Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de fevereiro de 2025

Rapidinhas de História #19

 A VERDADEIRA ESTRATÉGIA DE D. TERESA

 


 

Um ano com D. Dinis (5)

 ACLAMAÇÃO DE D. DINIS E A QUESTÃO DO ALGARVE

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D. Dinis foi aclamado rei de Portugal há 746 anos. Tinha apenas dezassete.

A aclamação deu-se depois da morte de seu pai, nesse mesmo dia. D. Afonso III foi sepultado em São Domingos de Lisboa. Dez anos mais tarde, foi trasladado para Alcobaça.

Também a 16 de Fevereiro, mas doze anos antes, foi assinado em Badajoz o documento que legitimou para sempre a integração do Algarve em Portugal.

D. Afonso III conquistara as praças do Algarve com a ajuda da Ordem de Santiago, cujos cavaleiros portugueses estavam dependentes do Mestre castelhano. Por isso se sentia o rei Afonso X de Leão e Castela com direito a exigir vassalagem ao monarca português por esse território.

Conquista de Loulé.jpgConquista de Loulé, Luís Furtado

Os primeiros passos para a resolução do problema foram dados em Maio de 1253, quando D. Afonso III, ignorando o seu casamento com Matilde de Bologne, desposou a filha mais velha do rei castelhano (ilegítima) D. Beatriz. Depois do nascimento de D. Dinis, Afonso X de Castela enfeudou o Algarve ao neto, a fim de acabar com a situação de vassalagem do rei português ao castelhano, causadora de mal-estar em Portugal.

Porém, se ele aliviou a situação, não a resolveu. Uma vez chegado ao trono, D. Dinis deveria igualmente prestar vassalagem ao rei castelhano por aquele território. Iniciou-se uma acção diplomática e, no dia 16 de Fevereiro de 1267, em Badajoz, Afonso X concordou em renunciar a todos os seus direitos sobre o Algarve, recebendo em compensação as povoações de Aroche e Aracena, conquistadas por Afonso III em 1251. O Guadiana ficou a demarcar a fronteira entre Portugal e Leão, a partir da foz do Caia para sul. Essa fronteira seria modificada trinta anos depois, pelo próprio D. Dinis, no Tratado de Alcañices (12 de Setembro de 1297).

Afonso X.jpg Afonso X, "o Sábio", avô materno de D. Dinis

 

14 de fevereiro de 2025

Uma jovem de vinte anos, uma égua e uma viagem da Alemanha até Portugal (7)

 

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O atravessar da fronteira (frame)

14 de Novembro de 2024, 68º dia de viagem: partindo de La Alamedilla, Jette atravessou a fronteira, perto de Aldeia da Ribeira, concelho do Sabugal.

Chegava finalmente a Portugal e a paisagem encantou-a, desde o primeiro minuto. Só o tempo não estava agradável, com frio e chuva miudinha. Jette escreveu no seu diário nunca ter pensado passar mais frio em Portugal do que em Espanha. Típico de alemães, têm sempre a ideia de que em Portugal nunca faz frio…

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Continuam as manadas de bovinos

Jette penetrou na Reserva Natural da Serra da Malcata, atravessou um rio e passou por um lago formado por uma barragem. Depois de uma consulta ao Google Maps, presumo ter sido na zona de Alfaiates.

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Mais tarde, ela enviou a sua localização à pessoa que a hospedaria, em Souto. Um homem veio ao seu encontro, igualmente a cavalo (nada devendo, em cortesia, aos espanhóis) e guiando-a até às cavalariças, onde a Pinou ficou instalada.

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Na aldeia, Jette pernoitou numa, como ela escreveu, “casa enorme”. Depois do jantar, foi levada a um bar, onde toda a gente falava inglês (nisto, temos claramente vantagem em relação a nuestros hermanos), proporcionando-lhe bons momentos de conversa.

15 de Novembro de 2024, 69º dia de viagem: de Souto a Vale da Senhora da Póvoa.

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À despedida, o dono da quinta onde Jette pernoitou surpreendeu-a com uma t-shirt da sua propriedade.

Pelo caminho, o mapa mostrava uma ponte, onde poderia atravessar um pequeno rio. Lá chegada, porém, Jette viu apenas uma passagem estreita, sem qualquer tipo de proteção.

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Não vislumbrando alternativa, Jette fez-se à travessia arriscada. E a Pinou passou o teste com bravura.

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Esta foi uma etapa cansativa e demorada, com subidas e descidas íngremes e alguma chuva.

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Começou a escurecer, antes de chegarem ao seu destino, e tiveram de usar uma estrada com trânsito automóvel. Mesmo provida de colete refletor e iluminação no seu capacete (frente e traseira), Jette esteve em permanente alerta, respirando de alívio, quando finalmente chegou.

