«- D. Afonso
Henriques prepara um grande fossado contra os mouros e há mister de todos os
homens livres, que lhe devem serviço na hoste.
- Ai valha-me
Deus – soltou Adosinda, benzendo-se e sendo imitada pelas filhas.
Iniciou-se na
Terra de Paiva uma euforia nunca vista.
Os ferreiros
trabalhavam noite e dia nas suas forjas, aprontando armas, principalmente
lanças e capelos de ferro, algumas pagas com a prata dos cavaleiros de D.
Afonso, outras, pelos próprios lavradores. As mulheres confecionavam gibões de
guerra para que os seus homens melhor pudessem proteger o corpo, uma vestimenta
com várias camadas de linho e acolchoada com lã, também conhecida por perponto.
Enquanto eles se
juntavam nos adros das igrejas, nos paços dos nobres e no castelo de Fornos, a
fim de ouvirem os cavaleiros e os barões da sua terra, as mulheres desfaziam-se
em rezas, sacrifícios e promessas».
Os anos
entre 1138 e 1147 foram decisivos para a formação do reino de Portugal, acontecimentos
como a Batalha de Ourique, o casamento de D. Afonso Henriques e a Conquista de
Lisboa influenciaram igualmente a vida dos mais humildes, que foram afinal os primeiros portugueses da História.
Jacinta,
a personagem principal deste romance, é uma dessas pessoas.
Seguindo o
percurso desta jovem, o leitor é introduzido na forma de vida do século
XII, em que virtude e pecado andavam lado a lado, sendo ténue a fronteira entre
o aceitamento e a maldição. Quem não se conformava com as normas caía
facilmente na marginalidade.
«E porque
haveria de consentir no nascimento de uma criança que seria igualmente alvo da
crueldade daquela gente?
Jacinta cerrou
as mãos em punho, por baixo da mesa, ao surgir do pensamento que a assustava.
Sabia que havia guisas de evitar que uma criança nascesse. E que a bruxa do
Serro do Cão era sábia nesses procedimentos…»
Violação, aborto, adultério,
bruxaria e prostituição são algumas das situações em que Jacinta se vê
enredada, enquanto a História de um condado feito reino segue o seu curso.
Amanhã, divulgo a capa!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCurto bué o nome Jacinta, apesar de menos comum que Maria, é no entanto, apesar da sua raridade, possuidor de uma ressonância sensual, se não mesmo erótica.
ResponderEliminarLembra-me o nome daquele brasileiro; o seu Jácinto Leite Cápelo Rêgo...
(Pronto! Não passas sem dizer uma parvoíce qualquer, Bartolomeuzinho... deves achar que tens montes de piada... carroceiro!)
"Ressonância sensual" - acho que fica bem à minha personagem ;)
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