Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de junho de 2025

Um ano com D. Dinis (40)

LEVANTAMENTO DO INTERDITO 

A 30 de Junho de 1290, foi levantado um interdito a que o reino de Portugal esteve sujeito desde 1267. Assim esteve o reino proibido de realizar missas e sacramentos (salvo raras exceções) durante mais de vinte anos.
 
Este tinha sido aliás o segundo interdito, no espaço  de doze anos. Um outro havia sido lançado em 1255, por D. Afonso III ter sido acusado de bigamia. Durou até 1263, surgindo o próximo, apenas quatro anos depois, devido aos conflitos entre o mesmo D. Afonso III e o clero. 

 

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D. Dinis na sua corte (ignoro qual o autor desta imagem)

 

Ao ser aclamado rei, em Fevereiro de 1279, com apenas dezassete anos, D. Dinis herdou um reino sob interdito. E foram longas e difíceis as negociações com a Santa Sé, até o papa Nicolau IV decretar o seu fim, em 1290.

 

Naquele Estio, festejou-se na corte portuguesa um grande acontecimento: Nicolau IV levantou, a 30 de Junho, o interdito a que o reino estivera sujeito mais de vinte anos.

Podiam finalmente abrir-se as igrejas, celebrar-se os Ofícios Divinos, proceder-se aos sacramentos, coisas que, para uma grande parte da população, não passavam de memórias longínquas, para não falar dos que nunca haviam assistido a tais procedimentos. Haviam-se desenvolvido cultos populares misturados com ritos pagãos.

Curiosamente, Isabel interessava-se muito por esses cultos, fazia inclusive planos de, nas suas vilas, integrar alguns nas celebrações oficiais da Igreja. A rainha era sensível a tudo o que fosse espiritual, sentia-se responsável pela salvação das almas das populações e tencionava supervisionar pessoalmente a reorganização das igrejas locais. 

(Do meu romance Dom Dinis, a quem chamaram O Lavrador)

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