Foi convidada para jantar e passou um serão agradável. Mas, quando se recolheu, lembrou-se dos cães acorrentados, ao longo do caminho, e acabou por escrever no seu diário (tradução minha): “Em Espanha e em Portugal, os animais são frequentemente mantidos de maneira diferente ao que estou habituada: muitos cães estão permanentemente acorrentados, burros e cavalos trancados, ou amarrados no meio do nada. Isto deprimiu-me um pouco.”

16 de Novembro de 2024, 70º dia de viagem: de Vale da Senhora da Póvoa até Pedrógão de São Pedro. 25,8 km, com alguns montes para vencer.

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Como sempre, Jette desmontou nas subidas. Por vezes, até largou a Pinou, para que ela pudesse escolher o próprio ritmo. E a égua acabou por surpreender a moça com a sua agilidade. Era mais rápida, mas esperava por ela, quando a distância entre as duas aumentava. A relação entre a moça e a égua atingira a perfeita harmonia. E Jette, caminhando atrás, constatou que a Pinou estava mais musculosa do que antes da viagem.

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As canseiras eram recompensadas com a beleza da paisagem, embora o tempo continuasse chuvoso.

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Em Pedrógão de São Pedro, ficaram instaladas na quinta de uma senhora que Jette conhecia do Instagram.

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A moça resolveu repousar durante um dia. O cansaço não foi, porém, o único motivo para a pausa. As duas tinham apenas mais uma etapa pela frente e Jette, apesar de se sentir aliviada por as duas terem vencido tantos quilómetros sãs e salvas, receava o momento da despedida.

Aproveitou a pausa para escovar a Pinou e tratar-lhe dos cascos.

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Depois do jantar, tornou a ir ao estábulo, a fim de passar aquele último serão junto com a égua. Pinou deitou-se e Jette sentou-se junto a ela. Não evitou verter lágrimas, mal acreditando que a aventura estava quase a terminar.

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18 de Novembro de 2024, 72º dia de viagem: os últimos 20 km. Sol e 20ºC.

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Jette passou o dia cheia de sentimentos contraditórios, tanto chorava, como se alegrava.

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A chegada ao seu destino foi registada em vídeo pela dona da Pinou. Jette experimentou uma turbulência de emoções. Não aguentou. Levou a mão aos olhos, chorando mais uma vez. O vídeo pode ser visto no Instagram, não penso que exista alguma maneira de eu o trazer para aqui. Mas deixo um frame:

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A aventura durou quase dois meses e meio. Jette e Pinou percorreram sozinhas 1.595,49 km.

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Passado cinco dias, a moça foi apanhar o avião a Lisboa, de regresso à Alemanha.

 

Todas as fotografias e informações aqui divulgadas foram retiradas do diário de viagem de Jette:

https://www.instagram.com/jette.horse.journey/

@jette.horse.journey

 

Nota: três semanas depois da sua chegada à Alemanha, Jette teve a calma e a distância suficientes para fazer um balanço da viagem, concluindo, dessa forma, o seu diário. Penso que ela foca alguns pontos e momentos interessantes. Por isso, na próxima sexta-feira, vou postar algumas dessas impressões.

11 de fevereiro de 2025

Um ano com D. Dinis (4)

 

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Faz hoje 744 anos que D. Dinis e D. Isabel casaram por procuração.

O matrimónio de D. Dinis representou um problema, pois, por desavenças entre seu falecido pai D. Afonso III e o clero, o reino de Portugal esteve sob interdito durante cerca de vinte anos, ou seja, salvo raras exceções, as igrejas mantiveram-se fechadas, sendo proibidas todas as cerimónias religiosas, assim como os sacramentos.

O consórcio com D. Isabel foi combinado, a fim de quebrar a supremacia de Castela. D. Dinis nomeou três procuradores, que, a 11 de Fevereiro de 1281, o representaram, por palavras de presente, na cerimónia de recebimento de D. Isabel de Aragão, no Paço Real de Barcelona. Os três procuradores eram os cavaleiros João Pires Velho e Vasco Pires e o clérigo D. João Martins de Soalhães, futuro bispo de Lisboa.

D. Dinis tinha dezanove anos e D. Isabel apenas dez. Casamentos destes eram habituais, na Idade Média, principalmente, no meio nobre. Representavam, acima de tudo, uma aliança entre duas famílias. Por vezes, eram combinados consórcios entre crianças (noivo e noiva) de quatro ou cinco anos.

Isto não quer, porém, dizer que a prática da pedofilia fosse comum. Normalmente, aguardava-se que a jovem esposa atingisse idade apropriada para consumar a união. O primeiro parto costumava acontecer aos quinze ou dezasseis anos. D. Isabel tinha aliás já dezanove anos.

