos, podemos aprender com os cães. Tenham a idade que tiverem, desde que a sua condição física o permita, eles adoram brincar como se ainda fossem cachorrinhos. Sem preconceitos, sem recearem fazer figura de parvos, ou que os outros os tomem por infantis. Além disso, são sinceros, espontâneos, leais, fiéis. Bem hajam!


Na verdade, se nos atrevermos a fazer uma criancice, proporcionamos a libertação daquelas hormonas ou substâncias da felicidade, de que não me lembro agora o nome. Eu sei que o chocolate também o faz, mas o chocolate engorda!

Atitudes saudáveis são, por exemplo, brincar com os filhos a algo que sempre adorámos, na infância; ou desatar a dançar, se ouvirmos uma canção no rádio que costumávamos dançar na discoteca, quando éramos mais jovens; ou cantá-la bem alto. As crianças costumam ser assim espontâneas. Porque não seguir esse impulso? Se o fizermos, experimentamos uma sensação de felicidade dentro de nós, pode mesmo ser muito intensiva. Com a vantagem de que não engordamos. No caso da dança, até queimamos calorias ;-)






Daqui

Temos, cá em casa, duas versões da Bíblia, uma portuguesa e uma alemã. Numa das suas passagens mais conhecidas, a tradução não coincide a 100%, um aspecto, aliás, frequente. A tradução da Bíblia é um processo contínuo e há quase tantas versões, como publicações. Neste caso, acho que a pequena divergência faz mesmo a diferença.

Na portuguesa leio:

Deixai vir a Mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus. - Mc 10, 14b


Na alemã:


Deixai vir a mim as crianças; não as impeçais! Pois a pessoas como elas pertence o reino de Deus.
(no original: Lasst die Kinder zu mir kommen; hindert sie nicht daran! Denn Menschen wie ihnen gehört das Reich Gottes. - Mk 10, 14b).


Ora, se a diferença nas expressões "não as afasteis"/"não as impeçais", se revela irrelevante, o mesmo não acontece em "a elas pertence o reino de Deus"/"a pessoas como elas pertence o reino de Deus".

No primeiro caso, é-se levado a pensar que, para quem não é criança, a mensagem perde importância. Gera, apenas, condescendência por parte dos adultos perante as crianças, na pior das hipóteses, indiferença: para quê preocuparmo-nos com elas, se estão nas mãos de Deus?


No segundo caso, diz-se directamente que os adultos devem ser como as crianças. É uma diferença abismal, que influencia o nosso comportamento de maneira bem diversa.

 Preservemos, pois, o nosso lado infantil e deixemo-lo actuar, sempre que tivermos possibilidade!

9 de junho de 2011

Alcorão

O Islamismo na sociedade e no quotidiano

«Para muitos muçulmanos o Alcorão é o único grande sinal de Deus no universo físico. De facto, os versículos individuais do Alcorão são chamados ayat, o que significa, literalmente, «sinais». O texto refere-se a si póprio como «orientação para o mundo» e «um sinal claro para os que podem compreender». Fornece instruções acerca do modo como se deve viver a vida e funciona como uma fonte de orientação étíca para tudo aquilo de que não dá instruções precisas (...) A palavra «Alcorão» (Qur'an) deriva do verbo árabe que significa ler ou recitar. «Alcorão» significa portanto algo como uma recitação ou um conjunto de coisas para serem recitadas. Os muçulmanos normalmente designam a sua escritura simplesmente como o Alcorão, mas juntam-lhe também um título que significa respeito, como «al-Karim», o Nobre, ou «al-Azim», o Magnífico. No próprio Alcorão é usado o termo «al-Kitab», o Livro, em alternativa».

Leia o resto aqui.

7 de junho de 2011

Curiosidade

Já vos disse que a minha Lucy é muito curiosa?













































Ainda bem! Mais uma vez, devíamos aprender com os animais. Ou as crianças. Infelizmente, a curiosidade é considerada um defeito, não uma qualidade, e ensinamos as crianças a não serem  curiosas.





É pena! Sem curiosidade, perdemos o interesse pelo mundo que nos rodeia, corremos mesmo o risco de não descobrirmos as nossas verdadeiras capacidades, ou de nos tornarmos depressivos. Mantê-la viva torna-nos, por isso, mais saudáveis e criativos.

P.S. Também já vos disse que tenho muitas saudades da minha menina, que ficou na Alemanha? Mas sei que está bem, ficou aos cuidados da família habitual, que ela já conhece. E o reencontro vai ser tããããão bom!

