Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de julho de 2016

Guerra Civil de 1320/25

Imagem daqui

A 1 de Julho de 1320, Dom Dinis apresentou o seu primeiro manifesto contra a revolta do filho, o futuro Dom Afonso IV. Durante a guerra civil, que se verificou entre o Rei Lavrador e o seu herdeiro, Dom Dinis apresentou três manifestos.

Este primeiro manifesto foi lido nos paços reais da alcáçova de Santarém e incluía várias queixas que o rei tinha contra o filho, acusando-o de ingratidão. Porém, o mais importante foi a apresentação de provas documentais, desmantelando duas acusações graves que o infante fizera: de que seu meio-irmão Afonso Sanches o tinha mandado envenenar e de que o pai preparava o seu afastamento do trono, para o que já tinha pedido ao papa a legitimação de seu filho ilegítimo, o mesmo Afonso Sanches.

Alguns momentos marcantes da guerra civil de 1320/25:

- Em Março de 1321, partidários do príncipe assassinaram Dom Geraldo bispo de Évora, junto da Igreja de Santa Maria de Estremoz. Dom Geraldo estava, desde 1317, autorizado a excomungar os adversários do rei.

- Em Abri de 1321, o príncipe Dom Afonso assumiu o controlo de Leiria e a 15 de Maio, Dom Dinis apresentou, em Lisboa, o segundo manifesto contra o filho e seus partidários.

- No Verão de 1321 (altura do desterro de Dona Isabel em Alenquer, por Dom Dinis a acusar de pactuar com o filho) o príncipe Dom Afonso tentou conquistar Santarém e Tomar, sem o conseguir (a alcáçova de Santarém é recuperada por Dom Dinis e o Mestre da Ordem de Cristo fechou a fortaleza de Tomar ao infante).

- Em Setembro de 1321, Jaime II de Aragão, cunhado de Dom Dinis, envia Frei Sancho a Portugal, a fim de reconciliar o pai com o filho, mas o prelado nada pôde fazer.

- A 9 de Dezembro de 1321, houve um grande terramoto em Lisboa, interpretado como castigo de Deus pelos desentendimentos entre pai e filho.

- A 17 de Dezembro de 1321, Dom Dinis apresentou o terceiro manifesto, em que desnaturava o filho e considerava traidores quantos o seguissem.

- A 31 de Dezembro de 1321, o príncipe Dom Afonso apoderou-se de Coimbra, cidade que Dom Dinis cercou a 7 de Março de 1322.

- Em Janeiro de 1322, Dom Dinis recuperou Leiria e castigou duramente os traidores, que tinham fugido para o mosteiro de Alcobaça. Nesta altura, o infante Dom Afonso ocupou os castelos de Montemor-o-Velho, Feira e Vila Nova de Gaia e a cidade do Porto, onde se lhe juntou o conde Pedro de Barcelos (seu meio-irmão).

- Em Maio de 1322, há um acordo de paz em Leiria. Dom Dinis foi acometido de doença grave à sua chegada a Lisboa e fez segundo testamento. O seu estado melhorou no início de 1323, mas a paz foi quebrada depois das Cortes de Lisboa em Outubro deste ano, com Dom Afonso decidido a apoderar-se à força do trono, conquistando Lisboa. Por intervenção de Dona Isabel, não chegou a travar-se a batalha no campo de Alvalade (ou, segundo José Mattoso, no lugar chamado Albogas, perto de Loures).

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Dona Isabel na Batalha de Alvalade

De nada adiantava mandar emissários, depois da humilhação nas Cortes de Lisboa, Afonso tudo faria para se apossar do trono! A batalha era inevitável.
Dinis sabia que fora longe demais. Mas que força o impedia de se entender com o seu próprio herdeiro? Teria inconscientemente guiado os acontecimentos de maneira a que Afonso Sanches lhe pudesse suceder? A verdade é que ele próprio se via incapaz de responder a esta pergunta. Lembrou-se do neto Pedro, que tanto o encantara em Frielas, mas também Afonso Sanches tinha um filho que já fizera nove anos e que igualmente o cativava…
Naquela noite, véspera da batalha, Dinis mortificava-se. Estava a ir contra a vontade de Deus, chefiando um combate contra o seu único filho legítimo? O rei não conseguia adormecer, novamente atacado por tonturas, dores de cabeça e suores. Tornaria a adoecer? Finar-se-ia ainda antes de se dar o combate?
Deus que decidisse! Nada mais lhe restava que não fosse confiar na força divina. Desejou um milagre. Sabia que Isabel rezava, recolhida no seu paço, depois de semanas de penitências rigorosas. Conseguiria ela provocar um milagre?


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