D. Isabel era filha do rei D. Pedro III de Aragão e de D. Constança da Sicília. Só deu entrada em Portugal cerca de ano e meio depois da cerimónia em Barcelona, sendo as bodas do par real festejadas em Trancoso, a 26 de Junho de 1282.

O casamento de D. Dinis e D. Isabel durou quase quarenta e quatro anos. O casal teve dois filhos: a infanta D. Constança (rainha de Castela, por casamento) e o infante D. Afonso, futuro rei D. Afonso IV.

10 de fevereiro de 2025

Pela Europa 3

Contornar Paris significa fazer cerca de 90 km de auto-estrada, com velocidade controlada (entre os 70 e os 110 km/h). Demora de uma a duas horas, depende do trânsito. Neste caso, foi na melhor das alturas: entre as sete e as oito da manhã de um Domingo. Começa e acaba com as barreiras das portagens, pois a zona urbana (os tais 90 km) é gratuita.

Cuidado com os excessos de velocidade! Já recebemos uma multa em casa, na Alemanha, por termos excedido o limite (depois de descontada a tolerância) em 6 km/h.

Numa próxima oportunidade, publicarei um vídeo numa hora de movimento.


 

8 de fevereiro de 2025

Um ano com D. Dinis (3)

 O SUCESSOR DE D. DINIS

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Faz hoje 734 anos que nasceu um dos reis mais enigmáticos da nossa História: D. Afonso IV

Ficou sobretudo conhecido por ter mandado assassinar Inês de Castro, embora os verdadeiros contornos dessa conspiração permaneçam nebulosos.

D. Afonso IV era filho de D. Dinis e de D. Isabel. Diz-se que era mau e irascível desde a infância, o que não deixa de ser curioso, sendo os seus pais um rei exemplar e uma rainha "santa". Muitas vezes me pergunto: porque não conseguiram D. Dinis e D. Isabel transmitir bom carácter ao filho? E porque nunca D. Dinis se deu bem com o seu próprio herdeiro? Coisas que ficarão para sempre envolvidas na bruma dos séculos...

D. Afonso IV casou com a infanta D. Beatriz de Castela, dois anos mais nova, filha de seu tio-avô, o rei D. Sancho IV, e de D. Maria de Molina. O casamento parece ter sido feliz, Afonso IV é mesmo um caso raro entre os monarcas portugueses, pois não se lhe conhecem barregãs nem filhos ilegítimos. Não deixa de ser estranho num homem que se julga ter sido destituído de escrúpulos.

Terá sido dono de grande moralidade, transmitida pela mãe D. Isabel? Isto poderia explicar a sua falta de tolerância a desvios de comportamento do seu filho e herdeiro, D. Pedro I. E também explicaria que, sendo mais ligado à mãe, se tivesse afastado do pai. Na verdade, D. Dinis preferia a companhia do seu bastardo Afonso Sanches.

A infanta D. Beatriz de Castela, rainha de Portugal, viveu na corte portuguesa desde os quatro anos de idade. Foi criada pela sogra D. Isabel, assim que ficou estabelecido o seu consórcio com o príncipe herdeiro, por ocasião do Tratado de Alcañices, a 12 de Setembro de 1297. Neste Tratado, ficaram definitivamente estabelecidas as fronteiras do reino português. 

Todas as informações conhecidas sobre D. Afonso IV estão reunidas na biografia de autoria de Bernardo Vasconcelos e Sousa (Círculo de Leitores, 2005).

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7 de fevereiro de 2025

Uma jovem de vinte anos, uma égua e uma viagem da Alemanha até Portugal (6)

Continuamos pelo planalto do Norte de Espanha, Comunidade Autónoma "Castela e Leão", rota: Burgos, Valhadolid, Salamanca (parcialmente ao longo do Duero/Douro) - uma região inóspita, esparsamente povoada, mas cheia de gente capaz de reconhecer e recompensar a coragem de uma jovem.

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A 1 de novembro, 55º dia de viagem, Jette montava a tenda, quando um homem veio ter com ela, perguntando se precisava de ração para a égua. Ela aceitou logo, Pinou necessitava de mais do que apenas relva. Foram a casa dele. O homem tinha dois cavalos e Pinou acabou por ser levada para junto deles. O espanhol acabou por dizer a Jette que ela podia dormir no seu quarto de hóspedes. Ao pensar no frio da tenda, ela aceitou, apesar de ele viver sozinho (ou, pelo menos, estar sozinho, naquela altura). Ele encomendou pizza para o jantar. E tudo correu bem, sem surpresas desagradáveis. No dia seguinte, à partida, a moça recebeu ainda um saco de comida.

