Este romance sobre D. Teresa, publicado em 1944, caiu-me
nas mãos por acaso, oferta de Luís Carneiro, professor do Instituto Politécnico
de Viseu. Trata-se de uma obra desconhecida, escrita por um autor misterioso, Magnus
Bergström.
Sobre ele, escreveu Miguel Esteves Cardoso, num texto
sobre O Acordo Tortográfico:
«Dos dois autores do Prontuário, Magnus Bergström e
Neves Reis, é o primeiro o mais misterioso. Circulam a respeito dele lendas
importantes. Para uns, será um sábio islandês, isolado nalguma remota ilha
polar, estudando afoitamente o emprego do hífen e as razões que levaram os
gramáticos portugueses a abolir o trema. Para outros, Magnus Bergström é o
pseudónimo de algum ilustre estudioso português, ansioso por não ver o seu nome
académico associado a um mero prontuário».
E António Amaro das Neves, no seu blogue Memórias
de Araduca (de onde igualmente tirei o excerto em cima), diz-nos:
«Sempre me causou estranheza ter um livro que servia
de guia de bem escrever português, o Prontuário
Ortográfico, que tinha um autor que usava um nome tão alienígena como
Magnus Bergström. Ainda hoje não sei de que ilha nórdica naufragou este
erudito, antes de vir cair a esta terras onde já não havia tremas e de aqui se
fazer linguista. Nem sequer tenho a certeza de que algum dia tenha existido,
embora na Biblioteca Nacional se indique que viveu entre 1890 e 1960 e que,
mais ou menos a meio da vida, trocou galhardetes com o vimaranense Alfredo
Pimenta, que o levou a publicar um opúsculo com o título Leal desafronta às graves injúrias dirigidas aos que no Passado se
impuseram na nossa Literatura por obras de incontestável valor (Lisboa,
Edição do Autor, 1933. 32 páginas)».
Todos sabemos que D. Teresa foi muito maltratada pela nossa
História. Sabendo eu a injustiça que lhe foi feita, durante todos estes
séculos, o meu único pensamento, quando me passaram este livro para as mãos,
foi: um romance que honra a figura da nossa primeira rainha tinha de ser
escrito por um estrangeiro! Pelos vistos, porém, não está esclarecida a sua
nacionalidade.
Este romance não deixa de ser interessante por aceitar
D. Teresa como rainha e colocá-la sob luz favorável. É, no entanto, bastante
vago, quanto aos factos históricos, e está muito datado, agarrado à imagem de
um povo feliz, com famílias perfeitas, aguentando a sua pobreza com um sorriso
nos lábios. O estilo, porém, tem o encanto de uma linguagem que já não se usa,
o tipo de encanto nostálgico contido em filmes como Quo Vadis, ou Ben-Hur. E
atiça-nos a curiosidade em relação a este misterioso escritor.
Do Prefácio:
«D. Teresa foi a mais notável mulher da nossa Idade-Média, mas descuidosos poetas e cronistas esqueceram os seus encantos: a chama da paixão amorosa, imensa e brava, não pôde aquecer a virtude tranquila daqueles que só admitiram as vantagens políticas, friamente meditadas e construídas, para índice seguro da mortalidade histórica.
No entanto, a ínclita Infanta-Rainha possuiu as qualidades morais que mais sublimam a alma feminina; os seus defeitos foram satélites insignificantes dum planeta que alumiará perenemente os espaços da celebridade».
Do Prefácio:
«D. Teresa foi a mais notável mulher da nossa Idade-Média, mas descuidosos poetas e cronistas esqueceram os seus encantos: a chama da paixão amorosa, imensa e brava, não pôde aquecer a virtude tranquila daqueles que só admitiram as vantagens políticas, friamente meditadas e construídas, para índice seguro da mortalidade histórica.
No entanto, a ínclita Infanta-Rainha possuiu as qualidades morais que mais sublimam a alma feminina; os seus defeitos foram satélites insignificantes dum planeta que alumiará perenemente os espaços da celebridade».
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