Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

8 de dezembro de 2024

Assim se pariu o Brasil

 


De Pedro Almeida Vieira, tinha já lido O Profeta do Castigo Divino e Corja Maldita, nos idos de 2012/2013. Ao contrário desses dois romances históricos, Assim se pariu o Brasil não é ficção. Na contracapa fala-se, porém, de “numa prosa culta mas cheia de humor”. Pode-se escrever um livro sobre factos históricos, usando humor?

Enfim, não conhecer a História do Brasil colonial ajudou à minha decisão de comprar o livro. Demorei, porém, a pegar nele, adquirido já em 2016. E acabou por me surpreender pela positiva.

O ritmo é o de uma narrativa de aventuras e, apesar de realmente se notar um travo humorístico, nunca é manipulador, o que, na minha opinião, se trata de um equilíbrio difícil de conseguir. Assim aprendemos, por exemplo, como o pequeno Portugal conseguiu ganhar tanto território à potência espanhola; como, neste caso, “o tempo dos Filipes” acabou por beneficiar o nosso país; como os colonos portugueses, auxiliados por indígenas e africanos, lograram expulsar franceses e, principalmente, neerlandeses, que se desunharam para arrebanharem o Norte sertanejo e, enfim, onde se explica como o enorme Brasil conseguiu garantir a sua unidade, enquanto as colónias espanholas se desmembraram em vários países.

Ou seja, recomenda-se. O livro contém ainda ilustrações de Enio Squeff.

1 de dezembro de 2024

Os Anos

 


Annie Ernaux, vencedora do Nobel da Literatura em 2022, escreve sobre a sua vida, usando, porém, uma nova forma narrativa, que se poderia apelidar de "autobiografia impessoal coletiva". Nunca utiliza a primeira pessoa, oscilando entre a terceira do singular e a primeira do plural.

As memórias vão surgindo, através de fotografias. No entanto, Annie Ernaux utiliza o pronome "ela" para falar de si própria e o pronome "nós", ao descrever a vida e os acontecimentos. Partindo de uma menina, que se torna adolescente, mulher jovem, mulher madura, mulher idosa, Annie Ernaux conta, não só a sua história, como a da França e do resto do mundo (vista de França), desde meados dos anos 1940 a 2006: o período pós Guerra Mundial, o liceu, a universidade, a escrita, um casamento que se adivinha efémero, de Gaulle, 1968, a suposta emancipação da mulher, Mitterand, a globalização, o envelhecer...

Annie Ernaux liga a vida pessoal, do dia-a-dia, com os grandes acontecimentos políticos e históricos. Porque é disso mesmo que são feitas todas as nossas vidas. E fá-lo, claro, sob a perspetiva feminina. O melhor é mesmo deixar falar o livro:

"As férias grandes serão uma longa travessia de tédio, de atividades minúsculas para ocupar os dias: (...) ir à cidade comprar champô e um livro da coleção Petit Classique Larousse, passando, com os olhos no chão, em frente ao café, onde os rapazes jogam flipper." (p. 46)

"Tínhamos a certeza de que com a pílula a vida ia dar muitas voltas, seríamos de tal modo livres em relação ao nosso corpo que era assustador. Livres como um homem." (p. 72)

"A religião católica, sem qualquer cerimónia, desaparecera do contexto das nossas vidas (...) A Igreja já não aterrorizava o imaginário dos adolescentes na puberdade, já não regulamentava as relações sexuais e o ventre das mulheres saíra da sua zona de influência. Ao perder o seu principal campo de ação - o sexo -, a Igreja perdera tudo." (p. 124)

"Os filhos, sobretudo os rapazes, dificilmente largavam o ninho familiar, o frigorífico cheio, a roupa lavada, o ruído de fundo das coisas da infância. Faziam amor, com todo o à-vontade, no quarto ao lado do nosso. Insatalavam-se numa juventude longa e duradoura, o mundo parecia não estar à sua espera." (p. 140)

"Para toda a gente, inclusive para os migrantes clandestinos amontoados num bote em direção à costa espanhola, a liberdade tinha por rosto um centro comercial, hipermercados a desabar sob o peso da abundância. Parecia natural que os produtos chegassem do mundo inteiro, circulassem livremente, e que os homens fossem reprimidos nas fronteiras." (p. 177)

Um grande livro. Não deixem de ler!


25 de novembro de 2024

"Maria-rapaz"

Nas minhas infância e juventude, acontecia ouvir com uma certa frequência a expressão "Maria-rapaz". Dizia-se de meninas que eram vivaças, gostavam de corridas, de trepar às árvores ou de outras brincadeiras consideradas serem de rapazes. Mostrar entusiasmo com uma boa dose de decibéis também estava reservado aos representantes do sexo masculino.

