Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

18 de dezembro de 2013

História da Vida Privada em Portugal - A Idade Média (5)


É verdade que as práticas associadas ao casamento estavam profundamente marcadas por tradições pagãs, de origem romana ou germânica, se não mesmo anteriores, e que encaravam o casamento como a efectiva união de um homem e de uma mulher, sem que fosse necessária a intervenção de qualquer autoridade pública, civil ou religiosa. Tratava-se, pois, de um acto privado, envolvendo apenas os dois cônjuges. E apesar dos preceitos doutrinários e da disciplina que a Igreja foi impondo a este respeito, a verdade é que aquela matriz permaneceu muito arreigada ao longo de toda a Idade Média, sobretudo nos estratos populares, tanto do campo como da cidade. Tais situações eram socialmente reconhecidas, não deixando o homem e a mulher respectivos de ser considerados juridicamente como um casal cujos cônjuges se situavam no mesmo plano. É esta imagem, aliás, que ressalta dos contratos de cedência de prédios rústicos ou urbanos, em que marido e mulher recebem conjuntamente um bem para explorarem ou habitarem, mediante o pagamento de uma renda (prazo ou foro).
Mais vigilante e interveniente seria a actuação da Igreja face aos casamentos de membros da nobreza. Aqui, a acção eclesiástica esforçou-se por aplicar as regras definidas para o matrimónio, sobretudo a partir do século XII, com a reforma gregoriana.

A família - estruturas de parentesco e casamento, Bernardo Vasconcelos e Sousa e José Augusto de Sotto Mayor Pizarro - págs. 127/128


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