A
propósito de um homem que, na Tailândia, se dedica a dar banho a cães de rua,
logo se levantaram as críticas moralistas: num país, onde há tanta pobreza, vai
o homem preocupar-se com rafeiros! Que dê de comer às crianças pobres!
Eu
gostava de perguntar a muita dessa gente o que costuma fazer pelos pobres.
Se
este homem decidisse gastar o seu tempo livre a ver televisão, ou em frente do
computador, indiferente à miséria existente à sua volta, seja de pessoas, seja
de animais, deixavam-no em paz. É essa a grande ironia. Quem resolve agir,
raramente é bem visto. Talvez porque recorde às pessoas que existe algo chamado
consciência…
Em
2003, o escritor colombiano Fernando
Vallejo, que ganhou um prémio no valor de cem mil dólares, também chocou as
almas dos moralistas de pacotilha ao doar a totalidade do dinheiro para ajudar
os cães de rua da América do Sul. Para ajudar os cães? Num país onde há tanta
pobreza?
Decidisse
o escritor desbaratar o valor do galardão em orgias de sexo e álcool, ou
fosse um colecionador de automóveis e comprasse uns quantos, apenas para os ter
na garagem, não ajudava ninguém. E, no entanto, os moralistas
limitar-se-iam a encolher os ombros e a dizer: o dinheiro pertence-lhe, faz
dele o que quiser!
Gente
dessa, que, ao abrigo da sociedade de consumo, critica quem se dedica aos
animais abandonados, esquece-se que ajudá-los é ajudar as pessoas, ainda que
indiretamente. É preciso olhar mais longe e estabelecer ligações. Que seria deste nosso mundo cheio de cães e gatos esfomeados
pelas ruas, infestados por parasitas e doenças? Um perigo gigantesco para a
saúde pública! E reuni-los e abatê-los também custa dinheiro e carece de
infraestruturas. Por isso, deem graças a Deus por existirem pessoas que se
dedicam a eles!
Fazer
o bem porque se sofre com o sofrer de outros seres, seja em que dimensão for, não deve ser nunca objeto de
crítica, principalmente por quem se acomoda na sua vidinha pasmaceira!
Na sua
encíclica Laudato si’, o papa
Francisco mostra-nos como a proteção da Natureza e o respeito pela criação divina
(que inclui os animais) estão indiretamente
ligados à justiça social, pelo que ajudam a erradicar a pobreza.
Nem
duvidem!
Fico doida com essas comparações. Umas coisas não substituem as outras...
ResponderEliminarÉ verdade, Vespinha.
ResponderEliminarTudo desculpas para se ficar insensível ao sofrimento animal :(