Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

25 de junho de 2015

Que emoções sentimos quando caminhamos de mãos dadas?

Esta pergunta da Alice Alfazema fez-me ir ao baú onde guardo coisas que escrevo, a fim de ir buscar este pequeno texto:



A menina segue pela mão frouxa da mãe. A menina gostava que ela a agarrasse melhor, para o caso de vir uma lufada de vento, que a levasse da mãe. E ela não quer ser levada da mãe. Mas a mãe caminha sem lhe prestar atenção, como se lhe fosse indiferente que a filha ali esteja. Por isso, não se dá ao trabalho de lhe segurar melhor a mão.
A menina não sente que a mãe a quer muito e que não a largaria por nada deste mundo. De vez em quando, põe a outra sua mão sobre a mão da mãe e aperta, mostrando-lhe que se quer sentir mais agarrada. A mãe reage impulsivamente e aperta mais os dedos sobre a mão da menina. Mas é sol de pouca dura. Depressa os seus dedos readquirem a frouxidão habitual.
A menina repete aquele gesto várias vezes, pelo caminho, até que a mãe pergunta porque faz ela isso. A menina diz que quer que ela a agarre melhor. A mãe olha-a como se a achasse estranha, pateta. E não se apercebe de que o insólito consiste em ela ter necessidade de fazer aquela pergunta.


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