Diz-se que a música pode ser uma arma. Para mim, que, junto com o meu marido Horst, canto no coro gospel Lightfire, a música é, acima de tudo, alegria e partilha. Além disso, a música é uma “língua” internacional, que pode unir pessoas de proveniências díspares, seja através da participação numa orquestra, seja através da dança, ou do canto.
O nosso coro Lightfire. O Horst é o segundo homem, a contar da direita; eu estou mais ou menos a meio, na frente, com um lenço vermelho ao pescoço. A nossa indumentária é livre, desde que se resuma às cores vermelho e preto. |
Cantar faz feliz. Já todos constatámos que, muitas vezes, basta murmurar uma melodia para esquecer tristezas. Estudos têm igualmente provado que cantar ajuda a libertar o stress, baixando o ritmo cardíaco e a tensão arterial e fortificando o sistema imunitário.
Cantar num coro traz outras vantagens: ensina-nos disciplina, paciência e respeito pelo outro. Ensaiar uma canção a quatro vozes só é possível, tendo em conta estes três fatores. Implica muito trabalho, mas o resultado final é sempre compensador. Depois dos ensaios, vou a murmurar, ou mesmo a cantar, as melodias ensaiadas, enquanto pedalo na minha bicicleta, de regresso a casa.
Infelizmente, cantar tornou-se uma atividade de alto risco. Claro que há a possibilidade de cantarmos sozinhos, em casa. Até podemos fazer vídeos e mostrá-los na internet (no caso de sermos bons solistas, claro, muitos artistas têm optado por esse meio). Mas cantar num coro, ou tocar numa orquestra, principalmente tratando-se de instrumentos de sopro, tornou-se numa atividade perigosa e proibida.
Ao cantar, expulsamos o ar a grande velocidade e respiramos de maneira diferente. Antes dos ensaios, além de treinos de voz, fazemos muitos exercícios de respiração, pois torna-se frequente o inspirar fundo, o que, em tempos de Covid-19, é especialmente perigoso, já que o vírus pode assim entrar profundamente nos pulmões. Também os aerossóis são um problema, os especialistas dizem que as gotículas microscópicas de saliva que expiramos mantêm-se bastante tempo suspensas no ar.
Tudo isto anula o efeito benéfico do cantar na nossa saúde; cantar tornou-se tão perigoso como tossir, espirrar e rir, mesmo respeitando distâncias de segurança. Prevê-se que fazê-lo em conjunto e/ou em público se manterá proibido durante muito tempo, o que não afeta apenas quem a isso se dedica, seja em forma de hobby, seja a nível profissional. Também o cantar na igreja continuará tabu, mesmo que se comecem a celebrar missas sob condições especiais.
A nossa tristeza é imensa; para cantores e músicos profissionais pode mesmo significar a pobreza. Restam-nos as recordações e a esperança de que a situação, algum dia, mude. Enquanto isso não acontece, permitam-me deixar-vos com uma atuação nossa, gravada em áudio no outono de 2017, na igreja luterana dos Santos Cosme e Damião, em Stade, a qual aproveitei para fazer um vídeo ao estilo de “slide-show”. Trata-se da canção Look at the World, de John Rutter, e é acompanhada apenas ao piano.
Nota: texto originalmente publicado aqui.
Cristina
ResponderEliminarPeço-lhe desculpa por não ter respondido no meu blog ao comentário que lá colocou. Ali dei agora a justificação e os esclarecimentos pretendidos. Venho nesta ocasião à sua caixa de comentários para deixar este aviso de leitura naquele espaço, caso ainda ele vá a tempo.
Já tinha lido este seu post. Achei que se trata de um coro devidamente estruturado e simpático, merecedor de que seja ouvido condignamente em auditório adequado ou em gravação proporcionada por bom estúdio. Na Alemanha não faltarão as duas perspectivas, pois trata-se de um país com grande primor pela cultura. De qualquer forma, a amostra que nos oferece, é elucidativa da qualidade do vosso coro. São três dezenas de elementos (suponho) e têm a particularidade de respeitarem duas das cores da bandeira alemã; possivelmente o amarelo podia figurar num adereço ou laço para os dois sexos.
Infelizmente, os tempos que ora decorrem - e que sejam breves - não permitem a actuação dos grupos corais, mas não será desta forma que eles acabem. Mesmo agora, podem actuar em grupo, cada um no seu lar, através da internet.
Em complemento à informação (tardia) que lhe dou em resposta ao seu comentário, o álbum sobre D. Afonso Henriques trata apenas da sua relação com D. Egas Moniz, senhor das terras de Britiande e Lamego; ou seja, da sua infância até ao episódio do cumprimento do penhor da palavra de D. Egas.
No post de 7 deste mês, no meu blog
bandarra-bandurra.blogspot.com
expus, como portfólio, alguns desenhos sobre este trabalho.
Boa saúde (gute Gesundheit).
Cristina
ResponderEliminarEsqueci-me de referir este pormenor curioso. Ao falar no comentário do meu blog sobre a empresa municipal (já extinta como tal) em que presidi ao conselho de administração - a propósito da peça de teatro - um dos dois vogais desse CA, a Dra. Maria José Botelho, é maestrina de um coro também semelhante ao vosso, cujo traje é em túnica preta com gola vermelha.
A Maria José e o corpo integrante do grupo vivem o coro como prolongamento da família.
Dou um Viva a todos os grupos corais.
Santos Costa
ResponderEliminarFico contente que tenha gostado.
Não penso que as cores escolhidas tenham a ver com a bandeira alemã. Muitos coros gospel atuam de preto e penso que, neste, se optou por quebrar o preto com uma cor chamativa, para combinar com o nome "Lightfire". Mas ao certo, não sei. Pertenço ao coro apenas há cerca de três anos e meio, ele já existe há mais tempo.
Deixei mais um comentário no Altas Cavalarias. Gostava de ter um dos álbuns, talvez o de D. Dinis, se ainda fosse possível adquiri-lo.
Cristina
ResponderEliminarO de D. Dinis julgo ser possível existir em stock no município de Trancoso, o que irei verificar em breve. Sendo assim, terei muito gosto em oferecer-lho, a que adicionarei a monografia local (com muita História), da minha autoria e as Trovas do Bandarra, comentadas e anotadas por mim.
Quanto ao de Lamego, não sei se ainda haverá algum disponível, embora a tiragem fosse de 7.000 exemplares. Possivelmente ainda haverá, por lá.
D. Dinis e seu pai, D. Afonso III, tinham enorme ligação a esta terra. O primeiro (o filho) deu carta de feira a Trancoso, a qual ainda se realiza como mercado semanal, muito concorrido. O segundo (que é o primeiro, D. Afonso III), concedeu uma carta de feira franca, sendo a mais antiga neste género, pois até à feira franca de Tomar, todas as cartas de feira (francas) seguiam o padrâo expresso da de Trancoso, conforme grafado nesses documentos.
Muito obrigada.
ResponderEliminarPor acaso, li primeiro o comentário do Altas Cavalarias e deixei lá resposta.
Um abraço.
Bole posts meus parabéns. ;)
ResponderEliminarCarimbó da Sorte
Bole posts meus parabéns. ;)
ResponderEliminarRJ da Sorte