Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

5 de janeiro de 2018

Se vires um pobre à beira de um rio...



Pais que se prezam tudo fazem para proporcionar aos filhos uma vida melhor do que a que eles tiveram. Mas incorrem facilmente no erro de os super-protegerem. Apesar de não ter filhos, calculo que não será fácil encontrar um equilíbrio entre o desejo de os ver felizes e despreocupados e a obrigação de os preparar para a vida. Penso, no entanto, que, se os pais tiverem consciência de que não podem evitar que os filhos sofram desilusões ou falhanços e enfrentem desafios, apenas essa consciência já poderá ajudar. O importante é que eles, os pais, não os deixem sozinhos, nessas dificuldades, o importante é que estejam lá, quando os filhos perdem o ânimo. Porque a verdadeira ajuda não é evitar que sofram desilusões e, sim, compreendê-los nos seus desgostos e infelicidades, dar-lhes os meios de saberem lidar com as agruras da vida (porque ela traz sempre agruras).

Observo, no entanto, que muitos pais fazem tudo pelos filhos por uma questão de comodismo. É muito mais fácil dar um peixe a um pobre do que ensiná-lo a pescar, já que ensinar implica oferecer tempo, ter paciência para lhe explicar o processo, ficar a seu lado durante essa aprendizagem, apoiá-lo, aturar-lhe as primeiras tentativas desajeitadas, consolá-lo nos falhanços (e este consolo não passa por pescar por ele), às vezes, fingir o resultado (ou melhor, pescar, sim, mas sem ele dar conta) para que ele não perca a motivação, etc. Sim, é bem mais fácil, rápido e cómodo dar-lhe um peixe! Mas esse “pobre” estará novamente cheio de fome no dia seguinte, na margem do rio cheio de peixes.

Nos nossos dias, porém, há pouco peixe, o que põe os jovens numa situação absurda: gordinhos, bem tratados, com telemóveis e carros, mas, quando se vêem na necessidade de pescar, gritam e protestam: “Não sabemos e nem vale a pena aprendermos, porque não há peixes”.

Penso que a melhor solução não é acusá-los de que berram de barriga cheia. Será melhor tentar explicar-lhes que vale a pena aprender, pois os peixes, apesar de poucos, estão lá. Têm é que se dar ao trabalho de os procurar, o que não será fácil, pois estão habituados a sacar da cesta dos paizinhos. Mas lembremos sempre que a responsabilidade não é só deles!

P.S. A solução também não passa por pô-los a pescar, sem lhes ter ensinado antes.



2 comentários:

  1. Querida Cristinamiga

    Subscrevo o teu artigo

    Qjs do teu amigo

    Henrique, o Leãozão


    Tenho de te explicar a razão da longa ausência das lides bloguistas: uma recaída da bipolar durante dez meses e começada em Goa...; tenho um irmão com um cancro em fase terminal: eu próprio baixei ao Hospital de Santa Maria durante dez dias com uma pneumonia agravada. Arreporra que é demais!

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  2. É demais, sim.
    Desejo-lhe as melhoras e muita força para aguentar com as adversidades da vida!
    Um abraço.

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