É
óbvio que este livro não tem um alto valor literário. Mas cumpre um dos
pressupostos exigidos por quem se dedica à literatura: ensina-nos algo. Não
somos os mesmos depois de o lermos. Ele não se restringe a narrar a amizade
entre um homem e um gato. Aprendemos, acima de tudo, como vive um sem-abrigo,
viciado em drogas, que tenta ganhar dinheiro fazendo música de rua (numa
primeira fase, nem isso conseguia). E eu nunca mais vou olhar para um músico de
rua da mesma maneira.
Os
livros também servem para nos darem a conhecer formas de vida, com as quais, de
outro modo, dificilmente, ou nunca, entraríamos em contacto. Para isso, não é
preciso escrever uma obra literária. É preciso publicar algo com pés e cabeça,
um texto bem estruturado, que nos transmita experiências, sentimentos e
sensações. E que seja honesto!
Este é
um livro sobre a solidão, sobre a indiferença pura e dura, sobre o desprezo em
relação a alguém que não se enquadra nos nossos padrões de vida, um desprezo
que só é possível aguentar sob o efeito de drogas.
«A
vida na rua rouba-nos a dignidade, a personalidade e... no fundo, tudo.
Deixamos de existir para tudo e todos. Um sem-abrigo é invisível para os seus
semelhantes».
Penso
que a grande vantagem deste livro é a honestidade. O autor, que não o escreveu sozinho (e não faz segredo disso) não
se dá ares de intelectual, pelo contrário, é uma pessoa bastante humilde, que
tudo relata com uma sinceridade desarmante. Foi
isso que mais me tocou. Livros destes levam-me a tornar a fazer as pazes com o
mundo, quando chego ao ponto de acreditar (e não poucas vezes) que honestidade
e sinceridade não são compatíveis com o ser humano. Livros destes tornam-me a
dar um pouco de esperança em relação à humanidade, ainda que, para isso, seja
necessária a ajuda de… um gato!
«Bob é
o meu melhor amigo, ajudou-me a encontrar uma vida nova, muito melhor do que a
anterior. Para isso, ele não exige nada de complicado ou de irrealista em
troca. Ele deseja apenas que eu esteja a seu lado. E eu estou».
A versão original, em inglês, intitula-se A Street Cat Named Bob.
Foto Daily Mail |
A versão original, em inglês, intitula-se A Street Cat Named Bob.
A Janis Joplin também teve um caso com um Bob McGee...
ResponderEliminar;)
https://www.youtube.com/watch?v=WXV_QjenbDw&list=RDWXV_QjenbDw#t=4
ResponderEliminarParce que os "Bobs" compensam, tanto p'rá menina, como p'ró menino ;)
ResponderEliminarOlha... e não é que fiquei com vontade de ler? ;)
ResponderEliminarForça, Vespinha :)
ResponderEliminarEntretanto, ele já escreveu mais dois livros sobre a vida dele com Bob. Em setembro, vem a três cidades alemãs, penso que apresentar a versão alemã do terceiro livro. Parece que é a primeira "tourné" que faz no estrangeiro, viajar com o Bob deve ser um pouco difícil. Vai ter autocarro à disposição, não vem de avião, pois os seus leitores não concebem uma sessão de autógrafos sem o famoso gatinho ;)
Por acaso, nesse mês, vou estar em Portugal...
Parece muito, muito interessante.
ResponderEliminarFui eu que deixei um comentário no blog "horas extraordinárias", pedindo que sugerisse mais livros com gatos e depois vi o link e vim aqui parar. Um dia destes leio. Não é a minha prioridade a leitura de livros sobre animais, mas de vez em quando leio um ou outro; como este é também sobre um sem-abrigo e sua relação com um gato desperta-me mais a curiosidade.
E já agora, parabéns pelas publicações. São romances históricos? Desculpe se estou a fazer uma pergunta idiota, mas é um género que leio pouco: não desgosto, mas prefiro ler romances de ficção e poesia.
Obrigada!
Eu, Lua Azul, deixei o meu comentário anterior.
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