«Joaquim aproximava-se dos
noventa. Aceitava a inevitabilidade de que Deus o chamaria a Si em breve, como
aceitara todas as outras na sua vida: a pobreza, os filhos que lhe tinham
morrido pequenos, o trabalho de sol a sol, o calor infernal, a geada e a neve. Aceitava
igualmente com paciência os desconfortos inerentes à velhice. Já não sabia o
que era viver sem dores nas articulações e sem força nas pernas, nem o que era
ouvir mais do que apenas sons abafados e distantes, nem tão-pouco se lembrava
de como o olhar é nítido na juventude».
In "Identidade", conto de minha autoria, incluído na coletânea "Gentes e Lugares - Contos e Contas de Autores Transmontanos", uma edição da Academia de Letras de Trás-os-Montes e que vai ser apresentada amanhã em Mirandela.
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