Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

8 de março de 2012

Operação Valquíria



Eu até nem gosto de Tom Cruise, mas ele está quase irreconhecível neste filme. A pala no olho também ajuda (talvez devesse actuar sempre assim), mas muito do mérito vai para o realizador Bryan Singer que o disciplinou numa representação muito contida, sem trejeitos nem sorrisos imbecis.

Operação Valquíria agradou-me, é muito fiel aos factos reais, passe um ou outro tique sensacionalista, próprio dos americanos. Trata-se de um atentado falhado a Adolf Hitler, em Julho de 1944. Mesmo sabendo o final da história, o filme é construído com muito suspense, fica-se, até ao fim, numa esperança ingénua de que Hitler esteja mesmo morto e que a guerra acabe um ano mais cedo.


Houve várias tentativas de matar Hitler, todas falhadas, uma delas levada a cabo pelo general Henning von Treskow, aqui interpretado por Kenneth Branagh, conseguindo pôr uma bomba num avião em que o ditador embarcou, mas que, por algum motivo, não chegou a explodir. Por isso, também o general Henning von Treskow se junta ao grupo de conspiradores à volta do coronel Claus von Stauffenberg, interpretado por Cruise.

Claus von Stauffenberg assiste à explosão que ele mesmo provocou e regressa a Berlim na convicção de que Hitler está morto. Uma vez na capital alemã, inicia todo o processo de desmantelar o regime nazi, que passa pela prisão dos elementos da SS Gestapo, a fim de poder negociar, o mais depressa possível, um cessar-fogo com os Aliados, provocando uma autêntica revolução.


As novas ordens são cumpridas, em muitos casos, com entusiasmo, pelo simples motivo de acreditarem na morte de Hitler. Quando esta é desmentida, tornam a mudar de atitude. Cobardia? "Vira-casacas"? Não há dúvida de que se trata de medo, de puro medo! Um medo que passa para o espectador, que também se pergunta o que faria, naquela situação, pois é certo que qualquer traidor será executado. Este estado de espírito culmina na cena em que Goebbels, o chefe da Gestapo, está na iminência de ser preso, na minha opinião, um dos melhores momentos do filme.

Escusado será dizer que o coronel Claus von Stauffenberg e muitos dos seus colaboradores são executados, nessa mesma noite.


Este filme lembra-nos que o terror da ditadura nazi também se fez sentir na própria Alemanha. Não estou a negar que montes deles eram nazis por convicção. Mas também é verdade que, com uma arma apontada à cabeça, qualquer um de nós se pode transformar num assassino.

10 comentários:

JoZé disse...

Não vi o filme... Mas agora fiquei com vontade :)

Cristina Torrão disse...

Não há dúvida de que o filme mexeu comigo, apesar de eu conhecer bem a história deste atentado. E foi isso também que me agradou: é muito fiel aos factos.

Na Alemanha, não há naturalmente nenhuma rua com nomes de dirigentes nazis, mas existem-nas com os nomes de membros desta conspiração, com o Stauffenberg e o Treskow a liderar a lista.

Carla M. Soares disse...

Quando vi o filme, há já algum tempo, achei curiosa a escolha do ator, que vejo mais Missão Impossível do que filme histórico com intenção de seriedade (culpa dele e das suas escolhas; fiquei surpreendida, tanto pela atuação dele, como pelo filme em si, que esperava mais hollywoodesco e menos sério na interpretação dos factos (que eu não conhecia, diga-se de passagem, pelo que talvez não seja boa juiza).

Rita disse...

Olá, também nunca vi este filme, mas fiquei com vontade...Ainda ontem vi um que se chama "Amen" e que também fala sobre um agente da S.S e um jesuíta que tentam pôr um fim às atrocidades nazis...

*Por acaso, também gostei de ver o Tom Cruise n' "O último samurai".

:_)

Cristina Torrão disse...

N' "O Último Samurai" ele também está bem. No fundo, é um bom actor. Mas tem aquela coisa da Cientologia... E gosta de se exibir em público, acima de tudo, de exibir a filha. Também por isso embirro com ele, isso não se faz a uma criança!

Por acaso, eu tenho uma história interessante para contar: penso que o vi em Londres, quando lá estive, em Novembro de 1996. Ele viveu cerca de dois anos na zona de Londres, nessa altura, quando rodou o "Eyes wide shut", com a Nicole Kidman e o Stanley Kubrick (aliás, o último filme de Kubrick). Já não me lembro onde, vi alguém na rua, parecia estar à procura de algo, no meio do movimento de carros, e pensei: eh pá, parece mesmo o Tom Cruise! Como tinha óculos escuros (era Novembro, mas o tempo estava surpreendentemente bom) não pude ajuizar bem. E pareceu-me baixo demais. Mas o Tom Cruise é baixo. Ao dar-se conta de que eu o observava(fiquei como uma parvinha no meio do passeio), ele, seja lá quem fosse, ficou muito incomodado. Depois, lá veio um taxi e ele enfiou-se lá dentro.
Claro que não posso jurar, mas gosto de pensar que talvez tenha sido o Tom Cruise ;)

Olinda Melo disse...

Sim, realmente, também os alemães sofreram e muito com a ditadura nazi. Estou a lembrar-me,por exemplo, da discriminação em relação aos deficientes e aos idosos, considerados indignos da raça ariana e como tal candidatos à eliminação.

Bj

Olinda

Cristina Torrão disse...

Olinda, referes um aspecto muito pouco divulgado, mas não menos verdadeiro. Não eram só judeus ou povos de outras raças que eram marginalizados/exterminados pelos nazis. Os deficientes alemães eram postos de parte, não havia lugar para pessoas desse tipo, na fantasia de Hitler. Também todos os que fossem "diferentes", como os homossexuais, que eram presos, apenas por serem homossexuais! Quanto aos idosos, não sei, mas é possível, sim.

Unknown disse...

Cristina,
tenho um lembrança para si no meu blogue...
;)

Carla M. Soares disse...

Pois, eu também tenho uma...

E sim, é bem verdade que a descriminação nazi não olhou só para religião ou poder económico (a ser franco, também foi por aí que os judeus foram atacados) mas a qualquer quebra de um padrão imaginário de perfeição.

E sim, o Tom Cruise é um baixote e deve ser doido. TEM que ser, para aderir à Cient-ologia, que de cient-ífica ou não tem nada, e de cons-ciente ainda menos.

Cristina Torrão disse...

Eu pergunto-me o que leva alguém com dois dedos de testa (sim, que ele, para chegar onde chegou, não pode ser burro) a aderir à Cientologia. Enfim, o John Travolta parece que também pertence...