Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
31 de agosto de 2012
Naquele Tempo (7)
«Quero-me referir à ideia de que os Descobrimentos são um fenómeno europeu e não apenas um fenómeno português. Quero com isto dizer que a curiosidade pelo mundo asiático ou africano não se encontra apenas em Portugal mas também noutros países ocidentais; é uma atitude corrente na Europa de então. Se as grandes iniciativas das viagens exploratórias pertencem, em primeiro lugar,e durante um certo tempo, a portugueses, também não se pode negar que nelas participaram igualmente, como técnicos, armadores, ou inspiradores, muitos italianos, e ainda que às viagens portuguesas se seguiram, não muito tempo depois, as dos espanhóis ou de outros povos europeus (...) Quero, enfim, dizer que o fenómeno só se pode compreender na sua amplitude, quando se relaciona com a conjuntura económica e demográfica de toda a Europa e com o sistema de pensamento ou a atitude perante o mundo, característicos da civilização europeia».
Página 215, O mar a descobrir
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Verdadeiro. Parece uma leitura interessante...
ResponderEliminarmuito bem.
ResponderEliminarTem o Prof. Mattoso toda a razão, segundo a minha opinião.
ResponderEliminarEste caso (o das descobertas do(s) caminho(s) marítimo(s) para vários pontos do mundo) é paradigmático da velha máxima «a necessidade aguça o engenho». Era necessário à Europa, descobrir rotas capazes de constituir alternativa mais rápida, directa e segura, para as antigas, feitas em caravanas, por terra, sujeitas a sevícias de vária ordem. Com a vantagem de este tipo de comércio, ser controlado pelo rei e a expensas dos cofres do reino, usando o esforço humano dos súbditos.
Mas, a meu ver também, por trás da epopeia dos descobrimentos e anteriormente ao seu início, existiu algo de metafísico, ou de profético, ou de visionário, ou de intuitivo que levou o rei trovador a mandar plantar o pinhal de Leiria.
De qualquer forma e da minha pequenez de mortal, julgo ver outro motivo para terem partido daqui as primeiras caravelas: o facto de nos encontrarmos no extremo ocidental do Continente e o movimento de rotação da Terra se fazer, de Ocidente para Oriente, o que faz com que estejamos sujeitos, naturalmente, aos efeitos da força centrífuga, a qual nos obriga a soltar amarras, seja de que forma for. E se mais explicações fossem necessárias, que fundamentassem esta estapafúrdia opinião, bastaria que nos recordássemos das primeiras rotas que foram tendencialmente de cruzar o oceano e não, de navegar para Oriente, ou seja; contrariando a acção dessa força centrífuga.
É uma opinião... como outra qualquer...
;))
Este livro é muito interessante, sim, não se limita à História, também há muita Filosofia. É impressionante como o Prof. Mattoso se transporta para a mentalidade daquela época. E é interessante constatar que isso nos ajuda a perceber melhor o nosso tempo.
ResponderEliminarO livro é composto de vários artigos e/ou conferências que ele deu, principalmente, nos anos 90. Muitos capítulos são inéditos, isto é, nunca haviam sido publicados de forma alguma. E, se alguns são mais "maçudos", outros são uma maravilha.
O livro é enorme, mas, por ser composto de capítulos estanques, pode-se ir lendo e interrompendo, conforme o tempo disponível.