- Peca-se, quando se escolhe o caminho do
mal. Mas como é, quando não se tem escolha?
- Que dizes?
- Supõe que vamos por uma estrada fora, que,
num certo ponto, se divide em duas. Dizem-nos que a da direita leva a anos de
sacrifício, mas, no fim, à salvação. A da esquerda leva-nos a anos de folia e
prazeres, mas, no fim, à condenação. Sabemos que pecamos se nos deixarmos levar
pela folia. Mas… E se não nos dão escolha? Se nos encaminham para uma estrada
que nunca se bifurca e somos obrigados a percorrê-la até ao fim, seja ela qual
for? Pecamos, mesmo que escolhêssemos outra, tendo essa oportunidade?
Zaida olhava-a, agora, igualmente séria.
Jacinta acrescentou:
- Nem a D. Mafalda, uma donzela tão nobre, se
permite escolher o rumo da sua vida. Temos de nos sujeitar àquilo que decidem
por nós… Ou àquilo que nos fazem…
Apesar de os olhos da moura não poderem ser
mais negros, Jacinta viu uma sombra de tristeza e sofrimento perpassá-los. Por
fim, Zaida murmurou:
- Estamos todos nas mãos de Deus… Não podemos
cair mais fundo do que isso…
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