Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

13 de agosto de 2012

Entrevista (10)

Extrato da entrevista dada ao Destante, conduzida pelo Manuel Cardoso:


MC- A Cristina é formada em Língua e Literaturas Modernas. Mas ao ler o seu D. Dinis julguei tratar-se de alguém com formação em Psicologia. Quer comentar?

CT- Sempre me interessei por Psicologia e só não tirei esse curso porque tinha de enveredar pela parte de Ciências, a partir do 10º ano, para a qual não me sentia vocacionada, sempre preferi as Letras, apesar de ter sido boa aluna a Matemática. Fiz bem, porque uma coisa é interessar-se por Psicologia, outra é exercer a profissão de psicóloga, duvido que tivesse estofo para isso. Mas leio muito sobre o tema, fascina-me saber porque é que as pessoas são como são e reagem como reagem.

Pegando no caso de D. Dinis, a História diz-nos que ele foi um rei sábio e justo e que foi atormentado, na última fase da sua vida, por um filho ingrato, que ousou provocar uma guerra civil contra o próprio pai. Como é que o infante D. Afonso dá um desgosto desses a um pai tão bom, sendo, ainda, filho de uma mulher tão piedosa, que foi canonizada? D. Dinis e D. Isabel estarão, de facto, livres de responsabilidades, isto é, tiveram apenas o azar de ter um filho mau, rancoroso e ciumento? Eu não acredito em acasos, em “azares” desses. Em tudo o que escrevo, dou um grande ênfase às relações entre os personagens. Nada mais me irrita, num romance, do que ler que este ou aquele personagem fez isto ou aquilo, apenas porque sim. Ou porque calhou. Nada do que fazemos é por acaso.

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