Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
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19 de fevereiro de 2018

Refugiados e Terrorismo


O facto de o mundo estar perigoso não pode ser pretexto para deixarmos de ajudar quem precisa.

O risco é grande?
É. Eu vivo num país que recebeu, nos últimos dois anos, milhão e meio de refugiados.

Há criminosos no meio deles?
Há. Mas a esmagadora maioria é gente (muitas famílias com crianças pequenas) que precisa de ajuda.

Já houve atentados?
Já.

Eu tenho medo?
Não. Somos cristãos e devemos mostrar que somos diferentes, mesmo que os outros, nos países deles, nos maltratem. Foi assim que Cristo nos ensinou!


28 de dezembro de 2017

Retrocesso Civilizacional em Democracia


Agora, que o Natal já passou e nos preparamos para iniciar um novo ano, uma época que poderá servir de reflexão, publico um resumo da minha palestra do passado dia 2 de Outubro, no Rotary Clube da Feira, a convite da sua Presidente Carla Pinto:




Considera-se que, quanto mais evoluímos, mais solidariedade e companheirismo desenvolvemos e melhor sabemos viver em comunidade. Infelizmente, nem sempre se verifica tal e um dos nossos grandes males, a meu ver, é a memória curta.
Verifica-se um crescimento de partidos radicais e xenófobos, ou seja, um retrocesso civilizacional que muitos de nós não julgavam possível. Estamos perante um fenómeno estranho na nossa democracia: há como que um desejo de regresso a regimes autoritários. E, o que é realmente perigoso, a palavra ditadura parece ter perdido muito do seu verdadeiro significado.
«É o medo que nos torna agressivos», escreve a minha personagem Helena, numa das suas cartas, no meu romance parcialmente epistolar Tu És A Única Pessoa. Muitos de nós parecem ter capitulado a um medo ancestral, nomeadamente, o medo do desconhecido. Não nego que vivemos tempos complicados, em que o terrorismo é uma ameaça a ser encarada com toda a seriedade. Impõe-se, porém, discernimento, que ajude a separar o trigo do joio e não nos leve a ver um terrorista em qualquer refugiado que procure a nossa solidariedade (muitas vezes, até nos esquecemos que muitos desses refugiados são cristãos).
O medo procura soluções radicais, como a instauração de uma autoridade suprema, que proteja a vida daquelas que são consideradas “pessoas de bem”. Confesso ter dificuldades com a expressão “pessoas de bem”, altamente subjetiva e que, afinal, nada diz. Muitos de nós parecem dispostos a prescindir de liberdade, em nome de uma segurança, que aliás é sempre ilusória, pois não existe a segurança absoluta. E, numa ditadura, a segurança de alguns paga-se com a insegurança de outros, cujo único “crime” é discordar do sistema vigente.
Assusta-me que o comodismo em que vivemos vá ao ponto de desejar uma ditadura, desejar que haja uma autoridade suprema que nos resolva os problemas, sem nos preocuparmos com que métodos. Considero gravíssima essa ilusão de vivermos em segurança, sem querermos saber dos métodos aplicados, a ilusão que possibilitou o regime nazi.
Nós portugueses também já tivemos uma experiência ditatorial. Penso que é imprescindível manter viva essa memória e ir à procura de testemunhos que não nos deixem esquecer as barbaridades que se cometeram em nome de uma pretensa segurança, em nome da proteção das famílias e das tais “pessoas de bem”.


20 de novembro de 2015

A Origem da Violência


«Numa situação concreta de conflito, saber se a violência é exercida em nome da religião, de uma ideologia ou por motivos étnicos é tão relevante como, por exemplo, saber se é o consumo de vodka, de whisky ou de gin o responsável pela tendência agressiva dos jovens».


Dr. Andreas Hasenclever, Professor de Estudos da Paz e Política Internacional no Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Tübingen, Alemanha


Muita gente se pergunta de onde vem tanta violência e como há pessoas capazes de espalhar o terror como os terroristas islâmicos. A religião não é a causa da violência, mas o pretexto. O ser humano é violento, uns mais, outros menos, há pessoas que, seja por traumas, seja por herança genética, são autênticos barris de pólvora, dispostos a rebentar a qualquer momento. Há quem se prejudique a si mesmo, ou seja, dirige a violência a si próprio. E há quem prejudique terceiros.

