Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

15 de novembro de 2015

Cidades Medievais Portuguesas (2)

Tomar, a templária, a única! Viva Tomar!

«O rei logrou resolver um conflito que opunha a Ordem do Templo ao bispo inglês Gilberto de Lisboa e que se arrastava há vários anos. Afonso doara Santarém e a região circundante aos Templários, que lá estabeleceram a sede da Ordem. 





O bispo de Lisboa, porém, insistia em que Santarém pertencia à sua diocese e, não obstante a amizade que o ligava a Gualdim Pais, Afonso respeitava muito o prelado inglês, representante dos cruzados.

De carácter contemporizador, Gualdim Pais acabou por aceitar a proposta do soberano: desistir de Santarém e fazer de Tomar a nova sede dos Templários. Estando a antiga fortaleza romana em ruínas, porque não construir ali um castelo de raiz, digno da Ordem do Templo?



 Naquele Verão de 1159, sobre o cerro sobranceiro ao rio Nabão, Afonso Henriques e Gualdim Pais planearam uma construção inédita em Portugal. O Mestre dos Templários tomara conhecimento de novas técnicas, durante a sua estadia na Terra Santa.

As muralhas, dizia ele, seriam reforçadas por um alambor: um espessamento da sua base, em forma de rampa. Além de dificultar, ou até impossibilitar, o escalar dos muros, o alambor mantinha à distância as máquinas de assalto e provocava o ressalto dos projéteis.





Afonso não duvidava que a inovação surtiria grande efeito. Mas Gualdim ainda lhe descreveu outras. Os merlões, por exemplo, deveriam ser mais largos do que o costume, enquanto as ameias se queriam estreitas. Além disso, rasgar-se-iam seteiras nos merlões, a fim de facilitar o tiro com arco ou besta.



Combinou-se iniciar a construção do castelo de Tomar na Primavera seguinte».

Excertos de Afonso Henriques - o Homem, romance de minha autoria.

 

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Impressionaram-me também, no castelo de Tomar, os claustros, o refeitório, os imensoa corredores que serviam as celas, os pontos de àgua no interior e o processo bastante laborioso que foi projectado para elevar a àgua até aqueles pontos. Os monges-guerreiros eram tipos espertos... ;)

Cristina Torrão disse...

Caro amigo, também tenho fotos do interior do Convento de Cristo e pensei muito se devia publicar algumas. No fim, limitei-me às muralhas medievais mandadas construir por Dom Gualdim Pais. O Convento de Cristo é posterior, embora talvez ainda tenha sido começado a construir na época medieval, confesso que não tenho agora a data presente. No seu todo, porém, é um edifício já do tempo das Descobertas. Por isso, não fiz referência a outros aspetos, como a famosa janela manuelina. Mas é claro que vale a pena visitar, estando em Tomar, tem de se visitar tudo ;) E fizeste muito bem em falar disso!

Já esse processo para elevar a água, é bem capaz de ser ainda da época medieval ;)