Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

10 de abril de 2011

O Templário d'el-Rei



O ponto forte deste romance, do historiador António Balcão Vicente, é a caracterização da Idade Média, mais precisamente, o final do século XIII. O autor é conhecedor dos ritos e da filosofia dos Templários, dá-nos uma excelente descrição de um séquito real e dos festejos do Espírito Santo e refere a vida eremítica, tão apreciada naquele tempo, além de nos pôr a par de diversos usos e costumes, como as ervas usadas nas diversas doenças.

A competência de António Balcão Vicente é indiscutível, mas confesso que esperava mais de um romance. A ideia inicial é excelente: uma mulher morre ao dar à luz uma menina, clandestinamente, pois o pai é um cavaleiro Templário aragonês, obrigado ao voto da castidade. A recém-nascida é posta aos cuidados, primeiro, de um casal sem filhos e, com apenas um ano, entregue a um convento. O leitor fica na expectativa: que futuro para essa menina? Com que conflitos se debaterá? Saberá, algum dia, quem são os seus pais? O enredo, porém, centra-se nas reflexões do Templário e nas conversas que ele tem com o seu escudeiro, a par das descrições das suas viagens e das outras já mencionadas. O leitor torna a ganhar uma certa esperança, quando a menina, alguns anos mais tarde, trava amizade com Isabel de Aragão, também criança, essa mesma, que há-de casar com D. Dinis. Mas também essa amizade só nos é referida, não desenvolvida.

Pouco depois do nascimento da filha, o Templário entra ao serviço de Pedro II de Aragão e acaba por vir para Portugal, no séquito de D. Isabel. Também a sua filha faz parte dele, um segredo que o cavaleiro guarda no seu peito. Nem a própria, nem ninguém, o vem a saber. Não há acontecimentos inesperados, declarações explosivas, escândalos, ou tragédias, ou seja, tudo aquilo que faz um romance interessante.

Não é, por isso, leitura de entretenimento, o ritmo é lento, por vezes, mesmo exaustivo. Adequado para quem se interesse muito pela época medieval, os Templários, a vida eremítica e a temática do Espírito Santo.

1 comentário:

Daniel Santos disse...

gostei da critica literária.