Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de março de 2017

Ainda a influência do Estado Novo


Neste interessante artigo, mais uma vez se confirma que os mitos históricos criados e/ou alimentados pelo Estado Novo continuam a dominar o nosso imaginário coletivo. Nas palavras da historiadora Ana Maria Rodrigues: «Ainda estamos muito influenciados pela história do Estado Novo, pois os reis e rainhas de que mais se gosta ainda são os mesmos que se elogiavam na instrução primária há 50 anos».

Pergunto-me se os programas escolares continuam a ser responsáveis por esta situação. As historiadoras Ana Maria Rodrigues, Manuela Santos Silva e Ana Leal de Faria, que também são professoras, culpam mais os autores de romances históricos, o que me entristece, pois um dos meus objetivos, ao escrever ficção histórica, é precisamente acabar com esses mitos, baseando-me nos mais recentes estudos.

Preocupadas com a verdade histórica, estas três historiadoras coordenam a série Casamentos da Família Real Portuguesa, publicada pelo Círculo de Leitores e que vai no seu segundo volume. O primeiro ocupa-se da época medieval até aos finais do século XVI; o segundo abrange os séculos XVII, XVIII e XIX.




É uma obra que me interessa, até porque as autoras «consideram que a história necessita de reinterpretações e é preciso acompanhar as novas correntes. Como a da recente que se preocupa com os afetos». Não posso, porém, deixar de me perguntar se estas novas correntes não são influenciadas pela ficção histórica. Se assim é, o romance histórico tem, pelo menos, as virtudes de contribuir para que o estudo da História se reinvente e se empenhe em acabar com certos mitos.


2 comentários:

Anónimo disse...

Descobri este seu blogue à custa da data de nascimento de D. Afonso I (postagem de 2011). Fiquei contente por ver que ainda o mantem (e pude constatar que partilhamos um gosto em comum de seu nome José Saramago).

Para alem disso, numa sua postagem de março, creio verificar que mexe consigo (comigo mexe e muito por vezes!) os mitos criados acerca de personagens e acontecimentos da nossa historia nacional...

Sinceros cumprimentos de um conterrâneo que vive fora da Lusitânia romana ainda que dentro da mítica que nunca existiu... e com a promessa que a vou continuar a ler.


Nuno Cruz

Cristina Torrão disse...

Caro Nuno, muito obrigada pelo seu comentário e volte sempre!