«Estou a morrer. Na
solidão de um quarto humilde, de paredes despidas.
Conheci o poder,
acreditava dominar este mundo e o outro. Julgava poder sair da minha pele, remando
contra a maré, dando vazão à ânsia indomável que me consumia. Venci vagas e julguei-me
invencível, mesmo quando novas surgiam, cada vez mais altas, atiçadas por vento
impiedoso, que desencorajava quem tencionava abrigar-me.
Quão solitário
procedimento! Recusei-me a crer que fora longe demais, quando as vagas me roubavam
as forças. Recusei-me a aceitar que remava sem avançar, que enfim recuava, até
ser despejada na praia, derrotada, fraca, enferma…»
In "Memórias de Dona Teresa"
É já amanhã, da Feira do Livro do Porto:
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