Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de agosto de 2025

Um ano com D. Dinis (48)

SENTENÇA ARBITRAL DE TORRELLAS (2)

Verificou-se, no passado dia 8, o 721º aniversário da Sentença Arbitral de Torrellas, à qual decidi dedicar três "postais". Esta Sentença Arbitral, que acabou com as quezílias entre Castela e Aragão, devido à sucessão problemática de Afonso X, o Sábio, foi o resultado de um longo processo, no qual D. Dinis foi o principal medianeiro. Permito-me transcrever um excerto do meu romance, onde se pode ler o essencial sobre as suas conclusões:

 

As sentenças foram proferidas em Torrellas, a 8 de Agosto. Como combinado, o rei de Portugal, o infante Don Juan de Castela e o bispo de Zaragoza Don Ximeno de Luna proferiram a sentença quanto à divisão do reino de Múrcia. Foi estabelecido o rio Segura como linha divisória, solução que estava longe de agradar a muitos nobres castelhanos, apesar de o mais prejudicado ser um português: o próprio irmão de Dinis. Os senhorios de Elda e Novelda, pertencentes à consorte do último, situavam-se na parte destinada ao monarca aragonês, pelo que Afonso e sua esposa Violante lhos teriam de entregar.

Dinis tentou acalmar o irmão:

- Nada pude fazer para o evitar. Mas o meu genro* comprometeu-se a doar-te senhorios de rendimento idêntico em Castela. E sabes que em Portugal, onde igualmente possuis propriedades valiosas, serás sempre bem-vindo.

O irmão limitou-se a encará-lo com o seu olhar amargurado.

Os reis de Portugal e de Aragão e o infante Don Juan de Castela proferiram ainda a sentença quanto às pretensões de Alfonso de la Cerda*, que teria de desistir de certos castelos, deixar de usar o tratamento de rei e selo e armas correspondentes. Em compensação, o monarca castelhano comprometia-se a entregar-lhe senhorios que atingissem a renda anual de quatrocentos mil maravedis.

No dia seguinte, Fernando IV e Jaime II* aprovaram e aceitaram os termos da sentença, seguindo-se um juramento em que participaram os membros das famílias reais, os representantes das Ordens militares e dos concelhos e os ricos-homens castelhanos e aragoneses. Os monarcas de Portugal, Castela e Aragão declararam-se ainda «amigos dos amigos e inimigos dos inimigos», jurando ainda Dinis e Jaime II amizade para com o rei mouro de Granada, que se fizera vassalo de Fernando IV.

 

Dom Dinis Série (2).JPG

 

 

*1 Fernando IV de Castela

*2 Achava-se com direito ao trono castelhano, desde a morte de seu avô, Afonso X

*3 Rei de Aragão, irmão de D. Isabel

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