Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

2 de janeiro de 2013

Proteção dos Animais


A propósito do 175º aniversário da fundação da primeira Sociedade Protetora dos Animais, na Alemanha, fiquei a saber que o movimento tem raízes na Igreja. No início do século XVIII, o pastor luterano Adam Ludwig Weigen, da região de Estugarda, exigiu caridade em relação aos animais, no seu livro Über die Rechte des Menschen gegenüber den Kreaturen (Acerca dos Direitos do Homem sobre as Criaturas).

O livro foi, porém, esquecido e só cerca de cem anos mais tarde um outro pastor luterano, Christian Adam Dann, da mesma região, se dedicou ao tema. O ponto de partida foi uma cegonha que construíra um ninho na torre da sua igreja. Certo dia, ao dar um passeio, Christian Adam Dann descobriu o cadáver da cegonha crivado de balas. Ficou tão indignado, que publicou um texto com o título Bitte der armen Tiere, der unvernüftigen Geschöpfe, an ihre vernüftigen Mitgeschöpfe und Herren, die Menschen (Pedido dos Pobres Animais, as Criaturas Irracionais, às Criaturas Racionais, os seus Donos, os Humanos). Neste texto, ele condenava o abandono e os maus tratos, pois os animais, como criaturas de Deus, mereciam ser respeitados. Citava um provérbio do AntigoTestamento: «O justo cuida das necessidades do seu gado, mas as entranhas dos ímpios são cruéis».

Christian Adam Dann faleceu, porém, alguns meses antes de ver concluída a sua obra: a fundação da Verein zur Verhinderung der Tierquälerei (Sociedade de Prevenção dos Maus Tratos aos Animais), a 17 de Junho de 1837. Um outro pastor luterano, Albert Knapp, deu-lhe continuação e, embora tivesse de enfrentar bastante oposição (também da própria Igreja), conseguiu que se promulgassem leis de proteção dos animais domésticos. Desde aí, os amigos dos animais não mais pararam de crescer e de se organizar.

2 comentários:

nel disse...

Muito interessante! Mas então e S. Francisco de Assis, patrono dos animais? Estava em crer que também existiam textos dele (séc. XIII?) sobre este assunto.

Cristina Torrão disse...

Sim, sem dúvida, Nel. Antes destes senhores houve quem escrevesse sobre a amizade e o respeito devido aos animais (S. Francisco de Assis à cabeça, com certeza). Mas aqui trata-se do processo que culminou com a criação de entidades que realmente se ocupam do assunto e a promulgação de leis em sua defesa.