A fim de celebrar a memória de José Saramago, no dia em que faria 90
anos, a Fundação com o nome do escritor organizou uma série de eventos, em Lisboa (no Porto, há mais). O
grupo de teatro Éter recriou algumas passagens do romance Memorial do Convento,
em frente à Casa dos Bicos, e Jorge Baptista da Silva cantou árias de
Domenico Scarlatti, o compositor da corte de D. João V, a que a obra de
Saramago se refere, num espetáculo dirigido por Vera Barbosa.
Tenho pena de não poder participar. Saramago é o nosso único
Nobel da Literatura, a sua memória deve ser acarinhada. Mas houve, no
meio de eventos tão louváveis, uma iniciativa que achei descabida:
convidavam-se os amantes de Saramago e Fernando Pessoa a saírem com o
livro O Ano da Morte de Ricardo Reis debaixo do braço, a fim de partilharem e discutirem a sua leitura, pelas ruas.
A ideia da partilha é igualmente louvável. Mas confesso que essa coisa
de sair com o livro debaixo do braço me soa pretensiosa, na medida em
que cultiva um certo elitismo. Além disso, é suscetível de ser
aproveitada por gente que nunca leu uma linha dos dois escritores para
se armar em intelectual. E, quem participa na homenagem, não deixa de
discutir a obra do Nobel, com ou sem livro debaixo do braço.
Expressei essa opinião no Horas Extraordinárias.
Caiu-me em cima o Carmo e a Trindade, muito por responsabilidade da
autora do blogue, que me expôs, à custa de um erro ortográfico. E tudo
por causa de uma comentadora que, com 4/5 anos, gostava de fingir saber
ler, história que a autora do blogue, elle-même, considerou «simples, bonita e despretensiosa» (despachando três adjetivos de uma assentada).
Fico
sempre desiludida quando pessoas com responsabilidades acrescidas se
rendem a bajuladores. Já por várias vezes estive para desistir de
frequentar o Horas Extraordinárias, mas acabei sempre por ceder. Aprecio alguns comentadores. E ajuda-me a manter-me informada sobre a atividade editorial e livreira.
Agora, é definitivo: não mais incomodarei as almas sensíveis que vagueiam por aquele blogue!
Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
Não estava a par dessa ideia de sair com um livro de saramago pela rua fora...De tão ridículo que é até dá vontade de rir. Concordo que se célebre o nobel, que se discuta...mas andar a passear com livros? Não vejo em que é que isso seja uma homenagem...Eu saio com livros de Saramago quando me apetece e com outros também independentemente do que as pessoas achem, se olham ou deixam de olhar...Bem se diz: presunção e água benta..
ResponderEliminarcumps
Cristina, não se rale e continue a visitar o blogue, que se encontram lá coisas muito interessantes. E isto na literatura acaba por ser um pouco como na política, uma luta de galos. O importante, afinal, é continuarmos a ler! :)
ResponderEliminarÉ isso, Sara. Claro que podemos sair com os livros que estamos a ler, embora, debaixo do braço, não seja muito prático ;)
ResponderEliminarMas esta iniciativa cheira-me a campanha de marketing escondida por trás de uma intenção nobre, que é a realização dessa tertúlia pública. E Saramago não precisa de campanhas de marketing! Eu, se tivesse podido ir às comemorações, garanto-lhe que não levava livro nenhum debaixo do braço! Ainda por cima, parece que estava a chover ;)
Vespinha, obrigada pelas suas palavras. Eu até admiro o trabalho da MRP e, neste caso, ela terá agido por impulso. O meu erro também é grosseiro, foi por analogia com outras palavras de fonética semelhante. Mas tê-lo assim exposto... Depois também me irrita que haja lá gente que, diga o que eu disser, é sempre mau.
Enfim, o mundo literário... Às vezes, penso que até é bom eu não ser uma escritora conhecida, caso contrário, teria de aguentar muitas bordoadas...
A "dona" do Horas Extraordinárias tem, por vezes, coisas extraordinariamente más que escaparão a muitos bloguistas; assim como alguns frequentadores dessa "quinta". Dá para perceber que a Cristina está marcada por ser frontal; assim como outros estarão. Já gostei mais do HE, mas vou passando, enquanto houver comentários sensatos e judiciosos como os da Cristina.
ResponderEliminarObrigada.
ResponderEliminarÉ bom saber que não se está sozinha :)