Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

8 de agosto de 2025

Um ano com D. Dinis (45)

SENTENÇA ARBITRAL DE TORRELLAS (1) 

Faz hoje 721 anos que se proferiu a Sentença Arbitral de Torrellas, na fronteira castelhano-aragonesa, estabelecendo a paz definitiva entre Aragão e Castela. As quezílias entre os dois reinos eram reflexo da crise de sucessão, que se seguiu à morte de D. Afonso X de Castela, o Sábio, avô de D. Dinis. Tratou-se de um processo longo (durou cerca de vinte anos) e complicado, no qual D. Dinis foi o medianeiro principal, apoiado pelo Papa e pelo rei francês Filipe IV. É por isso estranho ser este acontecimento praticamente desconhecido entre nós. Nunca é referido, quando se enumeram as principais ocorrências do reinado do rei Lavrador.

Em junho de 1304, saiu de Portugal uma solene e enorme comitiva, que incluía quase toda a corte portuguesa. A presença da rainha D. Isabel era imprescindível, pois o monarca aragonês Jaime II era seu irmão.

 

Jaime II de Sragão.jpeg

Jaime II de Aragão, por Manuel Aguirre y Monsalbe - [3], Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1111454

 

Isabel e Jaime cumprimentaram-se emocionados. Haviam-se separado há mais de vinte anos, nas idades de onze e catorze respectivamente. Dinis achou-os parecidos, mas Jaime não ostentava a palidez da irmã. Era robusto, nas suas vestes escarlates, bordadas a fio de ouro.

O herdeiro do trono português foi apresentado ao tio, que lhe elogiou a postura, arrancando-lhe um sorriso e espantando Dinis, pois raramente assistia a tal reação por parte do rebento. O monarca aragonês fez ainda questão de mencionar a parecença do moço com o avô Pedro III, embevecendo Isabel. Dinis, no entanto, apreciaria mais que o príncipe fosse parecido com ele próprio… Como Afonso Sanches.

(Do meu romance D. Dinis, a quem chamaram o Lavrador)

D. Dinis tinha todo o interesse em que a paz fosse estabelecida na Hispânia, pois, embora Portugal não estivesse diretamente implicado, esta crise passava pela legitimação dos filhos do falecido D. Sancho IV de Castela. O seu sucessor, Fernando IV, ainda menor, era o noivo da infanta D. Constança de Portugal, filha de D. Dinis e de D. Isabel.

 

Nota: este assunto vai ser tema de mais dois posts.

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