Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

19 de junho de 2012

Equilibrar

Chegados a casa, é altura de equilibrar o corpo e o espírito. Isto de andar 2 300 km em três dias, com uma cadela a tira-colo, tem que se lhe diga. Além do cansaço que se adivinha, há sempre imprevistos. Já não falo das horas perdidas em engarrafamentos em Paris, ou perto de Liège. Depois do segundo dia de viagem, pernoitámos, de domingo para segunda, em Cambrai, no norte de França, já quase na fronteira belga. O hotel ficava perto de zonas arborizadas, com relva, o ideal para quem precise de dar as voltas obrigatórias com o seu animal.

Vimos o Portugal/Holanda e os comentadores franceses fartaram-se de elogiar a nossa seleção. Estava cansada demais para grandes festanças, mas senti-me bem e adormeci como um bebé, com a Lucy a meu lado, por cima da coberta. Em casa, ela sabe que não pode saltar para cima da cama, aprendeu de pequena. Mas, quando dorme em sítios desconhecidos, fica mais receosa e, para dizer a verdade, eu até gosto de a ter ali à mão, pois ela atua como um calmante. Já se provou, aliás, que afagar um animal faz baixar a tensão arterial.

Adormeci, portanto, de pazes feitas com o Cristiano Ronaldo, com a mão por cima da minha cadelinha, a sonhar com o chegar a casa, depois de três semanas em trânsito. Mas, nisto, acordei com o barulho de uma valente trovoada. Chovia a cântaros e a Lucy tremia, pois tem medo de trovões fortes. Eu não fazia ideia que horas eram e tentava acalmá-la, quando soou o despertador do telemóvel, marcado para as seis menos um quarto. A trovoada não passou e, cerca de vinte minutos mais tarde, eu encontrava-me no meio da borrasca, com uma cadela cheia de medo pela trela, a tentar que ela fizesse as suas necessidades. Tinha tomado banho antes de me deitar, mas o São Pedro achou que eu devia tomar mais um duche. A céu aberto.

Quando me sentei à mesa do pequeno-almoço, pelas sete menos um quarto, molhada até aos ossos, já me sentia esgotada. E tinha ainda 700 km pela frente!

Amar um animal tem destas coisas. E, apesar de tudo, agradeço à Lucy, por me ensinar a ser paciente e me lembrar que todos os seres vivos merecem ser amados pelo simples facto de existirem.




6 comentários:

Bartolomeu disse...

Alguma vez ouviste falar de impremeáveis, Cristina?
Dizem que protegem de chuvadas.
Ah!!! e também ha para Lucys ( in the sky with diamonds)!!!
;)))

http://www.youtube.com/watch?v=A7F2X3rSSCU&feature=related

Cristina Torrão disse...

Caro Bartolomeu, em casa, eu estaria melhor equipada, mas, assim, em trânsito... Não contávamos com tal borrasca. Vesti um casaco impermeável que tinha no carro, mas, da anca para baixo, foi uma desgraça.
De qualquer maneira, chegámos bem, o mais importante ;)

Rafeiro Perfumado disse...

E não podias desenhar umas árvores na banheira, a ver se ela fazia as suas necessidades em casa? ;)

Ana Lemos disse...

Sei bem, o que é estar em casa descansada e no conforto e as necessidades do meu Snoopy "falarem mais alto"...mas depois eles agradecem o nosso esforço com miminhos, alegria ou um simples olhar que nos enche o coração =)
O Snoopy quando iamos passear em dia de chuva, quase não conseguiamos andar porque ele ficava aos nossos pés, para estar debaixo do guarda chuva sem se molhar! eheheh.. Agora já tem 13 anos e não está a 100%, cada dia o nosso aperto no coração aumenta =/
Viva cada dia da sua Lucy a 500%...eles são mto especiais, únicos... =)

Cristina Torrão disse...

Ana, o Snoopy é muito esperto! A Lucy ainda não percebeu para que serve um guarda-chuva, embora eu a cubra com ele, quando, por exemplo, estamos à espera que passem os carros para atravessar uma rua. Faço isso para que não se molhe, mas, também, para lhe tentar mostrar que, debaixo do guarda-chuva, não chove. Mas ela não atinge. Não é que seja estúpida (nenhum cão é estúpido pelo simples facto de ser honesto; eu só considero estúpido quem não é honesto), mas, pronto, aquilo não lhe entra. Tem outras qualidades ;)

E, sim, é verdade que eles, por vezes, nos irritam, mas recompensam-nos sempre a dobrar :)

Aproveitamos todo o tempo que passamos com a Lucy, sim. Obrigada pela sua mensagem tão ternurenta!

Ana Lemos disse...

E será que ela, até entende que debaixo do guarda-chuva não se molha, mas gosta de sentir a chuva? ;-)
Acho que no geral os animais são espertos...
O Snoopy para além de esperto, sempre teve alguma "manha" e um feitio especial! Mas amo-o imenso... =)
De nada... gosto muito do seu blog, que aliás já divulguei..