Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

1 de julho de 2025

Um ano com D. Dinis (41)

 GUERRA CIVIL DE 1320/25

 

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D. Afonso IV, sucessor de D. Dinis

 

A 1 de julho de 1320, D. Dinis apresentou o seu primeiro manifesto contra a revolta do filho, o futuro D. Afonso IV. Durante a guerra civil, que se verificou entre o Rei Lavrador e o seu herdeiro, D. Dinis apresentou três manifestos.

O primeiro foi lido nos paços reais da alcáçova de Santarém e incluía várias queixas do rei contra o filho, acusando-o de ingratidão. Porém, o mais importante foi a apresentação de provas documentais, desmantelando duas acusações graves feitas pelo infante: seu meio-irmão Afonso Sanches tê-lo-ia mandado envenenar e o pai prepararia o seu afastamento do trono, tendo pedido ao papa a legitimação do mesmo Afonso Sanches.

Alguns momentos marcantes da guerra civil de 1320/25:

- Em março de 1321, partidários do príncipe assassinaram D. Geraldo, bispo de Évora, junto da Igreja de Santa Maria de Estremoz. D. Geraldo estava, desde 1317, autorizado a excomungar os adversários do rei.

- Em abri de 1321, o príncipe D. Afonso assumiu o controlo de Leiria e a 15 de maio, D. Dinis apresentou, em Lisboa, o segundo manifesto contra o filho e seus partidários.

- No verão de 1321 (altura do desterro de D. Isabel em Alenquer, por D. Dinis a acusar de pactuar com o filho) o príncipe D. Afonso tentou debalde conquistar Santarém e Tomar (a alcáçova de Santarém é recuperada por D. Dinis e o Mestre da Ordem de Cristo fechou a fortaleza de Tomar ao infante).

- Em setembro de 1321, Jaime II de Aragão, cunhado de D. Dinis, enviou Frei Sancho a Portugal, a fim de reconciliar o pai com o filho, mas o prelado nada pôde fazer.

- A 9 de dezembro de 1321, houve um grande terramoto em Lisboa, interpretado como castigo de Deus pelos desentendimentos entre pai e filho.

- A 17 de dezembro de 1321, D. Dinis apresentou o terceiro manifesto, desnaturando o filho e considerando traidor quem o seguisse.

- A 31 de dezembro de 1321, o príncipe D. Afonso apoderou-se de Coimbra, pelo que foi cercado por D. Dinis, a 7 de março de 1322.

- Em janeiro de 1322, D. Dinis recuperou Leiria e castigou duramente os traidores, refugiados no mosteiro de Alcobaça. Nesta altura, o infante D. Afonso ocupou os castelos de Montemor-o-Velho, Feira e Vila Nova de Gaia e a cidade do Porto, onde se lhe juntou o conde Pedro de Barcelos (seu meio-irmão).

- Em maio de 1322, há um acordo de paz em Leiria. D. Dinis foi acometido de doença grave à sua chegada a Lisboa e fez segundo testamento. O seu estado melhorou no início de 1323, mas a paz foi quebrada depois das Cortes de Lisboa, em outubro deste ano, com D. Afonso decidido a apoderar-se à força do trono. Por intervenção de D. Isabel, não chegou a travar-se a batalha no campo de Alvalade (ou, segundo José Mattoso, no lugar chamado Albogas, perto de Loures).

 

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 Dona Isabel na Batalha de Alvalade