«Estabeleceu-se uma acalmia no início do novo ano, ao dar-se um feliz acontecimento: Beatriz deu à luz mais um menino, a 12 de Janeiro, e o príncipe deu o nome de Dinis àquele filho. O rei disse a Isabel aquela ser a prova de que nada de grave sucederia. Afonso parecia cair em si, abstendo-se de continuar a hostilizar o pai, cumprindo enfim a tradição de dar ao seu herdeiro o nome do avô. Isabel, porém, pediu-lhe que não exagerasse na sua alegria e que não ignorasse os problemas existentes».
As desavenças entre o rei e o seu herdeiro Afonso, que desembocariam
numa guerra civil, eram já graves, nesta altura. Dom Dinis parece ter tido muita
esperança neste neto, que foi jurado como herdeiro do trono
pelos concelhos do reino cerca de cinco meses depois de nascer (a 14 de Junho).
Estaria Dom Dinis a pensar transmitir o trono diretamente ao neto, seu
homónimo?
«A 14 de Junho, Dinis deu mais uma vez azo à euforia que lhe provocara o nascimento do neto, ao exigir que os concelhos do reino jurassem o pequeno como herdeiro do trono. Uma atitude que, porém, caiu mal ao filho Afonso. A criança, de apenas cinco meses, não carecia de legitimidade, nem tão-pouco faltava ao reino um príncipe herdeiro adulto. Porque dava o soberano um sinal claro em relação ao neto, em vez de o fazer com o filho? Pretenderia ele passar por cima de Afonso?»
«A 14 de Junho, Dinis deu mais uma vez azo à euforia que lhe provocara o nascimento do neto, ao exigir que os concelhos do reino jurassem o pequeno como herdeiro do trono. Uma atitude que, porém, caiu mal ao filho Afonso. A criança, de apenas cinco meses, não carecia de legitimidade, nem tão-pouco faltava ao reino um príncipe herdeiro adulto. Porque dava o soberano um sinal claro em relação ao neto, em vez de o fazer com o filho? Pretenderia ele passar por cima de Afonso?»
Porém, o pequeno
infante Dinis morreu com cerca de um ano de idade. Era o segundo neto que
lhe morria, depois de um outro chamado Afonso, nascido em 1315.
«Em Estremoz, Dinis recebeu a notícia da morte do neto que tinha o seu nome, nas vésperas do primeiro aniversário! Na sua desolação, a família real convencia-se de que Deus, por algum motivo, a castigava. Seria pelos diferendos entre os seus membros? O certo é que nem Isabel encontrava resposta para tanta calamidade e, em Fevereiro, Dinis resolveu ir em peregrinação a Santiago de Compostela.
Embora acompanhado de grande comitiva, incluindo os seus cavalos, o monarca andava muito a pé. Os prelados aconselhavam-no a assim fazer, pelo menos, metade do caminho.
(…)
O rei rezou longamente junto ao túmulo do apóstolo, pois bem tinha de lhe suplicar, novamente atacado pelo fantasma do rei velho e enfermo, abandonado por tudo e todos… E recordava que sua mãe o avisara de poder estar sujeito a destino semelhante. Desprezara o conselho, mas pedia agora ao santo que o livrasse de tal sina, permitindo-lhe ser rei até exalar o seu último suspiro, à semelhança de seu pai.
Suplicou paz para o reino… E um herdeiro para o filho! Porque já lhe levara Deus dois netos legítimos, não consentindo inclusive que o sucessor de Afonso tivesse o seu nome? Tanto se convencera de que aquele principezinho haveria de reinar um dia…
Ao pedir um herdeiro para o filho, suplicava igualmente que aquele possuísse mais bom senso do que Afonso, que se lhe assomava melancólico e rancoroso, rodeado de maus conselheiros. Que estava destinado ao reino de Portugal sob a regência de Dom Afonso IV? Por alguma razão, Dinis temia pela sua amada terra e, através do apóstolo, suplicava a Deus que lhe permitisse viver o suficiente, não só para assistir ao nascimento de um outro neto varão, como para ter oportunidade de se aperceber do carácter do pequeno. Desejava um príncipe mais alegre, mais aberto, mais dado aos prazeres e às belezas da vida».
«Em Estremoz, Dinis recebeu a notícia da morte do neto que tinha o seu nome, nas vésperas do primeiro aniversário! Na sua desolação, a família real convencia-se de que Deus, por algum motivo, a castigava. Seria pelos diferendos entre os seus membros? O certo é que nem Isabel encontrava resposta para tanta calamidade e, em Fevereiro, Dinis resolveu ir em peregrinação a Santiago de Compostela.
Embora acompanhado de grande comitiva, incluindo os seus cavalos, o monarca andava muito a pé. Os prelados aconselhavam-no a assim fazer, pelo menos, metade do caminho.
(…)
O rei rezou longamente junto ao túmulo do apóstolo, pois bem tinha de lhe suplicar, novamente atacado pelo fantasma do rei velho e enfermo, abandonado por tudo e todos… E recordava que sua mãe o avisara de poder estar sujeito a destino semelhante. Desprezara o conselho, mas pedia agora ao santo que o livrasse de tal sina, permitindo-lhe ser rei até exalar o seu último suspiro, à semelhança de seu pai.
Suplicou paz para o reino… E um herdeiro para o filho! Porque já lhe levara Deus dois netos legítimos, não consentindo inclusive que o sucessor de Afonso tivesse o seu nome? Tanto se convencera de que aquele principezinho haveria de reinar um dia…
Ao pedir um herdeiro para o filho, suplicava igualmente que aquele possuísse mais bom senso do que Afonso, que se lhe assomava melancólico e rancoroso, rodeado de maus conselheiros. Que estava destinado ao reino de Portugal sob a regência de Dom Afonso IV? Por alguma razão, Dinis temia pela sua amada terra e, através do apóstolo, suplicava a Deus que lhe permitisse viver o suficiente, não só para assistir ao nascimento de um outro neto varão, como para ter oportunidade de se aperceber do carácter do pequeno. Desejava um príncipe mais alegre, mais aberto, mais dado aos prazeres e às belezas da vida».
Dos sete filhos do futuro Dom Afonso IV, apenas três atingiram a idade adulta: duas filhas, Maria e Leonor, e um filho que seria rei, Dom Pedro I, nascido a 8 de Abril de 1319, dois anos depois do pequeno Dinis.
Dom Pedro I, neto de Dom Dinis |
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