Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de outubro de 2012

Naquele Tempo (10)


A existência na Península Ibérica de vários reinos independentes não impediu que os habitantes de cada um deles, sobretudo os mais cultos, se considerassem como Hispani, isto é, como habitantes de uma entidade geográfico-cultural que sucedia à antiga dioesecis Hispaniarum do tempo do Império Romano. O fenómeno da restrição do conceito de «espanhóis» aos súbditos do Estado espanhol é, como se sabe, um fenómeno moderno. Antes disso, a concepção da Península Ibérica como um todo, com a sua identidade própria, independentemente dos reinos que a compunham, foi uma ideia corrente e indiscutível durante toda a Idade Média, como demonstrou já há meio século António Maravall, entre vários outros autores. Este fenómeno, todavia, não impedia os súbditos de cada um dos reinos de terem igualmente consciência da sua identidade como Castelhanos, Leoneses, ou Portugueses.

A nobreza medieval portuguesa no contexto peninsular, página 311


2 comentários:

Rita disse...

Olá,este tópico acerca da identidade ibérica fez-me recordar que o vencedor do prémio Afonso X de 2012 para melhor romance histórico foi "A "última muralha" ou "Alcazaba" no original, de Jesús Sánchez Adalid. Ainda não tive a oportunidade de ler, mas sei que é acerca da construção da Península Ibérica, coexistência de cristãos, mouros e judeus, no sec. IX, aquando uma ocupação quase total árabe...

Boas leituras!

Cristina Torrão disse...

Também me interesso por essa época da ocupação árabe. Os muçulmanos que dominaram a Península Ibérica foram, no geral, bastante tolerantes com as outras religiões (pelo menos, até o Califado de Córdova soçobrar, no séc. XI). É pena não haver romances sobre essa época. Em Portugal exploram-se tão pouco esses temas! Pelos vistos, temos de ir lendo os espanhóis...