Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
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17 de março de 2018

Voar Sem Asas

© Horst Neumann


Faço parte de um grupo de pessoas que, de vez em quando, se organiza no projeto Acrescenta Um Ponto Ao Conto. Cada um de nós escreve um capítulo de uma história. Quem escreve o primeiro, dá o título e a ideia, que vai sendo desenvolvida pelos outros.

Não é fácil escrever uma história a várias mãos, pegar num capítulo que não foi escrito por nós, sem saber das intenções do seu autor, e dar-lhe continuação. Também nem sempre o enredo segue uma linha, digamos, pacífica, ou contínua, mas é um interessante exercício de imaginação, sempre útil a quem escreve.

Voar Sem Asas é o título da nova história (a terceira em que participo) e calhou-me em sorte o Capítulo V. Foi publicado ontem e podem lê-lo, clicando no nome do projeto, lá em cima. O link leva-vos ao blogue, onde as histórias são publicadas.


20 de outubro de 2016

Boas surpresas


Montalvo e as Ciências do Nosso Tempo foi um dos primeiros blogues que conheci, quando entrei nestas lides, já lá vão mais de seis anos. Não faço ideia de quem seja o autor, que se dá a conhecer apenas pelas iniciais JDACT. Não apresenta qualquer contacto, nem permite comentários aos seus posts.

O blogue é muito interessante, porque se resume à transcrição de excertos de livros. Nota-se uma certa tendência para assuntos históricos, mas também são divulgados outro tipo de livros, ficção e não-ficção.
Descobri agora que JDACT tem vindo, nas últimas semanas, a publicar excertos dos meus livros A Cruz de Esmeraldas e Afonso Henriques - o Homem. Seja quem for, agradeço-lhe muito e deixo aqui o link, para quem estiver interessado.


Só um pequeno aviso: a transcrição do discurso direto é feita sem parágrafos nem travessões, ao contrário do que acontece nestes meus livros, em que esse tipo de discurso surge de maneira tradicional.


28 de março de 2016

Aviso-Comunicação

Caros colegas bloggers:

Há algum tempo que não consigo abrir os mails que contêm respostas aos meus comentários nos blogues do sapo.pt. Não faço ideia qual será o problema, mas, em muitos casos, respostas dessas ficam por ler, com bastante pena minha. Quando vejo um mail desses, costumo ir ao blogue onde comentei, mas nem sempre me lembro em qual post o fiz e a procura torna-se exaustiva. Dá-se então o caso de eu interromper a discussão e/ou não responder a perguntas que me façam, pelo que peço desculpa, embora os motivos sejam alheios à minha vontade.


5 de janeiro de 2015

Então, Bem-Vindo, 2015!

Ilustro este post com o maravilhoso desenho que João Pinto-Coelho fez de alguns dos mais regulares comentadores do Horas Extraordinárias. Adivinhem lá quem sou eu ;-)



Com muita pena minha, tenho andado arredada da blogosfera e a situação só se começará a regularizar na próxima semana. Isto para explicar a minha ausência de certos blogues que gosto muito de visitar e comentar. Regressarei, prometo!

Para já, uma boa notícia: estarei, no próximo dia 7, na MTorga Biblioteca, na Escola Secundária Miguel Torga, em Bragança, para falar dos meus livros e, espero eu, despertar ou reforçar (conforme os casos) o interesse dos alunos pela História de Portugal. Depois, aqui estarei para contar como foi e mostrar as fotografias.

Para mim, o ano não poderia começar de melhor maneira.
Espero que tenham entrado igualmente com o pé direito!
Um excelente 2015 para todos!


25 de outubro de 2012

O Pior Livro

Hoje estou também no nlivros, do Iceman, na rubrica "O Pior Livro".

Escolher o pior livro que se leu é tão, ou mais, difícil como escolher o melhor. Normalmente, mesmo os livros de que não gostamos, contêm aspetos interessantes. Mas, enfim, puxando pela cabeça, sempre se encontra alguma coisa ;-)


18 de novembro de 2011

17 de novembro de 2011

Político super-herói

O desafio do blogue da revista Os Meus Livros, escrever sobre um político português que tem uma identidade secreta e é um super-herói, inspirou-me um texto. Resolvi participar no passatempo e acabei por ganhar um livro! Obrigada OML!

