Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

5 de maio de 2015

Os Segredos de Jacinta (21)



O povo dirigia-se aos magotes para a foz do Tejo. Todos queriam dar o seu contributo para a expulsão dos infiéis, consideravam-se peregrinos em missão de fé. Os mais pobres e miseráveis, gente sem eira nem beira, viam na campanha de Lisboa uma oportunidade de mudança de vida. Famílias sonhavam com propriedades férteis em terras de mouros; aventureiros e mendigos viam-se a arrebanhar as riquezas dos pagãos; soldadeiras, rameiras e outras mancebas perguntavam-se se os cruzados, estrangeiros à solta num reino desconhecido, não engraçariam com elas e não lhes proporiam casamento. Muitos previam a ocorrência de milagres, numa expedição levada a cabo por cruzados, comandados por el-rei D. Afonso, a quem já surgira Jesus Cristo.
Jacinta limitava-se a ouvir sem se expressar. Que pensassem o que quisessem! Sabia que só podia contar com uma pessoa: ela própria. Na vida terrena, Deus só atuava se o descobríssemos dentro de nós. Vê-Lo como uma entidade exterior e esperar que Ele nos resolvesse os problemas não passava de ilusão. Só nós, em sintonia com Ele, sentindo-O no nosso interior, estávamos em condições de mover montanhas.


2 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Interesse marcou, reconquistar Lisboa e por dois parágrafos a Cristina Torrão liberta a história de séculos.

Claro, integrando o conceito a arte escrita.

Olinda Melo disse...


Jacinta, aqui, escudada na Fé e na força que vem de dentro.

Bj
Olinda