4 de junho de 2011

Algodão Doce



As outras crianças passavam por ela, de algodão doce na mão. A menina olhava fascinada para aquela nuvem segura por um pauzinho. Na inocência dos seus cinco anos, aquilo parecia-lhe ser feito de fumo, um fumo branco, ou cor-de-rosa. Ansiava tocar-lhe, experimentar-lhe a textura, o sabor...
- Ó mamã, eu também queria uma coisa daquelas.
- Aquilo não presta, filha, é só açúcar.
As outras crianças passavam por ela, comendo a nuvem, deliciadas. A menina insistiu:
- Mas eu queria...
- Já te disse que não presta. E agora está caladinha.
A menina era obediente e calou-se. Embora triste, estava numa idade em que as coisas se esqueciam depressa. Mas o algodão doce perseguia-a, em todas as feiras, arraiais e outras festas populares. Olhava fascinada para a maquineta, de onde saíam aqueles farrapos, que se iam colando ao pauzinho, até se formar a nuvem. O vendedor passava-a para a mão de alguma criança, que a recebia satisfeita. Mas a menina não estava autorizada a comprar.

Passados uns dois anos, a menina já tinha consciência dos preços.
- Ó mamã, não é caro, não posso comer um algodão doce?
A mãe olhava-a incrédula, até um pouco enojada:
- Tu queres comer uma coisa daquelas? Já te disse que não presta. E acabou!
Porque é que as pessoas grandes não entendiam que lhe era indiferente se prestava, ou não prestava? Se sabia bem, ou mal? Ela queria finalmente experimentar a sensação de comer uma nuvem.
A história repetia-se, ao longo dos anos. A mãe nunca, mas nunca lhe comprou um algodão doce! A partir de uma certa altura, a menina, que era obediente, deixou de insistir. E continuava a olhar invejosa para as outras crianças.

Um dia, a menina era grande, já tinha dinheiro no bolso, até tinha um namorado. E, nos festejos do São João, no Porto, resolveu-se a comprar um algodão doce.
- É que eu nunca comi nenhum!
O namorado mirou-a surpreendido e divertiu-se com a alegria infantil com que ela olhava para a maquineta, de onde saíam aqueles farrapos, que se agarravam ao pauzinho. No fim, a menina pegou orgulhosa no seu algodão doce e pagou a ninharia que ele custava.
Provou... Mas ficou um pouco desiludida. A mãe tivera razão, a nuvem nada tinha de especial. Era uma sensação interessante, arrancar-lhe um farrapo, mas este logo se transformava em açúcar normal.

Sim, ficou desiludida. Mas talvez não o tivesse ficado, se o provasse em criança. Porque, em criança, as coisas sabem de maneira diferente. Cada nova experiência é uma conquista, cada nova sensação, uma vivência inesquecível. Seja algo caro, ou barato, algo fino, ou grosseiro. Pena que as pessoas grandes esqueçam tão facilmente que também já foram crianças.

A mãe tivera razão, sim. Mas não era isso que estava em causa. A mãe não lhe recusara apenas o algodão doce. Roubara-lhe um momento mágico da infância.

(Um agradecimento à Há Dias Assim, que me inspirou para este post).

2 de junho de 2011

O Livro de Cale

Uma das razões porque mal posso esperar pela minha ida à Feira do Livro do Porto:



Não sabia da existência deste livro (de capa excelente), até há cerca de dois meses, ao ler sobre ele, aqui. Dedica-se aos jogos de poder no Condado de Portucalense, muito antes de D. Afonso Henriques e mesmo de D. Teresa. Porque, para a constituição da nacionalidade portuguesa (...) foi também importante a contribuição de um grupo de poderosos infanções que ao longo do século X e XI, cimentou uma posição política e social... (Clique, para ler mais).

Estou com vontade de me dedicar a esta época, onde assentam os fundamentos da obra construída pelo nosso primeiro rei. Também me seduz muito a Lenda de Gaia ou do Rei Ramiro. Digam lá que não são assuntos para belos romances históricos! Tem de ser sempre o Rei Artur, ou Ricardo Coração de Leão?

1 de junho de 2011

Portugal no seu Melhor # 1

A minha primeira tentativa para iniciar esta série foi um fiasco. Mas resolvi dar-me uma segunda oportunidade. Sempre ao dia 1.



Trás-os-Montes, Setembro de 2009