«Se considerarmos que somos todos malucos, está explicada a vida».
Mark Twain
Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
30 de novembro de 2015
29 de novembro de 2015
Cidades Medievais Portuguesas (4)
Em Santa Maria da Feira, faz-se um lido passeio até ao castelo medieval, situado num enorme e bem tratado parque. O castelo da Feira é muito antigo, de origem moura, e à volta dele foram criadas várias lendas, o que não admira, olhando assim para ele, no meio do arvoredo, com as suas pontas cónicas:
Usei o castelo da Feira para uma cena do meu romance Afonso Henriques, o Homem, relacionada com a barregã Châmoa Gomes. Miguel Bernardes, um empresário de Santa Maria da Feira, aproveitou-a para criar o licor de Chamoa.
Em Santa Maria da Feira, realiza-se, todos os anos, um dos maiores espetáculos medievais portugueses: a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, que ganhou, na Gala dos Eventos em Lisboa, organizada pela Expo Eventos, o prémio de Melhor Evento Público 2014.
Em 2016, a 20 ª edição da Viagem Medieval é simbólica, por isso a organização promete um evento memorável, integralmente dedicada ao reinado de D. Dinis.
Usei o castelo da Feira para uma cena do meu romance Afonso Henriques, o Homem, relacionada com a barregã Châmoa Gomes. Miguel Bernardes, um empresário de Santa Maria da Feira, aproveitou-a para criar o licor de Chamoa.
Em Santa Maria da Feira, realiza-se, todos os anos, um dos maiores espetáculos medievais portugueses: a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, que ganhou, na Gala dos Eventos em Lisboa, organizada pela Expo Eventos, o prémio de Melhor Evento Público 2014.
Em 2016, a 20 ª edição da Viagem Medieval é simbólica, por isso a organização promete um evento memorável, integralmente dedicada ao reinado de D. Dinis.
26 de novembro de 2015
De Nome, Esperança
Gostei muito do estilo da escrita de Margarida Fonseca Santos, que, mais do que ações, nos transmite emoções, rico em termos estilísticos, sem ser complicado. Também gostei do tema abordado: uma mulher extremamente inteligente, mas com uma doença psicológica que a impede de usar as suas capacidades anormais de redigir e decorar textos. Por acaso, há alguém que descobre algum do seu talento, numa altura em que Esperança trabalha como empregada de limpeza na redação de um jornal e prontamente a promove a revisora. Ninguém sabe, porém, que ela igualmente escreve os seus próprios textos, ela não os mostra. E ainda salva um jornalista que perdeu o texto de uma notícia importante, pois Esperança já o tinha corrigido e reescreve-o, palavra por palavra, recorrendo à sua memória prodigiosa. Uma outra notícia, porém, de um desastre mineiro, põe-na em contacto com o seu trauma de infância e ela sofre tão grande recaída, na sua esquizofrenia, que tem de ser internada.
O romance mostra-nos, de forma muito sensível, o dilema da vida destas pessoas que se veem impedidas de fazer uma vida normal, para já não falar de uma vida de sucesso, mas também o desespero de quem as acompanha e se apercebe das suas capacidades. E fico-me por aqui, pois quiçá já tenha revelado demais sobre o enredo.
Porém, se o estilo de Margarida Fonseca Santos é agradável, a maneira como constrói o romance, na minha opinião, não o é. O enredo é contado em episódios curtos, sem qualquer ordem cronológica, o que aliás se ultrapassa facilmente. Já o facto de a autora constantemente mudar de narrador, mas o fazer sempre na primeira pessoa, dificulta muito a compreensão e acaba por prejudicar a leitura. Quando o leitor está muito interessado no destino de Esperança e começa novo episódio, com outro narrador, mas sem fazer ideia de quem "fala", é bastante confuso e irritante. E, quando se apercebe qual a personagem em foco, tem de voltar meia página atrás, a fim de perceber melhor o evoluir da situação. Acontecendo isto constantemente, a leitura acaba por ser muito prejudicada. Penso que não tirei todo o proveito do romance precisamente por causa disso. E tive pena.
24 de novembro de 2015
Figos de Cacto
Depois de termos estado em Mourão (ver post do dia 22), e estando o depósito do carro quase vazio, resolvemos ir meter gasolina a Espanha, que é bem mais barato (já foi em 2010, mas a situação era idêntica). No caminho para a fronteira, viam-se, na berma da estrada, muitos figos de cacto, o que encantou o Horst, pois na Alemanha não há destas coisas. De regresso, parámos o carro em plena planície alentejana, a fim de ir fotografar os frutos, que, em Setembro, estavam ainda um pouco verdes.
23 de novembro de 2015
A Citação da Semana (88)
«Liberdade implica responsabilidade. É essa a razão por que a maioria das pessoas a teme».
George Bernard Shaw
George Bernard Shaw
22 de novembro de 2015
Cidades Medievais Portuguesas (3)
Foi já em 2010 que estive em Mourão e, na altura, fiquei desiludida com o estado de abandono em que encontrei as ruínas do castelo e suas muralhas. Será que melhorou, entretanto?
A propósito: sabiam que Mourão (junto com Serpa, Noudar e Moura) pertencem a Portugal graças a Dom Dinis? Se tivessem lido o meu romance D. Dinis, a quem chamaram o Lavrador, sabiam ;-)
O livro não se encontra disponível, mas haverá uma reedição em 2016. Se não for em papel, com certeza na forma eBook. Fiquem atentos!