A expressão era dita num tom muito crítico, ou mesmo acusatório. O objetivo era gerar vergonha. Por acaso, em minha casa, abria-se uma exceção. Era de mim esperado que eu jogasse futebol com o meu irmão, ou que cooperasse nas corridas de carrinhos Matchbox por os meus pais acharem eu dever entreter o menino. Aquilo que vinha mascarado de avanço civilizacional era, no fundo, uma outra maneira de acentuar a superioridade dos interesses masculinos. Nem sequer se punha a hipótese de que o meu irmão, a fim de retribuir um pouco da atenção por mim dada aos seus interesses, se juntasse àss minhas brincadeiras com bonecas ou tachos de miniatura.

Falei em avanço civilizacional, porque, em relação aos anos 1960/70, as mulheres são hoje mais bem aceites na vida pública, exercendo profissões anteriormente reservadas a homens. Até o futebol feminino tem vindo a considerar-se "normal". No entanto, no que respeita à infância, e tendo-se extremado as posições, há quem entre em verdadeiro histerismo ao ver meninas em brincadeiras de rapazes, ou a usar roupas parecidas com as deles. A "Maria-rapaz" parece representar uma maior ofensa aos adultos sensíveis do que há quarenta ou cinquenta anos.

Tudo isto é muito estranho num país que possui, entre os heróis nacionais, uma mulher, digamos, masculinizada.

Brites de Almeida era alta, corpulenta e andava sempre envolvida em desacatos. Diferente das outras meninas, enfrentava qualquer um, com as mãos, com a espada ou à pazada. 

 

 

Brites de Almeida, mais conhecida por padeira de Aljubarrota, não se enquadrava nos típicos padrões femininos: era feia, de cabelos crespos, muito forte e grande. Tinha um comportamento masculino, o que se refletiu nas profissões que teve ao longo da vida.

Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. 

 

Oh, diabo, mas isto da Padeira de Aljubarrota é muito woke, não vos parece?

14 de novembro de 2024

Big Bands e podcasts

Longe vão os tempos do emigrante português analfabeto e humilde. Na edição de agosto passado do jornal português na Alemanha PT-Post, li sobre dois nossos compatriotas, dos quais nunca tinha ouvido falar, mas que atingiram um certo destaque na sociedade alemã.

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Marco Matias

Marco Matias, filho de portugueses oriundos da Calda das Taipas, Guimarães, nasceu em junho de 1975 em Solingen, uma cidade conhecida pela sua indústria de cutelaria e onde muitos portugueses encontraram emprego.

Marco Matias é a voz masculina da Big Band do exército alemão (Big Band der Bundeswehr). Inspirado pelo major norte-americano Glenn Miller, fundador de uma banda militar que optava pelo swing em detrimento das habituais marchas, o Ministro da Defesa alemão Helmut Schmidt (mais tarde, chanceler) fomentou, em 1971, a formação de uma banda desse estilo. Além do swing, a Big Band der Bundeswehr toca igualmente rock e pop.

Marco Matias começou a dar nas vistas em 2003, ao participar num programa de casting intitulado “Die Deutsche Stimme”. Embora o título se traduza por “A Voz Alemã”, este programa nada tem a ver com The Voice of Germany, idêntico ao da versão portuguesa e cuja primeira temporada foi para o ar em 2011.

Em 2005, Marco Matias participou no Festival da Canção alemão, em dueto com a cantora Nicole Süßmilch, e ficou em segundo lugar. No ano seguinte, atuou mesmo no Festival Eurovisão da Canção, mas representando a Suíça, integrado no grupo Six4one.

Tornou-se vocalista da Big Band do exército alemão, em 2017. Como, nesta altura, já tinha, porém, uma vasta rede de conhecimentos, continua a colaborar com outros conjuntos, permitindo-lhe atuar em mais de cem eventos por ano.

 

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Vítor Gatinho (Foto Instagram)

Vítor Gatinho, de quarenta e um anos, filho de portugueses e nascido em Frankfurt, é um médico pediatra com milhares de seguidores nas redes sociais. Além disso, já venceu duas vezes o prémio de melhor podcast, na categoria “Ratgeber” (orientação e aconselhamento), e escreveu três livros, um deles atingindo o primeiro lugar na lista de best-sellers do Spiegel.

Vítor Gatinho era um médico como outro qualquer, até que chegou a pandemia, em 2020. Obrigado a passar os tempos livres em casa, apercebeu-se de médicos, sobretudo americanos, que publicavam vídeos no TikTok e resolveu começar a fazer os seus próprios vídeos. Do TikTok, passou para o Instagram, onde, dos seus 120 seguidores iniciais (familiares e amigos), passou a ter mais de 700.000!

