Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

27 de junho de 2012

Abandono: um crime que continua impune!


Nesta iniciativa, o dia de luto pelo abandono de animais é estabelecido a 18 de Setembro, mas eu resolvi falar sobre ele agora, pois inicia-se a época de férias e os casos de abandono atingem níveis inenarráveis. E aproveito para falar de algo que me faz muita confusão. Não me admira que gente que trata mal os animais seja capaz de os abandonar. Mas nem todos os abandonados apresentam sinais de maus tratos, alguns, até provam terem sido estimados. E eu pergunto: como é possível que alguém que tratou bem de um animal e que conviveu com ele diariamente, consegue abandoná-lo? Acho incrível não se ter estabelecido uma relação afetuosa, por parte do humano! Consegue-se tratar de um ser vivo meses a fio, às vezes, anos, sem se aprender a amá-lo?

O mais chocante, no meio disto tudo é que, por parte do animal, se cria afeto. Não sei se os animais nos amam, mas criam, seguramente, afeição por nós. Eles não estão connosco apenas pelos privilégios que lhes proporcionamos. Um cão, cujo dono empobrece e deixa de ter dinheiro para comida, passa fome com ele. E se o dono se tornar num sem-abrigo, o cão dorme debaixo da ponte com ele. E se o dono adoecer, o cão fica junto dele. E se o dono morrer, o cão fica triste, sente a sua falta, talvez a sua mágoa seja tão grande, que nem se deixe seduzir por outra pessoa que lhe faça festas e lhe ofereça comida.

Dizer que os animais não têm sentimentos e que só estão connosco pelos confortos que lhes proporcionamos, serve apenas para uma coisa: aplacar a consciência humana, de maneira a lidar melhor com o sofrimento que lhes causamos; de maneira a lidar melhor com a maneira incrível com que os humanos se servem dos outros animais.

EU SOFRO!

Lembre-se de que ele sofre, quando o abandona! Lembre-se de que ele sente a sua falta! Lembre-se que, para ele, não há mais nada no mundo que o possa substituir! E, no caso de ter abandonado um animal, se se arrepender e tornar a albergá-lo, ele não o censura por aquilo que lhe fez. Torna a recebê-lo com uma alegria esfuziante e aquele brilhozinho nos olhos, como quem diz: «que bom ter-te tornado a encontrar!»

4 comentários:

Vítor Fernandes disse...

Gostei e emocionei-me, e isto é verdade até onde não esperamos, ou melhor, não sabemos a dimensão. Tinha 2 tartarugas que viviam juntas há 19 anos. Há alguns dias uma delas morreu e nem digo como e porquê para não me emocionar mais. Nem imagina como a outra tem reagido à falta...

Cristina Torrão disse...

Sempre que observamos e tentamos compreender os animais, eles surpreendem-nos e/ou emocionam. Eu dei o exemplo de um cão porque é o animal que conheço melhor, mas não tenho dúvidas de que todos eles têm a capacidade de pensar, se alegrar, ou sofrer. E a tartaruga é uma espécie que respeito muito, anda neste planeta há mais tempo do que nós. Mas nem isso a maior parte dos humanos respeita...

Imperatriz Sissi disse...

É um problema que me parte o coração e me dá uma uma raiva imensa. Mas quando vejo vizinhos numa zona "bem" que têm um animal, o desprezam completamente, esperam que os outros o alimentem/levem ao veterinário, etc e quando lhes perguntam respondem coisas do estilo " ah, ele é arisco" (quando o bicho até é chato de tão carente) ou " ele não gosta da comida" (e o animalzito a atirar-se aos restos dos outros como se não houvesse amanhã) creio que está tudo explicado. Uma coisa é certa: pessoas assim não sabem amar- nem pessoas, nem animais, nem sequer coisas...

Cristina Torrão disse...

Infelizmente, há pessoas que não assumem as responsabilidades pelos seus atos. Quem adquire um animal, tem de se responsabilizar por ele, como se responsabiliza por uma criança, ou alguém que esteja a seu cargo. Mas a Sissi tem razão: quem faz isso em relação a animais, também o faz em relação a pessoas. Talvez não tão abertamente, mas fá-lo. Quantas crianças se sentem ignoradas pelos pais? Quantos de nós nos dececionamos com aqueles que julgávamos nossos amigos? Quantas pessoas olham para o lado, quando se afloram temas incómodos? Etc.