Podem ler o texto no link indicado, mas também me apetece publicá-lo aqui:

“O meu nome é Sócrates, José Sócrates”.
Toda a gente sabe que fui primeiro-ministro. Mas o que ninguém sabe é que, ao mesmo tempo, fui também…
Que disse? Um filósofo? Não (risos). Fui também um agente secreto. É verdade! Ao serviço de Sua Majestade.
Como? Portugal não é uma monarquia? E quem disse que eu trabalhava para Portugal? No interesse de Portugal?
Para quem é que eu trabalhava? Que Majestade servia? Não sei. Nem me interessa. Um agente secreto que se preze, com ordem para matar, trabalha sempre ao serviço de Sua Majestade. Ponto final.
Quem é que eu matava? Quem calhava. O que interessava era fazer boa figura e dar sempre a impressão de que cumpria as minhas tarefas com uma perna às costas. Sempre bem vestido, sempre aprumado…
Se era difícil? Não. Quando se tornava difícil, eu punha um daqueles sorrisos que não comprometem ninguém, mas que caem sempre no goto de quem nos olha, e repetia: “O meu nome é Sócrates, José Sócrates” (risos).
Nem imaginam o que me divertia! Que saudades eu tenho desse tempo! Dinheiro, aventura, emoção, alta sociedade, cocktails, mulheres…
Se eu era actor num filme? Não, era a vida real… Penso eu… Olhem, se querem mesmo saber, já nem sei bem. E, de repente, tudo acabou! É verdade.
Porquê? Também não sei bem. Mas, por algum motivo, deixei de ter piada. E fiquei muito triste.
Agora? Bem… Essa do filósofo não é má ideia. Alguém me disse que Sócrates era nome de filósofo… Acho que vou para França, disseram-me que dá muito prestígio. Depois, regresso com nova imagem, peço um vodka martini batido, não mexido, digo “O meu nome é Sócrates, José Sócrates”, e caiem-me novamente todos aos pés!
Não acreditam? Esperem, para ver!

13 de outubro de 2011

"O Livro", aquele que para mim é único

Assim se chama uma das rubricas do ...viajar pela leitura... A sua autora, a Paula, teve a gentileza de me convidar a dissertar sobre o tema. Não foi fácil, nunca é fácil, escolher um único livro. Decidi escrever sobre o livro que me mostrou onde podia eu descarregar toda esta imaginação que me tem acompanhado durante quase toda a vida. Por incrível que pareça, durante muito tempo, eu não sabia o que fazer com ela.

Quem estiver interessado, aqui.

23 de junho de 2011

Comentários à Entrevista

Nos comentários à minha entrevista, no Destante, ficou mais uma vez provado que o romance histórico é, injustamente, pouco explorado em Portugal. Como antónio ganhão - o implume vem dizendo, aqui no Andanças (e reiterou no Destante) na nossa História ainda impera a visão transmitida pelo Estado Novo. Manuel Cardoso aproveita a tirada e lembra que os nossos reis eram pessoas como nós. Não há seres humanos diferentes só por terem uma coroa na cabeça ou por constarem dos livros mais ou menos catequéticos que se escreveram nesse período tão negro da nossa história.

O facto de haver poucos autores a dedicarem-se a este tipo de literatura tem, como consequências, que os leitores portugueses se dediquem aos romances históricos estrangeiros e que sejam autores igualmente estrangeiros a escrever sobre a História de Portugal.




Comentário de Ana C. Nunes: Estranhamente tenho a ideia de que há muita gente em Portugal que gosta de ler romances históricos, mas talvez não sejam romances históricos sobre a história portuguesa.

Comentário de Luís Miguel: Acho que fazem falta mais autores portugueses a escrever romances históricos, principalmente sobre a nossa História, de que não nos podemos deixar de orgulhar. Pessoalmente, é o meu género favorito e fico orgulhoso quando leio livros de autores estrangeiros que mencionam factos sobre a nossa História.