Verificando-se determinadas condições ou circunstâncias, praticamente não há limites. Muita gente que circula pelas ruas, todos os dias, em qualquer país do mundo, gente que conhecemos, que se calhar até são colegas de trabalho, ou membros da família, caso tivesse meios à sua disposição e quem lhe “legalizasse” os crimes, seria capaz das maiores barbaridades! Não acreditam? Peguemos, por exemplo, num indivíduo que exerça violência sobre a mulher e os filhos, tanto sob a forma de pancada, como a nível sexual (sim, daqueles que violam as filhas, desde tenra idade; acontece mais do que se pensa). Ele até pode ser um colega de trabalho simpático. Porém, se alguém lhe dissesse algo do género: «pega nesta arma, vai para a rua e mata uns quantos, que até ganhas uma recompensa (sejam as virgens no Paraíso, seja dinheiro, seja reconhecimento, seja poder)», ele dificilmente hesitava!



A estratégia de regimes com o do “Estado Islâmico” (já usada por Hitler e outros) é precisamente essa: aproveitar indivíduos violentos e/ou frustrados, dar-lhes meios e autoestima falsa e “legalizar-lhes” os crimes. Falo em autoestima falsa, porque, ao contrário do que se pensa, a verdadeira autoestima é a melhor coisa para evitar violências, invejas e rancores. Por seu lado, a autoestima falsa é aquela que se consegue, convencendo alguém de que pertence a uma raça superior, ou a uma religião superior, ou a qualquer outra coisa, desde que seja superior ao comum dos mortais.


Na verdade, quanto menos boa autoestima alguém tiver, mais fácil é de convencer, ou seja: pessoas sem referências, sem rumo, convencidas de que não valem um chavo, de que ninguém se importa com elas, nem sequer os pais. E quanto mais cobardes forem, melhor! Porque apenas cobardes são capazes de maltratar ou torturar pessoas mais fracas, ou de disparar contra pessoas indefesas.

É certo que os países islâmicos estão cheios de pobres sem perspetivas e de famílias disfuncionais. A maior parte das mães são mulheres frustradas, maltratadas e subjugadas desde pequeninas, forçadas a casar e a criar um rancho de filhos, sem liberdade, nem para sair à rua. A maior parte dos homens não passa de cobardes, cujo passatempo preferido é maltratar mulheres e crianças. Não pensemos, porém, que gente deste tipo só existe noutras latitudes, onde se praticam religiões diferentes. Há muita disfuncionalidade por trás da fachada das famílias tradicionais cristãs. No tempo da nossa ditadura, por exemplo, não consta que Salazar tivesse dificuldade em arranjar gente disposta a perseguir e a torturar (por vezes, até à morte) os seus próprios compatriotas! Tudo depende da instrumentalização, da manipulação. E os mais fracos e cobardes são os primeiros a cair na esparrela.

 

17 de fevereiro de 2015

Quem é o mais medroso?

Imagem Daqui

O Carnaval alemão (sim, aqui também há Carnaval) destaca-se, não pelas suas sambistas, que não as há (coitaditas, não teriam a mínima hipótese, no meio da neve e de temperaturas negativas ou a rondar os zero graus), mas pelas piadas socio-políticas, muitas vezes, verdadeiramente satíricas. As línguas afiadas fazem-se notar, não só nos desfiles de carros alegóricos, mas também em festejos e eventos dentro de portas, em que humoristas têm a oportunidade de mostrar o que valem, perante assistências, por vezes, de alto nível, quando delas faz parte a nata política da nação, que aliás aceita as críticas com excelente desportivismo.

Este ano, como não podia deixar de ser, os humoristas dividiram-se entre aqueles que cederam ao terrorismo islâmico, argumentando que há um limite para a liberdade de imprensa, e aqueles que não se deixam intimidar.

A propósito disto, achei este cartoon muito significativo. Os desfiles do Carnaval de Colónia, os mais famosos, pautam-se, este ano, pelo cuidado. E, na pequena cidade de Braunschweig, houve um contratempo, no fim-de-semana, quando o desfile foi cancelado, à última da hora, por uma ameaça terrorista, que provou ser falsa.

No cartoon, alusivo ao Carnaval de Colónia, retrata-se uma disputa entre os medrosos. Vê-se alguém que segura o dístico Je suis vorsichtig - a palavra vorsichtig significa cuidadoso, ou cauteloso -, enquanto alguém reclama o título de mais medroso, afirmando: nós somos os mais cagarolas! Os de Braunschweig só cancelaram o seu cortejo para que soubéssemos da existência do dito.