A propósito: sabiam que Mourão (junto com Serpa, Noudar e Moura) pertencem a Portugal graças a Dom Dinis? Se tivessem lido o meu romance D. Dinis, a quem chamaram o Lavrador, sabiam ;-)
O livro não se encontra disponível, mas haverá uma reedição em 2016. Se não for em papel, com certeza na forma eBook. Fiquem atentos!
20 de novembro de 2015
A Origem da Violência
«Numa situação concreta de conflito, saber se a violência é exercida em nome da religião, de uma ideologia ou por motivos étnicos é tão relevante como, por exemplo, saber se é o consumo de vodka, de whisky ou de gin o responsável pela tendência agressiva dos jovens».
Dr. Andreas Hasenclever, Professor de Estudos da Paz e Política Internacional no Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Tübingen, Alemanha
Muita gente se pergunta de onde vem tanta violência e como há pessoas capazes de espalhar o terror como os terroristas islâmicos. A religião não é a causa da violência, mas o pretexto. O ser humano é violento, uns mais, outros menos, há pessoas que, seja por traumas, seja por herança genética, são autênticos barris de pólvora, dispostos a rebentar a qualquer momento. Há quem se prejudique a si mesmo, ou seja, dirige a violência a si próprio. E há quem prejudique terceiros.
Verificando-se determinadas condições ou circunstâncias, praticamente não há limites. Muita gente que circula pelas ruas, todos os dias, em qualquer país do mundo, gente que conhecemos, que se calhar até são colegas de trabalho, ou membros da família, caso tivesse meios à sua disposição e quem lhe “legalizasse” os crimes, seria capaz das maiores barbaridades! Não acreditam? Peguemos, por exemplo, num indivíduo que exerça violência sobre a mulher e os filhos, tanto sob a forma de pancada, como a nível sexual (sim, daqueles que violam as filhas, desde tenra idade; acontece mais do que se pensa). Ele até pode ser um colega de trabalho simpático. Porém, se alguém lhe dissesse algo do género: «pega nesta arma, vai para a rua e mata uns quantos, que até ganhas uma recompensa (sejam as virgens no Paraíso, seja dinheiro, seja reconhecimento, seja poder)», ele dificilmente hesitava!
A estratégia de regimes com o do “Estado Islâmico” (já usada por Hitler e outros) é precisamente essa: aproveitar indivíduos violentos e/ou frustrados, dar-lhes meios e autoestima falsa e “legalizar-lhes” os crimes. Falo em autoestima falsa, porque, ao contrário do que se pensa, a verdadeira autoestima é a melhor coisa para evitar violências, invejas e rancores. Por seu lado, a autoestima falsa é aquela que se consegue, convencendo alguém de que pertence a uma raça superior, ou a uma religião superior, ou a qualquer outra coisa, desde que seja superior ao comum dos mortais.
Na verdade, quanto menos boa autoestima alguém tiver, mais fácil é de convencer, ou seja: pessoas sem referências, sem rumo, convencidas de que não valem um chavo, de que ninguém se importa com elas, nem sequer os pais. E quanto mais cobardes forem, melhor! Porque apenas cobardes são capazes de maltratar ou torturar pessoas mais fracas, ou de disparar contra pessoas indefesas.
É certo que os países islâmicos estão cheios de pobres sem perspetivas e de famílias disfuncionais. A maior parte das mães são mulheres frustradas, maltratadas e subjugadas desde pequeninas, forçadas a casar e a criar um rancho de filhos, sem liberdade, nem para sair à rua. A maior parte dos homens não passa de cobardes, cujo passatempo preferido é maltratar mulheres e crianças. Não pensemos, porém, que gente deste tipo só existe noutras latitudes, onde se praticam religiões diferentes. Há muita disfuncionalidade por trás da fachada das famílias tradicionais cristãs. No tempo da nossa ditadura, por exemplo, não consta que Salazar tivesse dificuldade em arranjar gente disposta a perseguir e a torturar (por vezes, até à morte) os seus próprios compatriotas! Tudo depende da instrumentalização, da manipulação. E os mais fracos e cobardes são os primeiros a cair na esparrela.
16 de novembro de 2015
15 de novembro de 2015
Cidades Medievais Portuguesas (2)
Tomar, a templária, a única! Viva Tomar!
O bispo de Lisboa, porém, insistia em que Santarém pertencia à sua diocese e, não obstante a amizade que o ligava a Gualdim Pais, Afonso respeitava muito o prelado inglês, representante dos cruzados.
De carácter contemporizador, Gualdim Pais acabou por aceitar a proposta do soberano: desistir de Santarém e fazer de Tomar a nova sede dos Templários. Estando a antiga fortaleza romana em ruínas, porque não construir ali um castelo de raiz, digno da Ordem do Templo?
Naquele Verão de 1159, sobre o cerro sobranceiro ao rio
Nabão, Afonso Henriques e Gualdim Pais planearam uma construção inédita em
Portugal. O Mestre dos Templários tomara conhecimento de novas técnicas,
durante a sua estadia na Terra Santa.
As muralhas, dizia ele, seriam reforçadas por um alambor: um espessamento da sua base, em forma de rampa. Além de dificultar, ou até impossibilitar, o escalar dos muros, o alambor mantinha à distância as máquinas de assalto e provocava o ressalto dos projéteis.
Afonso não duvidava que a inovação surtiria grande efeito.
Mas Gualdim ainda lhe descreveu outras. Os merlões, por exemplo, deveriam ser
mais largos do que o costume, enquanto as ameias se queriam estreitas. Além
disso, rasgar-se-iam seteiras nos merlões, a fim de facilitar o tiro com arco
ou besta.
Combinou-se iniciar a construção do castelo de Tomar na Primavera seguinte».
Excertos de Afonso Henriques - o Homem, romance de minha autoria.
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