AS VILAS A LESTE DO GUADIANA
A 11 de março de 1281, o rei D. Afonso X de Leão e Castela concedeu terras e igrejas aos Hospitalários, a título de escambo, para os compensar da perda de Moura, Serpa, Noudar e Mourão. O monarca castelhano pretendia doar estes lugares e vilas à filha D. Beatriz, rainha-viúva de Portugal. D. Beatriz tinha-se refugiado na corte castelhana, depois de enviuvar, por desentendimentos com o filho D. Dinis.
Imagem de D Dinis, publicada na História Universal da Literatura Portuguesa (2006)
Depois de aguardar uns momentos, Dinis inquiriu:
- As vilas de Moura, Serpa, Noudar e Mourão continuam em vosso poder, não é verdade?
- Sim, com todos os seus termos, castelos, rendas e direitos. Foi essa a recompensa de vosso avô, por eu lhe haver prestado assistência.
- Presumo então nada terdes contra o facto de integrá-las no reino de Portugal.
Beatriz fixou-o pensativa e, assim pareceu a Dinis, um pouco acusadora. Na verdade, o rei receava que ela dissesse ele não merecer tal, por ter abandonado o avô. Mas ela acabou por retorquir:
- Longe de mim contrariar vosso pai nessa questão.
- Meu pai?!
- Fosse ele vivo, não tenho a menor dúvida de qual seria a sua vontade.
Para Dinis, aquela era uma vitória de sabor amargo. Sua mãe concordava em alargar a fronteira portuguesa para leste do Guadiana, mas, pelos vistos, não porque ele merecesse, ou por ela lhe querer dar esse gosto.*
Foi graças a esta herança de sua mãe, que D. Dinis pôde alargar a fronteira portuguesa para leste do Guadiana, alargamento confirmado no Tratado de Alcañices, a 12 de Setembro de 1297.
*Excerto do meu romance "Dom Dinis - a quem chamaram O Lavrador"
Sem comentários:
Enviar um comentário