Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

30 de novembro de 2011

Da nossa relação com os animais III

Os animais podem-nos ajudar a sermos melhores pessoas e mais felizes.

O jornal do bispado de Hildesheim publicou uma reportagem sobre uma instituição de Hamburgo que ajuda mulheres com problemas psicológicos, causados por drogas, violência, ou outro tipo de abusos. Essas mulheres sofrem de depressões, disfunções alimentares e neuroses fóbicas. Uma das terapias usadas no seu tratamento inclui cavalos (póneis).

A psicóloga Lisa Kieselhorst, que trabalha há 20 anos neste tipo de terapia, explica-nos: "Os cavalos encaram as pessoas livres de preconceitos. Ao mesmo tempo, espelham o comportamento do próprio ser humano. Para mim é, por isso, muito importante, observar como o cavalo reage a determinada pessoa. Pode, por exemplo, acontecer que alguém introvertido comunique mais vontade própria e poder ao cavalo, do que alguém que aparente ser forte e dominador". Para este tipo de terapia, "o animal precisa de ter tido uma boa educação, deixando-se montar sem problemas, manter a sua essência pura e ter uma personalidade forte, mas ser, ao mesmo tempo, paciente."

Não é objectivo das psicólogas "ensinar a montar. As mulheres incluídas nesta terapia devem, sim, aprender a conhecer-se a si próprias, através do cavalo". Por isso, elas podem sentar-se em cima do animal, apenas para o abraçar. "Isto é particularmente importante para mulheres que tenham dificuldades em confiar nos outros e em aceitar o contacto corporal."



Uma das pacientes diz: "O contacto com os cavalos ensinou-me a ser mais despreocupada. Noto, de todas as vezes, como tiro benefícios do facto de ousar algo. Prescindimos de muito, quando andamos pela vida com o travão de mão permanentemente accionado." (Em Português, talvez disséssemos "permanentemente de pé atrás").

Nota: a ideia de usar animais em psicoterapia vem dos anos 60. O psicólogo infantil Boris M. Levinson constatou que conseguia "alcançar" melhor um dos seus pacientes, uma criança desprezada e introvertida, quando esta levava o seu cão para as consultas.

Nota 2: a instituição alemã St. Raphael, da Caritas, de apoio a crianças deficientes, inclui, no seu programa, lições de equitação, a fim de ajudar as crianças a vencerem os seus medos, aumentar a sua auto-estima e a tornarem-se mais autónomas.


8 comentários:

Canto da Boca disse...

Olá Cristina, segui-te a partir do teu comentário no blogue Emoções (indicado pela Olinda), e de clique em clique cheguei aqui.

Achei bastante pertinente sua interferência, porque a despeito de se "discutir" a origem do fado, as suas informações complementaram e enriqueceram o texto que tão gentilmente a Mara nos trouxe.

Penso que em todo o mundo já se sabe dos benefícios trazidos pelas terapias em que se utilizam os animais, a exemplo da 'equoterapia' e da terapia com os golfinhos, só comprovam o quanto ainda temos que (e para) aprender com os animais 'irracionais'...

Antes de deixar meu comentário dei uma olhada pelo seu blogue e que encantada fiquei, se tem um tempo na História que eu gosto muito de estudar, é o da Idade Média, seguida do Período Imperial, no Brasil.

Abraço!

;)

Cristina Torrão disse...

Canto da Boca, obrigada pela tua visita.

Temos muito a aprender com os animais, sim. E eles fazem-nos bem. Por exemplo: tem-se provado que a nossa tensão (ou pressão) arterial baixa, quando fazemos festas ao nosso cão ou ao nosso gato.
Na Alemanha, onde vivo, há lares de idosos que recebem a visita semanal de cães, com os respectivos donos. Idosos, que costumam viver apáticos, sem nunca falar nem rir, começam a sorrir e a contar histórias de animais que já tiveram. Outros, que nunca participam em nada, começam a brincar com os cães, atirando bolas para estes irem buscar. Hei-de falar disso aqui.

Eu fiquei diferente, desde que comecei a conviver com cães, tenho aprendido muito, mas mesmo muito, com eles ;)

Olinda Melo disse...

Acredito no poder terapêutico a partir do nosso convívio com os animais. Por exemplo, os cães são de uma lealdade impressionante, não esquecendo que eles são muitas vezes o único apoio dos cegos.

Em relação aos cavalos: andar a cavalo dá-nos uma grande sensação de liberdade e existe realmente cumplicidade entre o cavaleiro (ou amazona) e o animal.

Excelente tema.

Bj

Olinda

Bj

Olinda

George Sand disse...

É terapeutico e gratificante ter animais e trabalhar com animais. Atesto. Já trabalhei como voluntária na União Zoolófila e adorei.

Cristina Torrão disse...

Além de aumentarem a nossa auto-estima, pois eles encaram-nos sempre como um "ser" e, não, como uma "coisa" (ao contrário de muitas pessoas), os animais ensinam-nos a sermos consequentes, justos e compreensivos. Porque, quem não o for, não consegue estabelecer uma verdadeira relação com um animal, sempre baseada no respeito e na confiança mútua.

Olinda, infelizmente, muitos humanos usam a fidelidade dos cães para os prejudicarem, em vez de a usarem de maneira a beneficiarem as duas partes (lá está, é necessário devolver o respeito com que eles nos encaram).

George Sand, um voluntariado muito meritório, parabéns!

Vinicius disse...

Cristina, interessante a reportagem. Os animais são realmente figuras encantadoras e merecem o respeito humano. Lembrei-me do pensamento do francês Montaigne, também de uma tira humoristica onde há a inversão de situação: um rato olha para o outro e diz: olha como ele vai me dar água, então o homem lhe dá água quando o rato faz pressão a uma barra (condicionamento) e tanto o rato como o homem creem que um condicionou o outro.

Abraço
Obs: Deixo-lhe o convite para conhecer o Folhas Avulsas. Fique à vontade.

Cristina Torrão disse...

Vinicius, fez-me lembrar a obra "À Boleia pela Galáxia", no Brasil: "O Guia do Mochileiro das Galáxias", de Douglas Adams. São vários volumes, também já passados a filme. Como não é leitura das minhas preferências (embora aprecie vários momentos de excelente humor e a incrível criatividade) e como já li há muito tempo, não me lembro bem, mas sei que há um momento em que se chega à conclusão de que o planeta Terra e a Humanidade não passam de uma experiência levada a cabo por ratos, os verdadeiros seres inteligentes ;)

Anónimo disse...

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