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Quatro dias mais tarde, Jette recebeu uma mensagem desse mesmo espanhol, perguntando-lhe onde estava e se a podia ajudar a encontrar um local para dormir. A moça deu-lhe as informações e, dez minutos depois, ele enviou-lhe um endereço de uma família que se prontificava a alojá-la, com lugar para a Pinou.

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Numa manhã, um homem veio ter com ela ao caminho, de tractor, dizendo-lhe que gostaria de lhe mostrar os seus cavalos. Além de admirar os belos animais, Jette já não seguiu viagem, acabou por ficar a dormir nessa quinta.

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A próxima cena é tipicamente ibérica, poderia ter acontecido também em Portugal: Jette chegou à praça principal de uma aldeia e, de repente, tinha cerca de quinze pessoas à sua volta. Falavam todas ao mesmo tempo, fazendo-lhe perguntas, mas a moça não as entendia. Uma mulher acabou por surgir com alguém que sabia inglês. E convidou Jette para ficar na sua quinta, que, além da família, albergava um rebanho de trezentas ovelhas.

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A 7 de novembro, 60º dia de viagem, Jette chegou a Moríñigo, perto de Salamanca. Pernoitou, mais uma vez,  em casa de uma família e, no dia seguinte, “um homem muito simpático, sobre um belo cavalo espanhol”, acompanhou-a, mostrando-lhe o caminho para Arapiles, onde lhe tinha arranjado estadia.

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Depois do jantar, em Arapiles, Jette foi levada à bela Salamanca.

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Na manhã seguinte, ela tornou a ser acompanhada, durante alguns quilómetros, por um cavaleiro, amigo da família onde pernoitara. O mesmo aconteceu dois dias mais tarde. Os espanhóis revelavam-se, não só bons cavaleiros, como também cavalheiros.

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Nas últimas etapas, antes da fronteira portuguesa, Jette dava, constantemente, com portões. Estes deixavam-se aliás abrir facilmente e ela não hesitava em passar por esses terrenos, era-lhe difícil encontrar alternativas. Felizmente, não foi admoestada.

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Passava por manadas de bovinos e a Pinou surpreendia-a, mantendo-se calma, contrariando o comportamento que apresentava, antes da viagem: sempre se mostrara nervosa na presença de vacas, ou mesmo de ovelhas e cabras.

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Atrás de mais um portão, porém, Jette deparou com uma quinta de touros! A avaliar pelo vídeo (Tag 64), eu diria que eram de vinte a trinta animais. A moça ainda hesitou, mas acabou por entrar. Coragem, ou inconsciência, irresponsabilidade?

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O certo é que o insólito aconteceu: os touros comportaram-se como cordeirinhos! Ficaram calmos, enquanto a moça passava por eles, sobre a égua. Nem sequer reagiram, quando Pinou não resistiu e começou a comer de um dos montes de palha espalhados pelo terreno.

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Que conclusão tirar? Que os touros não são tão agressivos como se pensa? Que estes estavam habituados a ver cavaleiros e seus cavalos? Que sentiam a descontração de Jette e de Pinou, respeitando-as e/ou não as vendo como ameaça? Os animais têm de facto sensibilidade especial para ler estados de espírito, digamos assim, uma espécie de sexto sentido. Aprendi isso com os cães. E todas as amizades entre humanos e animais, mesmo tratando-se de animais selvagens, como leões, por exemplo, são baseadas numa confiança incondicional, estabelecendo um compromisso que nunca lhes passa pela cabeça quebrar.

Muitos dirão ter sido apenas sorte, no caso de Jette. Não excluo essa hipótese. Mas é fascinante ver as fotografias e os vídeos postados pela moça.

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Estava-se a 10 de novembro. Nesse dia, Jette chegou a Sancti-Spíritus e tinha apenas mais três etapas, até à fronteira portuguesa: Ciudad Rodrigo, Gallegos de Argañán e La Alamedilla. O planalto ia dando lugar à região montanhosa, que plenamente se desenvolve no lado português. A paisagem já era mais verde. Jette acabou por apanhar alguma chuva, o que aliás, tem as suas vantagens.

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Dez dias atrás, a moça lamentava, no seu diário, ainda lhe faltarem mais de 300 km até Castelo Branco. Nesse serão, escreveu que, apesar de se alegrar com a aproximação a Portugal, também se sentia um pouco triste, perante o fim da aventura. O fim desta viagem da sua vida.

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Nota: Todas as fotografias e informações aqui divulgadas foram retiradas do diário de viagem de Jette:

https://www.instagram.com/jette.horse.journey/

@jette.horse.journey