O sucesso levou-o a criar um podcast (o artigo não explica se sozinho, ou sugerido/apoiado por alguém ou alguma entidade), onde explica, de uma forma descomplicada, várias questões à volta da infância e da adolescência. Em março e abril deste ano, pisou, pela primeira vez, os palcos, a fim de interagir com o público, numa digressão por Frankfurt, Hamburgo, Estugarda e Munique.

Estas atividades passaram a ocupar tanto espaço na sua vida, que reduziu o tempo de trabalho na clínica, de cinco para três dias por semana. Já pensou em criar conteúdo em português, mas confessa não serem suficientes os seus conhecimentos da nossa língua para fazer vídeos. Além disso, não conhece a realidade da medicina pediátrica, nem da vida de crianças e adolescentes, em Portugal e calcula haver muitas coisas a funcionarem de outra maneira. Alimenta, porém, o desejo de ver os seus livros traduzidos para português.

 

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Kölner Stadt-Anzeiger

Já agora, a propósito dos sessenta anos da presença da comunidade portuguesa na Alemanha, foi renovada a placa comemorativa em memória de Armando Rodrigues de Sá, o milionésimo imigrante (Gastarbeiter). Armando Rodrigues de Sá chegou à estação de Köln-Deutz, a 10 de setembro de 1964. A placa havia sido inaugurada em 2014, por ocasião dos cinquenta anos da sua chegada, mas estava muito deteriorada. Foi renovada, a pedido do Conselho de Integração da cidade de Colónia, e novamente descerrada, a 3 de setembro passado.

A placa, embora evocativa da chegada do português, é dedicada a todos os imigrantes, como se lê no título: Den Eingewanderten gewidmet.

29 de outubro de 2024

A origem do mirandês


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Fotografia de 1914

Deparei, há dias, com um vídeo do Professor Marco Neves sobre o mirandês, reconhecido como língua, pela Assembleia da República, há vinte e cinco anos. Infelizmente, tenho apenas este link do Instagram, não sei se há acesso ao vídeo por outro meio.

Costumo seguir os vídeos do linguista Marco Neves e este chamou-me particularmente a atenção, porque a língua mirandesa é algo que me tem ocupado, nos últimos anos, não tivesse eu uma boa costela transmontana – de “Trás-os-Montes Oriental”, acrescente-se, pois há grandes diferenças entre os distritos de Vila Real e de Bragança, incluindo os dialetos que se falavam nas aldeias.

O Professor Marco Neves vem clarificar um equívoco: muita gente pensa que o mirandês começou por ser um dialecto do português. Nada mais errado! Sabemos que o português e o galego têm a mesma origem. O mirandês, no entanto, pertence a um outro grupo linguístico, o asturo-leonês, uma variante situada, geograficamente, entre o galaico-português e o castelhano.

Acrescento (isto não vem no vídeo) que, à altura da formação de Portugal, Castela ainda não era o grande reino no qual se tornou mais tarde. O reino mais poderoso da Península Ibérica era Leão (ao qual pertencia o condado Portucalense). E, nesse reino, como é óbvio, não se falava castelhano, mas asturo-leonês. Esta língua acabou por desaparecer. Falava-se na região que, das Astúrias, descia para Zamora e Salamanca e espalhou-se ainda mais para Sul, enquanto o rei de Leão deu cartas na Reconquista. Leão acabou, porém, por ser engolido por Castela, com uma (grande) ajuda de Portugal. A independência da nossa nação foi-lhe fatal. Enquanto, a Leste, Castela se tornava cada vez mais poderosa, a expansão de Afonso Henriques para Sul impediu a progressão do malogrado reino para Ocidente. Enfim, o nome ficou eternizado na grande região espanhola de “Castilla-León”.

Tudo isto para dizer que, no Portugal dos primeiros séculos, em vastas regiões das terras de Bragança, não se falava o galego-português, mas o asturo-leonês. Tenho seguido com muito interesse este estudo, através de Rui Rendeiro Sousa. Natural de Macedo de Cavaleiros, dedica-se, há mais de trinta anos, à História do seu concelho, tendo já publicado livros sobre muitas freguesias.

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Carrapatas, anos 1960 (desconheço o autor da fotografia)

Rui Rendeiro Sousa afirma que a língua, hoje conhecida como mirandês, se falaria numa vasta região do atual distrito de Bragança. Esse idioma foi, ao longo dos séculos, sendo empurrado, pelo português, cada vez mais para Leste, até se limitar a uma pequena zona circunscrita (a de Miranda do Douro).

Uma coisa é certa: quando eu era criança, não entendia as pessoas da aldeia-natal do meu pai, com o curioso nome de Lombo. Quase nem entendia a minha própria avó. Falavam português, mas de uma maneira, digamos, estranha. Hoje, já quase ninguém fala assim. O sotaque transmontano continua a ser especial (não o confundam com o da faixa litoral Minho/Porto, não tem nada a ver), mas já nenhum português de outras paragens tem dificuldade em entender os naturais da região.

