GUERRA CIVIL DE 1320/25
D. Afonso IV, sucessor de D. Dinis
A 1 de julho de 1320, D. Dinis apresentou o seu primeiro manifesto contra a revolta do filho, o futuro D. Afonso IV. Durante a guerra civil, que se verificou entre o Rei Lavrador e o seu herdeiro, D. Dinis apresentou três manifestos.
O primeiro foi lido nos paços reais da alcáçova de Santarém e incluía várias queixas do rei contra o filho, acusando-o de ingratidão. Porém, o mais importante foi a apresentação de provas documentais, desmantelando duas acusações graves feitas pelo infante: seu meio-irmão Afonso Sanches tê-lo-ia mandado envenenar e o pai prepararia o seu afastamento do trono, tendo pedido ao papa a legitimação do mesmo Afonso Sanches.
Alguns momentos marcantes da guerra civil de 1320/25:
- Em março de 1321, partidários do príncipe assassinaram D. Geraldo, bispo de Évora, junto da Igreja de Santa Maria de Estremoz. D. Geraldo estava, desde 1317, autorizado a excomungar os adversários do rei.
- Em abri de 1321, o príncipe D. Afonso assumiu o controlo de Leiria e a 15 de maio, D. Dinis apresentou, em Lisboa, o segundo manifesto contra o filho e seus partidários.
- No verão de 1321 (altura do desterro de D. Isabel em Alenquer, por D. Dinis a acusar de pactuar com o filho) o príncipe D. Afonso tentou debalde conquistar Santarém e Tomar (a alcáçova de Santarém é recuperada por D. Dinis e o Mestre da Ordem de Cristo fechou a fortaleza de Tomar ao infante).
- Em setembro de 1321, Jaime II de Aragão, cunhado de D. Dinis, enviou Frei Sancho a Portugal, a fim de reconciliar o pai com o filho, mas o prelado nada pôde fazer.
- A 9 de dezembro de 1321, houve um grande terramoto em Lisboa, interpretado como castigo de Deus pelos desentendimentos entre pai e filho.
- A 17 de dezembro de 1321, D. Dinis apresentou o terceiro manifesto, desnaturando o filho e considerando traidor quem o seguisse.
- A 31 de dezembro de 1321, o príncipe D. Afonso apoderou-se de Coimbra, pelo que foi cercado por D. Dinis, a 7 de março de 1322.
- Em janeiro de 1322, D. Dinis recuperou Leiria e castigou duramente os traidores, refugiados no mosteiro de Alcobaça. Nesta altura, o infante D. Afonso ocupou os castelos de Montemor-o-Velho, Feira e Vila Nova de Gaia e a cidade do Porto, onde se lhe juntou o conde Pedro de Barcelos (seu meio-irmão).
- Em maio de 1322, há um acordo de paz em Leiria. D. Dinis foi acometido de doença grave à sua chegada a Lisboa e fez segundo testamento. O seu estado melhorou no início de 1323, mas a paz foi quebrada depois das Cortes de Lisboa, em outubro deste ano, com D. Afonso decidido a apoderar-se à força do trono. Por intervenção de D. Isabel, não chegou a travar-se a batalha no campo de Alvalade (ou, segundo José Mattoso, no lugar chamado Albogas, perto de Loures).