Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

8 de fevereiro de 2018

Sobre o insulto


Insultos são palavras proferidas com o intuito de ferir, ou seja, violência verbal. Os insultos têm origem no desejo de adquirir poder, quando a nossa impotência nos incomoda. Quem insulta, aumenta a sua autoestima com tiradas carregadas de ódio; quem insulta, combate a sua impotência rebaixando os outros.

A livre expressão e o debate representam uma parte importante da democracia. Porém, por mais que os pontos de vista se diferenciem, e apesar de toda a dureza que se possa usar, há que ter em conta que não se deve humilhar o outro. Afirmações, acusações e juízos generalizados, sem provas, nem nomear fontes, constituem um baixíssimo nível de argumentação, cheio de vaidade e orgulho ferido.

Num artigo publicado na revista Visão de 15 de Setembro de 2016, sobre insultos na política, dizia-se:

«O insulto pode ser fruto da falta de autocontrolo. De uma explosão espontânea ou premeditada, quando não há outros argumentos. Segundo a psiquiatra Maria Antónia Frasquilho, antiga diretora do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa,  nunca se deve permitir que funcione como tratamento para alguém carregado de tensão. "É um destratamento", afirma. "Ao descarregar a pressão, quem insulta não resolve um problema. Está a criar outro: o abuso moral sobre a vítima".
No seu livro Stick and Stones - The Philosophy of Insults, Jerome Neu, professor numa Universidade californiana, define o insulto como a declaração ou assunção de domínio, quer reivindicando superioridade, quer revelando falta de consideração. E, escreve, ser insultado é sofrer um choque, a disrupção do nosso sentido de nós mesmos e do nosso lugar no mundo. É que quem insulta fá-lo com esse objetivo. Quer remeter o alvo ao desprezo, desvalorizá-lo, realçando os seus pontos fracos, apoucá-lo e desumanizá-lo».

Para terminar, as palavras de Ilse Junkermann, bispa alemã (luterana), por mim traduzidas:

«As pessoas movimentam-se em sistemas pensantes fechados e aceitam apenas informações dos seus "semelhantes". As vivências de uma pessoa são o seu cartão de visita. Quais teriam sido as vivências de alguém que exerce violência verbal? Podemos exprimir-nos de maneira crítica perante certas palavras ou atitudes, até julgar a pessoa em pensamentos ou palavras, mas temos sempre de respeitar a sua condição de ser humano. Esta é uma posição cristã».


2 comentários:

Sou a mãe do puro amor Lucia Bauer disse...

Uma das vantagens de ser amiga de pessoa de tal quilate é que sempre me deparo com polemicas que me levam a pensar
Este assunto por exemplo seria de uma extinção sem fim
Pois existe aquele que insulta até sem falar
Existe aquele que premedita esse é o mais perigoso é vingador é um ser que não tem moral
E existe aquele que como diz o ditado popular hoje esse está com a macaca .. ou seria está com o chifre virado ..

Cristina Torrão disse...

Obrigada pelo seu comentário, Lucia :-)