 

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Freguesia do Lombo, concelho de Macedo de Cavaleiros (fonte: página da freguesia no Facebook)

Acrescento palavras do próprio Rui Rendeiro Sousa, até porque ele consegue muito bem demonstrar uma maneira de falar única e que começou a desaparecer nos anos 70/80 do século passado. Estas palavras são excertos de textos que vai publicando no Facebook, na sua luta pela verdadeira identidade do que ele denomina de “Trás-os-Montes Oriental”. O primeiro vem a propósito de um artigo sobre a mania de os nortenhos trocarem os “vês” pelos “bês”, acrescentando-se: «No passado, o Norte de Portugal e a Galiza partilhavam a mesma língua, o galaico-português»:

Um Norte ao qual também tenho imenso orgulho em pertencer! Todavia, há dois «Nortes», geográfica, histórica, linguística, etnológica e etnograficamente. Por isso não dançamos por aqui o Vira Minhoto, nem Pauliteiros ou Caretos há pelo Norte Litoral… Mais orgulho ainda tenho em pertencer ao segundo dos «Nortes», o Interior, que nada tem a ver com o Litoral! E ainda mais orgulho tenho em pertencer a «Trás-os-Montes Oriental» denominação que se vem tornando tradição, no universo da historiografia, para designar, grosso modo, o território que corresponde ao actual distrito de Bragança!

No que respeita à publicação em causa, desconhecerá (naturalmente) a autora (e todos aqueles que a partilham), que pelas bandas do tal de «Trás-os-Montes Oriental», especificamente na tal de Terra Fria, não havia Galego-Português para ninguém (à excepção dos letrados da corte que para aqui vinham em públicos cargos). Havia, sim, um outro ramo, o Asturo-Leonês, do qual derivam os dialectos Riodonorês e Guadramilês, e a oficial Língua Mirandesa. Idioma este que até era o por aqui falado pelos nossos bisavós/trisavós… E no qual não há nenhuma troca de «vês» por «bês», ou o inverso, porque o alfabeto Mirandês nem sequer contempla a letra «v»! Dito de outra forma, enquanto a «Língua Fidalga», a norma-padrão Português, é uma evolução a partir do Galego-Português, a «Língua Charra», na qual se inclui o Mirandês e os dialectos com raízes aí, é uma evolução com origem no Asturo-Leonês.

 

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Fotografia de Artur Pastor (desconheço a data)

 

E a propósito da passagem, em 1884, do linguista Leite de Vasconcellos por Macedo de Cavaleiros:

Porque falavam os nossos “abós d’ua forma ztranha” e temos Pauliteiros em Salselas? [Salselas é uma outra freguesia do concelho de Macedo de Cavaleiros]

As “belhinhas” e medievais «Terras de Miranda» abrangiam, histórica e geograficamente, uma vasta extensão, que incluía, não só os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro, mas também uma grande parte dos concelhos de Bragança, Freixo, Moncorvo e… Macedo de Cavaleiros!!!

É por isso que (ainda) temos por cá Pauliteiros (os magníficos de Salselas!), e outros já tivemos…

Havia outras coisas, que ele [Leite de Vasconcellos] deixou magnificamente registadas. Nomeadamente a soberba essência dos nossos “abós”, os tais que falavam de uma forma “ztranha”. E é delicioso ver os apontamentos desse «básico» Homem que incluiu as Terras Macedenses no seu périplo, por cá andando “d’a cabalu’e n’ua burra”… E descansando numa hospedaria, que na altura era chamada de “stalaige”, porque os seus donos eram os “stalajadeirus’e” (e as “stalajadeiras’e”). E “habia deis im Macedu’e, pur’u menus’e”, não sabendo a qual dos dois terá solicitado repouso… Mas sei que, nessa época, pediu batatas para acompanhar o jantar e os convivas riram-se… Porque, a contrariar a realidade actual, na qual a “balula” é indissociável da nossa riquíssima gastronomia, nesse tempo dos nossos “abós/bisabós”, o digno tubérculo era produzido, quase exclusivamente, para “butare na bianda”… A dos “cutchinus’e”…

E “prontus’e”… Lá vou “intentandu’e” partilhar o tanto que “fêzu” o que “sêmus’e”, trazendo por aqui o muito que guarda uma terra que até já foi “mim piquerrutcha”…

Dizem, por «Terras de Miranda», no seu fantástico idioma, que também já foi o nosso, que têm imensa «proua an ser Mirandés». Deturpo-lhes a expressão, alterando-a para algo que melhor se me adapta, não a escrevendo em «Pertués», mas no original «Mirandés»: «proua an ser de Macedo de Cabalheiros»! Porque «ye a tierra adonde naci, a mie tierra»…

 

Castanhas assadas.jpg

Desconheço autor e data