MC- A Cristina é formada em Língua e Literaturas Modernas. Mas ao ler o seu D. Dinis julguei tratar-se de alguém com formação em Psicologia. Quer comentar?
CT- Sempre me
interessei por Psicologia e só não tirei esse curso porque tinha de
enveredar pela parte de Ciências, a partir do 10º ano, para a qual não
me sentia vocacionada, sempre preferi as Letras, apesar de ter sido boa
aluna a Matemática. Fiz bem, porque uma coisa é interessar-se por
Psicologia, outra é exercer a profissão de psicóloga, duvido que tivesse
estofo para isso. Mas leio muito sobre o tema, fascina-me saber porque é
que as pessoas são como são e reagem como reagem.
Pegando no caso de D. Dinis, a
História diz-nos que ele foi um rei sábio e justo e que foi atormentado,
na última fase da sua vida, por um filho ingrato, que ousou provocar
uma guerra civil contra o próprio pai. Como é que o infante D. Afonso dá
um desgosto desses a um pai tão bom, sendo, ainda, filho de uma mulher
tão piedosa, que foi canonizada? D. Dinis e D. Isabel estarão, de facto,
livres de responsabilidades, isto é, tiveram apenas o azar de ter um
filho mau, rancoroso e ciumento? Eu não acredito em acasos, em “azares”
desses. Em tudo o que escrevo, dou um grande ênfase às relações entre os
personagens. Nada mais me irrita, num romance, do que ler que este ou
aquele personagem fez isto ou aquilo, apenas porque sim. Ou porque
calhou. Nada do que fazemos é por acaso.
Muito bem.
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