Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

31 de agosto de 2015

29 de agosto de 2015

23 Anos!



Éramos pen-friends.
Querem início mais meloso? E daí, talvez nem tanto. Afinal, em vez de emails, escrevíamos cartas (à mão, senhores!), coisa muito tida em consideração, hoje em dia, especialmente entre a malta 50+.

Começámos a escrever-nos em 1982, tinha eu dezassete. Só seis anos mais tarde nos conhecemos pessoalmente, apesar de eu ter estado em Berlim, em 1984, e muito me amofinar por o mancebo (andava na tropa, sim, um soldado alemão, isto está cada vez melhor) não aproveitar a oportunidade para nos encontrarmos. Bem, ele era do oeste e talvez não estivesse com vontade de se sujeitar aos controlos de duas apertadas fronteiras para chegar à metade igualmente ocidental daquela cidade. É verdade que eu me sujeitei, mas foram apenas mais duas de várias fronteiras que, na altura, existiam entre Portugal e a Alemanha. Aquilo para mim era uma aventura e, com dezanove anos, uma pessoa precisa dessas coisas.

Escrevíamo-nos em inglês. Depois de ter entrado em “Germânicas”, resolvi armar-me ao pingarelho e escrever-lhe uma carta no idioma de Nietzsche, embora o meu alemão (essa língua desgraçada) fosse muito macarrónico. Até me dei ao trabalho de fazer um rascunho, para que a missiva não fosse toda riscada e com setinhas em várias direções (para quem não sabe, a ordem das palavras nas frases alemãs é um autêntico quebra-cabeças).

Na sua resposta, penso que ele tencionou elogiar-me: «apreciei muito que tivesses escrito a carta em alemão e, na maior parte das vezes, consegui mesmo entender o que me querias dizer». E eu que me preparava para ser professora de alemão! Para ser ainda mais simpático, respondeu igualmente na língua de Bismarck, sem erros e com tudo bem ordenado no seu devido lugar. Não percebi quase nada!

Casámos em 1992. Estou convencida que, para isso, muito contribuiu a sua habilidade (que mantém) para me fazer rir. Convenhamos: um alemão que encontra sempre maneira de pôr uma portuguesa a rir às gargalhadas não se enquadrará muito na sua norma!


Ele tinha montes de pen-friends (todas mulheres). Eu só o tinha a ele (como pen-friend). Moral da história: tenho muito melhor pontaria! Ou sou mais aventureira. É conhecido que os alemães necessitam de analisar minuciosamente várias hipóteses, antes de se decidirem. Nesse caso, consegui impor-me perante uma concorrência que, de Portugal, e passando pela República Checa, ia até à Austrália (e, agora que penso nisso, acho que também havia alguém no Canadá).

E estamos quase nas Bodas de Prata (meu Deus, como me sinto velha...)! 







27 de agosto de 2015

Sem disfarces



«Nenhuma memória é mais funesta do que aquela que antecede a morte e permite olhar a vida toda ao mesmo tempo».

In O Rei do Monte Brasil, Ana Cristina Silva (Oficina do Livro 2012)


P.S. Em breve a minha opinião sobre este livro.


25 de agosto de 2015

Entrevista de Yanis Varoufakis ao semanário alemão “Die Zeit” (5)



Varoufakis: Tentei igualmente transmitir ao povo alemão a minha grande ligação à Alemanha.
Die Zeit: Não parece que o tenha conseguido.
Varoufakis: Receio que não. Os media apresentaram-me, desde o início, como o tal maluco que queria ir ao bolso dos alemães. As minhas palavras nunca chegaram ao público alemão.
Die Zeit: Tem pena disso?
Varoufakis: Muita. Foi uma das maiores desilusões do meu tempo como Ministro.


Político sofre


Nota: a entrevista foi publicada a 30 de Julho de 2015; a tradução e o comentário são de minha autoria.