O Manuel Cardoso, que conduziu a entrevista, lembra ainda, numa das perguntas, que foi com um romance histórico que se projectou o nosso Prémio Nobel, José Saramago.



 

Há várias maneiras de escrever e abordar o romance histórico: com mais ou menos ficção; dando mais relevo a certos factos do que a outros; partindo dos factos históricos para desenvolver um mistério, ou mesmo, uma fantasia; dando mais relevo à parte humana, em detrimento dos acontecimentos, etc. A literatura anda muitas vezes ligada ao cinema e eu posso dizer que me apaixonei pela narrativa histórica com o filme Amadeus. Foi, na altura, aliás, muito criticado, por Milos Forman dar uma versão da vida de Mozart que nada teria a ver com a realidade. Que interessa isso? Trata-se de uma ficção, o filme é soberbo e eu, além de ficar fascinada com aquele tipo de enredo, fiquei fã da música de Mozart, que, até aí, mal conhecia.

 

Além disso, não precisamos de nos cingir às personagens e aos heróis conhecidos. Como fez Saramago, podemos focar a vida de pessoas "comuns", num determinado contexto histórico. Estou a preparar a escrita de um romance que transmita o impacto que acontecimentos como a Batalha de Ourique e o Cerco de Lisboa causaram no reino que se estava a formar. Principalmente este último acontecimento terá provocado uma verdadeira revolução no Portugal jovem, quando circulou a notícia de que cruzados estrangeiros vinham ajudar D. Afonso Henriques a conquistar Lisboa. Milhares de pessoas deslocaram-se, a partir do que hoje é o Norte do país, em direcção àquela que viria a ser a nossa capital. Não só guerreiros se aventuraram, outros homens, juntos com mulheres e crianças, não esquecendo os prelados, partiram em busca de melhores perspectivas. No século XII, abundavam aqueles que nada tinham a perder em deixar a terra que os vira nascer, na esperança de alcançarem riquezas. Muitos viajaram de barco, junto com os cruzados, a partir do Porto, mas outros terão ido a pé, pela antiga estrada romana, que, de Braga, passava no Porto, Coimbra e Santarém, até Lisboa. É minha intenção apresentar esses acontecimentos sob a perspectiva de quem os viveu de perto, de quem sentiu essa esperança de uma mudança de vida.

 

 

O Cerco de Lisboa, por Roque Gameiro

 

Há várias maneiras de abordar e escrever um romance histórico. O problema é que, enquanto os autores forem poucos, as alternativas escasseiam...


27 de abril de 2011

Couscous com Cogumelos e Pimentos




Venho, enfim, falar mais pormenorizadamente da minha participação no blogue Comer Animais. Este blogue tem como inspiração o livro homónimo de Jonathan Safran Foer, que conseguiu convencer muitos americanos (até americanos!) dos malefícios do consumo desenfreado de carne, não só para a própria saúde, como para a do planeta. A produção de carne “em série”, além de não proporcionar aos animais uma vida com a dignidade que eles merecem (todos os seres vivos merecem dignidade, pela simples razão de existirem), é muito nociva para o meio ambiente.

Comer Animais pretende sensibilizar-nos para consumirmos menos carne e, se possível, fazermos um dia vegetariano por semana. Cá em casa, seguimos uma política parecida há alguns anos. O consumo de carne é reduzido ao mínimo. Já há muito que a banimos do pequeno-almoço, nada de fiambres, presuntos ou mortadelas; nas nossas refeições a dois, tento não gastar mais de 350 g de carne e fazemos, pelo menos, dois dias por semana livres dela. Confesso que, neste caso, recorremos muito ao peixe, que está também ameaçado e, hoje em dia, quando se fala de hábitos vegetarianos, isso inclui o dispensar de peixe.

E é verdade que se podem fazer pratos deliciosos sem carne, nem peixe. Há tempos, vi, no Comer Animais, uma receita de Couscous e pensei que a podia fazer mais ao meu gosto. O resultado foi Couscous com Cogumelos e Pimentos. Nós, que somos grandes apreciadores de cogumelos, achámos uma delícia, principalmente, devido aos shiitake, que são carnudos, aromáticos e saborosos. Se estiverem interessados na confecção da receita, é só clicar no link.


