Neste livro, vencedor do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2020, atribuído pela Câmara Municipal de Gouveia, João J. A. Madeira aborda um tema que ocupa a humanidade desde que ela existe: o que acontece depois da morte?
Alípio passou pela vida sem que se notasse, «um pão sem sal, não fez bem nem mal». Não constituiu família, não fez amigos. No seu velório, encontram-se apenas três pessoas: um representante da funerária, o seu senhorio e uma mulher que não o conhecia, mas que, por solidão, costuma ir aos velórios realizados na capela ao lado de sua casa.
Alípio, no entanto, adquire uma segunda oportunidade: regressa à Terra, não numa segunda vida, mas com a missão de cuidar de alguém prestes a nascer. Vê-se assim no papel de anjo-da-guarda, resolvido a fazer tudo o que estiver no seu poder para ajudar a sua protegida. A sua vontade é tanta, que chega a interferir naquilo que não deve.
Mas chega essa sua grande vontade para fazer uma pessoa feliz? São os anjos todo-poderosos e livres de dúvidas? Ou é o destino mais forte? Quem, ou o quê, comanda realmente a humanidade?
Um enredo imaginativo, à volta de um tema interessantíssimo, onde, não raro, o leitor deseja tornar-se igualmente anjo-da-guarda, a fim de interferir nos acontecimentos. Uma leitura que prende, ávidos de sabermos o que se passará na página seguinte. Mais uma vez, João J. A. Madeira mostra-nos vidas solitárias, no meio da grande cidade, vidas marcadas por um destino que não lhes é favorável. Vale a pena conhecer este escritor, do qual já aqui falei algumas vezes: ver O Rio Que Corre Na Calçada e A Lenda Desconhecida de Francisco Caga-Tacos.
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