Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de maio de 2013

Divagações Abrilinas (9)



Professora, de trinta e poucos anos, casada, com dois filhos… Sem consciência de que vivera numa ditadura!
- Nunca notei que não houvesse liberdade. Eu sempre fiz o que quis!
Não admira que as imagens que se viam na televisão, nos dias imediatos ao 25 de Abril, de pessoas pelas ruas, muito felizes e libertas, em manifestações espontâneas, lhe fizessem confusão.
A situação, em casa da Vera, tornava-se caricata. As crianças tinham obviamente muitas perguntas e o pai debitava verdadeiras sessões de esclarecimento, frente à televisão. Ele sempre gostou de uma plateia perante si, a venerá-lo, o que, aliado à euforia da revolução, contribuía muito para o seu bom humor. O mais interessante é que estas sessões de esclarecimento se dirigiam, não tanto aos filhos, mas à mãe, que tinha tantas, ou mais, perguntas, do que as crianças. Estas acabavam por aprender por tabela. O pai da Vera nunca se teria dado ao trabalho de explicar aquilo tudo se a esposa estivesse dentro do assunto e os únicos a esclarecer fossem os filhos.
Quando Mário Soares e Álvaro Cunhal regressaram do exílio, a senhora disparou:
- Mas quem é esta gente?

Imagem daqui


2 comentários:

Bartolomeu disse...

Há perguntas para as quais, mesmo depois de muito tempo passado, ainda não conhecemos as respostas.

Cristina Torrão disse...

Também uma interessante maneira de olhar para esta problemática ;)

Mas olha que havia mesmo gente que näo fazia ideia...