13 de março de 2011

Herança islâmica

Republico o texto que escrevi para o Delito de Opinião, ao aceitar o amável convite do Pedro Correia, concretizado a 4 de Fevereiro passado, agora que, continuando a minha série sobre D. Afonso Henriques, vou entrar na fase em que o nosso primeiro rei inicia os seus combates contra os mouros.

D. Afonso Henriques e os Mouros


Desde que me dediquei à pesquisa histórica medieval, aprendi que devemos aos mouros esta maneira portuguesa de ser, que se costuma resumir na palavra "saudade". E, no entanto, desprezamos a nossa herança islâmica. Tenciono chamar a atenção para esse desprezo a que votamos uma parte importante do nosso passado. Porque quem insiste em esquecer o seu passado, ignora parte da própria identidade.

Embora, nos últimos anos, tenha havido um certo esforço por parte de alguns historiadores e arqueólogos, existem poucas obras profundas sobre o período islamita em terras portuguesas. Quem eram os líderes islâmicos que aqui dominaram durante quatro séculos? Quais os seus contributos para o desenvolvimento das regiões, da cultura, etc., etc.?

Sabe-se, por exemplo, que os mouros possuíam conhecimentos muito mais avançados do que os cristãos. Com as suas invenções, como a nora e outros sistemas de irrigação, que incluíam canais subterrâneos, fizeram florescer a agricultura em regiões inóspitas. Traduziram as obras dos filósofos e médicos gregos da Antiguidade para o árabe e, a partir daqui, para o latim, permitindo à Cristandade entrar em contacto com escritos esquecidos desde o desmoronar do Império Romano. Aliás, tomando o exemplo da Medicina, não se pode comparar o nível dos médicos islâmicos de então com os cristãos, razão pela qual aqueles eram procurados pelos próprios monarcas hispânicos. Que tentavam, ainda, imitar, a todo o custo, o luxo e a grandeza das cortes mouras.

O próprio D. Afonso Henriques teve uma relação de amizade com Ibn Qasî, um líder islâmico originário de Silves. O teor dessa amizade ainda hoje se encontra coberto pela penumbra, pois falta quem se interesse pelo assunto. Ibn Qasî era líder do movimento espiritual sufi, que tinha o seu centro em Mértola.



Muito mais haveria para dizer sobre o tema, mas, como este texto se resume a uma chamada de atenção, refiro um último aspecto: a influência moura em Portugal não acabou com a conquista do Algarve por D. Afonso III. Persistiram as mourarias, os bairros destinados aos mouros, nas cidades mais importantes do reino. Num lindíssimo livro (tanto a nível de texto, como de ilustrações) intitulado Em busca da Lisboa Árabe, publicado pelos CTT em 2007, Adalberto Alves fala-nos no drama vivido pelos últimos mouros em terras portuguesas, depois de D. Manuel I decretar, em 1496, a expulsão do reino de todos os que não se convertessem à fé católica.

Muitos conseguiram simular uma integração, mas ficaram sujeitos às mais variadas atribulações, no que constituiu um dos maiores dramas da História da Península do século XVI. Como nos diz Adalberto Alves, na obra referida: “transformados em marginais, rufiões e desclassificados, ébrios de fatalidade, frequentavam ainda Alfama e Mouraria vagueando como fantasmas gastos, sob a pálida memória dos seus antepassados”; “inventam um género musical e com ele cantam o seu fado”; “ao percorrermos certas alfurjas esquecidas de Lisboa antiga, parece sentirmos ainda como que os ecos longínquos desses fados esquecidos, onde o árabe se enroupava em português para exprimir o lamento dos humilhados do destino.”

No livro, é ainda reproduzida, na página 147, uma fotografia do autor na companhia de Amália Rodrigues, que, como Adalberto Alves nos diz, “estava intimamente convicta da parentela entre o fado e a música árabe, que muito apreciava”.

Para quando estudos sérios (livros, ensaios, programas de televisão) sobre este e outros aspectos da cultura moura em Portugal?

Quando deixaremos nós de desprezar a nossa herança islâmica?