Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de maio de 2014

História da Vida Privada em Portugal - A Idade Média (14)


Ervas aromáticas e especiarias eram os dois extremos da acessibilidade. Se as primeiras se colhiam no campo, tão gratuitas como o sol e a água que as fazia crescer, ou vicejavam na horta doméstica, em conjunto com toda a outra sua variada produção, as segundas vinham das longínquas terras do Oriente, oneradas com os custos astronómicos de meses de viagem onde perigos de vária ordem esperavam quotidianamente e, por isso mesmo, poucos se atreviam a afrontá-los. A sua oferta, muito variada em espécies porque a Idade Média usou muitas mais do que aquelas que actualmente se conhecem, era relativamente reduzida em quantidade. E caríssima. E rara. Só as grandes cidades as ofereciam à venda, ou o mercador que se aproximava do paço senhorial. Aliás, só as famílias de grandes recursos económicos podiam adquirir especiarias puras. As outras, gentes endinheiradas, cidadãos grados, tinham de contentar-se com misturas mais ou menos adulteradas. Aos demais eram completamente inacessíveis.

A Alimentação, Iria Gonçalves (p. 239)

«porque a Idade Média usou muitas mais do que aquelas que actualmente se conhecem» - a prova de que não fomos nós que introduzimos as especiarias na Europa. Elas já eram bem conhecidas, antes dos Descobrimentos portugueses, e bem mais variadas do que hoje em dia.


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