Considera-se o género policial como leitura de entretenimento,
sem grande valor literário, embora haja autores de policiais que se conseguiram
destacar pela sua qualidade, como o inglês Sir Conan Doyle, o belga Georges
Simenon e talvez a igualmente britânica Agatha Christie. O suíço Friedrich Dürrenmatt,
do qual já tinha lido a peça Os Físicos, encontra-se, sem sombra de
dúvida neste patamar. O Juiz e o seu Carrasco, já passado a filme, foi
inclusive leitura obrigatória no ensino secundário alemão (talvez ainda o seja,
pelo menos, nalguns casos).
Não hesito em afirmar que é uma obra sublime, de grande
sentido estético e, ao mesmo tempo, de leitura agradável. A partir do
assassinato de um polícia de Berna numa pequena aldeia, desenvolve-se uma
complicada trama, exigindo a intervenção do comissário Bärlach. O famoso criminalista
vê-se confrontado com um antigo conhecido, outrora seu amigo, mas que, a partir
de certa altura, decidiu usar a sua genialidade para praticar o mal (no fundo,
um tema algo parecido com o abordado em Os Físicos). Bärlach há muito
que deseja encarcerar esse seu “velho amigo”, exímio em cometer crimes, cuja
autoria é impossível de provar. O comissário vê finalmente uma possibilidade de
finalmente conseguir apanhar o outro em falso, ao mesmo tempo que descobre
sofrer de doença incurável, pelo que o duelo se torna numa luta contra o tempo.
O próprio Dürrenmatt classificou este seu livro como a «luta derradeira entre dois
homens». Não obstante, o final toma um rumo inesperado…
Recomendo vivamente esta leitura que, no mercado
português, parece estar apenas disponível na FNAC
(em edição de bolso).
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