São trinta e oito contos de Mia Couto, muito curtos (no
máximo, cinco páginas), selecionados de entre publicação dispersa por jornais e
revistas. É escusado salientar a qualidade literária das obras deste escritor
moçambicano, um dos maiores vultos atuais da literatura em língua portuguesa.
Uma das suas marcas é a criação de palavras, tantas, que não vale a pena listar
aqui, nunca conseguiria referi-las todas. Opto por referir a minha preferida
(pelo menos, neste livro): “tristemunha”.
A escrita é muito densa, as imagens e metáforas sucedem-se
umas às outras, no que subsiste sempre o perigo de se tornarem vulgares. Para
mim, foi igualmente interessante sentir a mentalidade e o modo de vida
africanos, pelos quais tenho grande curiosidade. Não posso, porém, dizer que os
contos me tenham cativado. Uma coisa é reconhecer a qualidade literária, outra
coisa é encontrar uma leitura que realmente nos envolva. Houve um conto do qual
gostei muito: Prostituição Auditiva.
Gostei bastante de mais quatro ou cinco, mas o resto de facto não me cativou
particularmente.
Foi o primeiro livro que li de Mia Couto e acho que, da
próxima vez, experimentarei um romance. Quem sabe, não fique tão desiludida…
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