Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

24 de julho de 2024

Casa Buddenbrook

 

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Holstentor (Porta de Holsten), em Lübeck - Foto Horst Neumann

Lübeck, no Norte da Alemanha, não tem apenas um passado glorioso como importante cidade da Liga Hanseática. Era igualmente o berço dos irmãos Thomas e Heinrich Mann, cuja família enriquecera precisamente com o comércio praticado nos Mares do Norte e Báltico.

Thomas, vencedor do Nobel da Literatura, é o mais conhecido dos dois. Mas Heinrich Mann foi igualmente um excelente escritor, autor de, por exemplo, Professor Unrat, o livro que serviu de base ao filme O Anjo Azul, dando a conhecer ao mundo Marlene Dietrich.

Thomas Mann escreveu verdadeiros clássicos da literatura mundial, como Morte em Veneza, A Montanha Mágica e Os Buddenbrook (todos eles fontes de inspiração para o cinema e/ou séries). N' Os Buddenbrook, o escritor baseou-se na própria família. Tanto, que a casa dos Mann, em Lübeck, construída em finais do século XVIII, se chama Casa Buddenbrook.

Íamos com vontade de a visitar, na semana passada, mas estava em obras. Pode, aliás, visitar-se uma exposição sobre os Buddenbrook num outro outro local, mas acabámos por não o fazer. Fica para a próxima, quando a verdadeira casa tornar a abrir ao público. Lübeck não é muito longe de Stade: cerca de 120 km, hora e meia de comboio, com transbordo em Hamburgo. No entanto, se quisermos ver o interior da famosa casa, teremos de esperar até 2028. Nessa altura, as obras terão durado cerca de dez anos.

A duração destes trabalhos tem dado que falar. Não sei se foi essa polémica a inspiração para a espécie de banda desenhada colocada nas janelas da casa. Os protagonistas são os próprios irmãos Mann. No início, são identificados com turistas, que dão com a porta fechada.

- Thomas, a casa dos Buddenbrook está em obras.

O irmão contrapõe: - Nós conseguimos fazer melhor Heinrich, se unirmos a intelectualidade à força dos nossos braços.

Heinrich permanece céptico, mas Thomas está decidido. Os dois começam os trabalhos e não tarda a instalar-se a confusão. Depois de algumas peripécias, o balde de cimento fresco acaba por cair e enfiar-se na cabeça de Heinrich. Thomas acha uma pena, tinha acabado de misturar o cimento, tanto trabalho para nada. Nestas cogitações, dá-se conta de que o melhor é livrar o irmão daquela situação aflitiva, antes que o cimento seque.

- Boa ideia - concorda Heinrich. - Tu tens sempre as melhores ideias.

Vaidoso com o elogio, Thomas inicia uma dissertação sobre como tem sempre boas ideias, seja para enredos, seja em pensamentos filosóficos, até que Heinrich tem de o interromper, pois o cimento começa a secar. Depois de resolvida a situação, Thomas sugere deixar aquele tipo de trabalho nas mãos de profissionais.

- Mais uma vez, uma exelente ideia tua - concorda Heinrich. - Olha, vamos mas é à Benhaus, ver a exposição dos Buddenbrook!

- Surpresa! Afinal, tu também tens boas ideias!

Para ser sincera, não achei grande piada. Acho que estes dois génios da literatura mereciam melhor do que uma história que os infantiliza e carecida de originalidade, ao basear-se na máxima "cada macaco no seu galho": os artistas que façam uso da sua intelectualidade e deixem outros tipos de trabalho para quem entenda disso. Seria para honrar os trabalhadores da construção civil? Não haveria outra maneira? Qual é a vossa opinião?

Enfim, deixo-vos com um pequeno vídeo da fachada da Casa dos Buddenbrook. Valha ao menos as figuras dos irmãos estarem bem desenhadas.


 

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