Disse ele que o «deputado do PAN aterroriza mais do que
um touro» e, pelos vistos, acha revoltante que um único deputado faça a
diferença no Parlamento. Sinceramente, não entendo onde está aqui o problema.
Houvesse mais deputados a fazerem a diferença! A maior parte está lá a fazer
sala, seria bom que houvesse muitos mais a lutar apaixonada e empenhadamente pelas suas
causas, sejam elas quais forem! E o homem afinal aterroriza quem? Criancinhas? Políticos? Comentadores televisivos? Se o
Miguel Sousa Tavares tem medo dele, talvez fosse bom questionar-se porquê.
Diz ainda o conhecido comentador que não compreende
que uma maioria imponha algo a uma minoria por uma questão de gosto. Em
primeiro lugar, fico satisfeita por ele reconhecer que a maioria é contra as
touradas. Não se trata, porém, de uma questão de gosto, uma redução que os aficionados
gostam de praticar, a fim de menorizar o problema. Os opositores às touradas
lutam contra um espetáculo de tortura de animais. Não é uma questão de gosto, é
uma questão de ética. Eu até posso aceitar que se matem animais para a nossa
alimentação, mas não aceito que sejam mal tratados, muito menos, que sejam
torturados para gáudio de uma multidão ávida de ver correr o sangue. É a ética
que está em causa, não um gosto pessoal.
Miguel Sousa Tavares ironizou com o facto de as
touradas serem transmitidas a horas tardias. Não é por impressionar as
crianças, diz ele, é com medo de que as crianças se encantem com tão lindo espetáculo
equestre! E então não é possível assistir a uma exibição desse tipo, sem aturar
sadismo? Na Alemanha, as crianças e os jovens adoram espetáculos equestres, principalmente,
as meninas. Na província alemã, há inúmeras quintas onde se pode aprender a
montar e que são frequentadas por uma multidão de raparigas, desde os cinco ou seis
anos, miúdas que adoram cavalos e póneis. O CHIO
em Aachen (Aix-la-Chapelle, em francês) é um show equestre anual
esperado com muita ansiedade, um acontecimento que atrai não apenas famílias alemãs,
também muitas estrangeiras, e onde se pode assistir a magníficas exibições, sem o espetáculo degradante da tortura.
Termino com a afirmação mais absurda que ouvi nos
últimos tempos: é assim (proibindo as touradas) que nascem os Bolsonaros! Isto
é típico de populistas, é uma afirmação bombástica, bem característica de quem não
tem argumentos. Trump e o próprio Bolsonaro ficariam orgulhosos de Miguel Sousa
Tavares. O que mais me entristece é que esta afirmação nem é dele, mas de uma
outra pessoa, que muito admiro: Manuel Alegre! E o mais irónico, no meio disto
tudo, é que a maior parte dos aficionados e toureiros portugueses são realmente
grandes admiradores de Trump e Bolsonaro!
Pois é, os Bolsonaros estão do outro lado, meus senhores, do vosso! É no que dá adotarem discursos indignos de vós! Defendam as vossas causas, mas defendam-nas com decência, com
inteligência, com argumentos, com pés e cabeça!
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